quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
sexta-feira, 30 de novembro de 2012
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
O ESTADO - HEGEL
O
ESTADO - HEGEL
O
Estado como realização da Ideia
Assim, o
terceiro ponto se refere ao fim a ser atingido por esses meios, ou seja, à
forma que ele atinge no domínio do real. Falamos de meios; acontece que a
execução de um objetivo limitado e subjetivo também exige um elemento material,
já presente, ou a ser obtido para servir a essa realização. Com isso, surge a
pergunta: qual é a matéria em que será realizado o objetivo final da Razão?
Antes de mais nada, ela é o próprio agente subjetivo, os desejos humanos, a
subjetividade em geral. No conhecimento e na vontade do ser humano, como base material,
o racional passa a existir. Já examinamos a vontade subjetiva com sua
finalidade, que é a veracidade da existência real, até onde ela é movida por
uma grande paixão histórica mundial. Como vontade subjetiva em paixões
limitadas, ela é dependente, pode satisfazer seus desejos particulares apenas
dentro de sua dependência. Mas a vontade subjetiva também tem uma vida
material, uma realidade onde se movimenta pela região do ser essencial e em que
tem a própria essência como objetivo de sua existência. Este ser essencial é a
união da vontade subjetiva com a vontade racional, é o conjunto moral, o
Estado. É aquela forma de realidade em que o indivíduo tem e goza de sua
liberdade, mas na condição de conhecer, acreditar e desejar o universo. Não se
deve entender isso como se a vontade subjetiva do indivíduo obtivesse satisfação
e prazer através da vontade comum e esta fosse um meio para isso – como se o
indivíduo limitasse sua liberdade entre os outros indivíduos, de maneira a que
essa limitação comum, a repressão comum a todos, pudesse garantir uma liberdade
pequena para todos. (Isto seria apenas uma liberdade negativa.) Em vez disso,
afirmamos que a lei, a moral, o Estado – e só eles – são a satisfação e a
realidade positiva da liberdade. Uma liberdade pequena e limitada é um simples
capricho, que é exercitado na esfera restrita dos desejos particulares e
limitados.
A vontade
subjetiva, paixão, é a força que realiza, que torna real. A Idéia é a energia
interior da ação, o Estado é a vida que existe externamente, autenticamente
moral. Ela é a união da vontade universal e essencial com a vontade subjetiva
e, como tal, ela é Moral. O indivíduo que vive nessa união tem uma vida
moral, ele possui um valor que consiste apenas nesta existência real." A Antígona
de Sófocles diz: "As ordens divinas não são de ontem, nem de hoje; não,
elas têm uma existência infinita e ninguém poderia dizer de onde elas vieram
." 14 As leis da ética não são acidentais, mas são a própria
racionalidade. A finalidade do Estado é fazer prevalecer o material e se fazer
reconhecer nos feitos reais dos homens e nas suas convicções. É de interesse absoluto
da Razão que este todo moral exista; é nisto que está a justificação e o mérito
de heróis que fundaram Estados – não importa quão primitivos fossem. [O que
conta em um Estado é a ação realizada de acordo com uma vontade comum e
adotando os objetivos universais. Mesmo em um Estado primitivo existe a
sujeição de uma vontade sob a outra, mas isto não significa que o indivíduo não
tenha uma vontade própria, e sim, que a sua vontade particular não vale.
Caprichos e ânsias não têm valor. A particularidade da vontade é já haver sido
repudiada em formações políticas primitivas como essas. O que conta é a vontade
coletiva. Sendo suprimido dessa maneira, o indivíduo irá se afastar,
voltando-se para dentro de si mesmo. Esta é a condição necessária para a
existência do universo, a condição do conhecimento e do pensamento – pois é o pensamento
que o homem tem em comum com o divino." Assim ele surge no Estado; apenas
em cima deste solo, ou seja, no Estado, podem existir a arte e a religião. Os
objetos de nossas reflexões são os povos que se organizaram racionalmente.) Na história
do mundo, apenas estes povos que formam Estados podem chamar a nossa atenção. [Não
se deve imaginar que esse tipo de organização poderia surgir em uma ilha deserta
ou no isolamento. Embora seja verdade que todos os homens se tenham formado na
solidão, eles só o fizeram através da assimilação daquilo que o Estado já havia
criado. O universal não deve ser apenas algo que o indivíduo projeta, mas algo
que já existe. Como tal, ele está presente no Estado, é isto que vale nele.
Aqui, a interioridade é ao mesmo tempo realidade. É uma realidade com vários
aspectos exteriores, mas compreendida aqui na universalidade.
A Idéia
universal se manifesta no Estado. A palavra "manifestação" tem aqui
um significado diferente do habitual. Em geral fazemos a distinção entre poder
(potencialidade) e manifestação, como se a primeira fosse a essência e a
última, não essencial, ou exterior. Até agora não há nenhuma determinação real na
própria categoria de poder, ao passo que onde está o Espírito ou o conceito
real a própria manifestação é o elemento essencial. O critério do Espírito é
sua ação, a sua essência ativa. O homem é sua própria ação, a seqüência de suas
ações, aquilo em que ele mesmo está se fazendo. Assim, o Espírito é essencialmente
Energia e, em relação ao Espírito, não se pode deixar de parte sua
manifestação. A manifestação do Espírito é sua autodeterminação real, este é o
elemento de sua natureza concreta. O Espírito que não se determina é uma
abstração da inteligência. A manifestação do Espírito é sua autodeterminação e
é esta manifestação que temos de investigar na forma de Estados e indivíduos.
terça-feira, 13 de novembro de 2012
“A condição humana” em Hannah Arendt
Ao começar
sua obra, “A condição humana”, Hannah Arendt alerta: condição humana não é a
mesma coisa que natureza humana. A condição humana diz respeito às formas de
vida que o homem impõe a si mesmo para sobreviver. São condições que tendem a
suprir a existência do homem. As condições variam de acordo com o lugar e o
momento histórico do qual o homem é parte. Nesse sentido todos os homens são
condicionados, até mesmo aqueles que condicionam o comportamento de outros tornam-se
condicionados pelo próprio movimento de condicionar. Sendo assim, somos
condicionados por duas maneiras: Pelos nossos
próprios atos, aquilo que pensamos, nossos sentimentos, em suma os aspectos
internos do condicionamento. Pelo contexto
histórico que vivemos, a cultura, os amigos, a família; são os elementos
externos do condicionamento.
Hannah Arendt
organiza, sistematiza, a condição humana em três aspectos: Labor,Trabalho,Ação.
O “labor” é
processo biológico necessário para a sobrevivência do indivíduo e da espécie
humana. O “trabalho” é atividade de transformar coisas naturais em coisas artificiais,
por exemplo, retiramos madeira da árvore para construir casas, camas, armários,
objetos em geral. É pertinente dizer, - ainda que sedo-, para a autora, o trabalho
não é intrínseco, constitutivo, da espécie humana, em outras palavras, o
trabalho não é a essência do homem. O trabalho é uma atividade que o homem
impôs à sua própria espécie, ou seja, é o resultado de um processo
cultural. O trabalho não é ontológico como imaginado por Marx. Por último a
“ação”. A ação é a necessidade do homem em viver entre seus semelhantes,
sua natureza é eminentemente social. O homem quando nasce precisa de cuidados,
precisa aprender e apreender, para sobreviver. Qualquer criança recém nascida
abandonada no mato morrerá em questão de horas. Por isso dizemos que assim como
outros animais o homem é um animal doméstico, porque precisa aprender e
apreender para sobreviver. A mesma coisa não acontece com aqueles animais que
ao nascer já conseguem sobreviver por conta própria, sem ajuda. A qualidade da
ação supõe seu caráter social ou como escreve Hannah, sua pluralidade.
Tanto ação,
labor e trabalho estão relacionados com o conceito de “Vita Ativa”. Para os
antigos, a “Vita Ativa” é ocupação, inquietude, desassossego. O homem, no
sentido dado pelos gregos antigos, só é capaz de tornar-se homem quando se
distancia da “vida ativa” e se aproxima da vida reflexiva, contemplativa. É
justamente nessa visão de mundo grega que os escravos não são considerados
homens. O escravo ao ocupar a maior parte de seu tempo em tarefas
que visam somente à sobrevivência de si e de outros, é destituído do conceito
grego de homem, mas por outro lado ele não deixa de ser humano. Portanto,
dentro dessa lógica só é homem aquele que tem tempo para pensar, refletir, contemplar.
Nietzsche afirma em seu “Humano, desmasiado humano” que, aquele que não
reserva, pelo menos, ¾ do dia para si é um escravo. A base disso encontramos
em Sócrates: se é apenas para comer, dormir, fazer sexo, que o homem
existe, então, ele não é homem, é um animal. Pois assim era visto o escravo: um
animal. Um animal necessário para à formação de “homens”. É muito importante
salientar que a escravidão da Grécia antiga é bem diferente da escravidão dos
tempos modernos. Pois, na era moderna a escravidão é um meio de baratear a
mão-de-obra, e assim, conseguir maior lucro. Na antiguidade a escravidão é um
meio de permitir que alguns, por exemplos, os filósofos, tivessem o
controle do corpo, das necessidades biológicas; a temperança. Para os gregos, a
escravidão, do ponto de vista de quem se beneficia dela, - os próprios
filósofos da época - salva o homem de sua própria animalidade, e não lhe prende
às tarefas pragmáticas. A dignidade humana só é conquistada através da vida
contemplativa, reflexiva: uma vida sem compromisso com fins pragmáticos.
A religião
cristã toma emprestado a concepção de mundo grega, e vulgariza a dignidade
humana. Agora qualquer indivíduo pode, e deve viver, uma vida contemplativa.
Enquanto na Grécia antiga a vida contemplativa era destinada aos filósofos, no
cristianismo ela é destinada a todos. Essa é única forma que o cristianismo
encontra para convencer os homens a rezar.
Hannah Arendt
identifica três forma dicotômicas de trabalho: Improdutivo e
produtivo; Qualificado e
não qualificado; Intelectual e
manual.
Como a
intenção da autora é mostrar a fraqueza do pensamento de Karl Marx, ela diz que
o conceito de trabalho usado por Marx, é um conceito comum de sua época:
trabalho é trabalho produtivo. Segundo a autora esse conceito de trabalho
produtivo, isto é, trabalho que produz objetos, matéria; eclodiu das mãos dos
fisiocratas. A escolha de Marx pelo uso do termo trabalho como trabalho que
produz, que gera, que cria, estava em moda na época.
Com o avanço
do processo de industrialização haveria de designar algum nome para todo aquele trabalho que não estava ligado ao trabalho industrial, daí nasceu o
trabalho intelectual em contraposição ao trabalho manual. Tanto um como outro,
faz uso das mãos, quando colocados em prática. O intelectual precisa das mãos para
escrever seu pensamento. Nesse sentido o trabalho intelectual também é trabalho
manual. É dessa forma que o trabalho intelectual é integrado dentro do conceito
“trabalho” da revolução industrial. A ideologia que atravessa os tempos
modernos é a seguinte: Qualquer coisa que se faça tem que ser necessariamente
produtivo, tudo deve ser transformado em mercadoria, ou seja, o valor de troca
tem a última palavra.
Qual é o
caráter objetivo implícito do conceito “força de trabalho” em Marx? Compreende
que todos tem a mesma força de trabalho, até mesmo aqueles que são fisicamente
mais fracos. Assim, Marx consegue formar o conceito de “valor de troca”, tempo
de trabalho necessário dispendido para produzir um objeto. Necessário para quem?
Para todos. Se o tempo médio da produção de um sapato é 6 horas, todos os
trabalhadores devem se adequar. Marx não explica como ele consegue calcular o
tempo médio abstrato, o tempo social? Portanto, ele, pressupõe que todos devem
ter a mesma força de trabalho, e desconsidera as diferenças subjetivas. É obvio
que uma criança não tem a mesma força de trabalho de um adulto, nem o
deficiente físico terá a mesma força, sem falar nas diferenças mais minuciosas.
Em suma, Marx pensava que todos devem ter a capacidade de produzir um mesmo
objeto num tanto “x” de horas. E é isso que será exigido pelos proprietários
dos meios de produção.
A força de
trabalho é aquilo que o homem possui por natureza, só cessa com a morte.
Diferente do produto, a força de trabalho não acaba quando o produto termina de
ser produzido. Portanto, a força de trabalho é aquilo que Hannah Arendt entende
por “labor”. “O labor não deixa atrás de si vestígio permanente”. ( 101,
Arendt)
Arendt dá
alguns exemplos que nos pode ajudar entender o conceito de labor. Qual é a
diferença entre um pão e uma mesa? A mesa pode durar anos e o pão dura, como
muito, dois dias. O trabalho é força gasta para produzir a mesa. O labor é a
força dispendida para produzir o pão. Mesa: objeto material produzido para o
uso cotidiano e ocupa lugar no espaço. Pão: elemento material produzido para à
sobrevivência de seres vivos e não ocupa lugar no espaço, visto que durante a
digestão o pão é transformado em energia do corpo.
“O que os
bens de consumo são para a vida humana, os objetos de uso são para o mundo do
homem”.(Arendt) O bem de consumo é o pão e o objeto de uso é a mesa. O primeiro
permite a vida; o segundo é necessário aos relacionamentos humanos. Em suma, o
homem se torna dependente daquilo que produz. E para a autora, torna-se
dependente é torna-se condicionado. Daí encontramos a justificativa do nome do
livro: “A condição humana”. Quais são as condições que o homem se impõe e se
submete para permanecer em sociedade, para viver em coletividade? Se fossemos
analisar essa questão mais pormenorizadamente teríamos necessariamente de falar
sobre auto-repressão do prazer, aquilo que Freud chama de controle do
superego sobre o id. Mas não podemos esquecer que o nosso fim neste trabalho é
perscrutar alguns aspectos e vertentes que o trabalho tem na obra da escritora
alemã.
Sendo assim,
como entender uma realidade que tem como pedra de toque o que chamamos
trabalho? Para que o mundo dê curso à vida é preciso transformar o abstrato em
matéria, o impalpável no papável. Isso é uma necessidade humana. Sociedades
ocidentais e não-ocidentais( tribais) realizam esse processo de maneiras
diferentes. Na primeira, existe o valor de troca, na segunda, não há valor de
troca. A palavra trabalho é um termo, conceito, ocidental que é constitutivo do
capitalismo, das sociedades ocidentalizadas. E este conceito não pode ser
aplicado nas sociedades não ocidentalizadas, onde o capitalismo não existe.
Portanto, não faz sentido dizer que os índios trabalham. Eles não trabalham,
apenas realizam atividades.
Estamos num
ponto delicado do nosso trabalho. Um ponto que é ignorado por grande parte de
estudiosos das ciências. A afirmação: os índios não trabalham, não quer dizer
que eles são preguiçosos, quer dizer que eles não produzem valor de troca,
portanto, não realizam trabalho. Quando Marx pensa que o trabalho pode ser
constitutivo do homem, ele não está usando como pressuposto o conceito valor de
troca. E, é importante entender isso, porque esse foi o lugar onde ele foi mais
mal interpretado. Peço que esqueçam do conceito valor de troca por um momento.
Vamos imaginar aquela velha estória do homem que se encontra isolado, sozinho
numa ilha. Ele quer encontrar alguma forma para sair da ilha. E para isso ele
deverá construir um barco, irá trabalhar. Antes de construir o barco o
homem tem a idéia do que seja um barco, isto é, ele já viu um barco pelo
contato direto. Ao ver um barco pela primeira vez, ele forma o conceito de
barco. Então, imagina um barco, cria a imagem na mente, para depois construí-lo.
A construção do barco dependente necessariamente do conceito barco. Esse
exercício de imaginar e depois construir é próprio do ser humano, e, é nesse
sentido que Marx diz que o homem é o único animal que trabalha. O homem imagina
e depois faz. Se acrescentamos o valor de troca, temos o trabalho capitalista.
O trabalhador da fábrica sabe de antemão qual objeto irá produzir, sabe para
que será usado. Todo objeto antes de ser construído tem sua finalidade, sua
utilidade.
Nesse aspecto
entre o meio (recurso usado para obter um fim) e o fim, temos a distinção entre
objeto e instrumento. O instrumento é usado para produzir o objeto, por
exemplo, o alicate é usado na produção de automóveis. Uma vez acabada a
produção do automóvel, este serve como meio de transporte. A princípio temos o
automóvel como fim, e num segundo momento temos o automóvel como meio. Ele é um
fim em relação ao alicate, e depois, é um meio em relação ao homem. Se em
relação ao alicate temos um objeto, em relação ao homem temos um instrumento. É
nesse sentido que Arendt fala que existe um processo circular entre meio e fim,
instrumento e objeto; em que todo fim se torna meio e todo meio se torna fim.
Assim nos explica Hannah Arendt: “Num mundo estritamente utilitário, todos os
fins tendem a ser de curta duração e a transformar-se em meios para outros
fins.”(Arendt, 167)
Nenhum
instrumento é produzido a bel-prazer, é produzido para atender ao tipo de
objeto desejado. O que realmente importa ao empregador é o objeto final
acabado, o instrumento é apenas o meio. Por isso dizemos que os meios de
produção são instrumentos usados para gerar mais-valia. Usados por quem? Pelo
trabalhador assalariado. Quando o assalariado não percebe que o uso que ele faz
do instrumento, -seu trabalho-, gera mais- valia, dizemos que ele se encontra
num estado de alienação.
Vamos voltar
um pouco na distinção entre trabalho e labor. Já foi dito que o labor é
trabalho gasto para produção de alimentos. Portanto, é o que mantém a saúde do
indivíduo. Só assim ele poderá trabalhar. Nesse aspecto o labor é pré-requisito
do trabalho. O que quer dizer isso? Não é possível, (dentro dos termos de
Arendt), existir trabalho sem labor, ainda que seja possível o inverso. Ao
passo que o labor produz a matéria para incorporá-la ao organismo, o trabalho a
produz para que esta seja usada na produção de outros objetos e na
materialização do abstrato (exemplo, colocar no papel uma ideia).
Uma outra
distinção entre trabalho e labor consiste em que, enquanto o labor exige o
consumo rápido ou imediato, o trabalho não. A lógica do trabalho é a
durabilidade dos objetos. Sua durabilidade permite a acumulação e estoque dos
objetos.
É por meio da
troca de produtos, - troca intermediada pelo valor de troca-, que se dá as
relações humanas, visto que, durante a produção os homens encontram-se isolados
uns aos outros isolamentos nenhum trabalho pode ser produzido “(Arendt, 174).
“Somente quando pára de trabalhar e quando o produto está acabado é que o
trabalhador pode sair do isolamento” (Arendt, 174). Nesse sentido de trabalho,
Arendt imaginara um trabalho industrial. Se incluirmos os serviços, nem uma das
afirmações anteriores se sustentam. Tendo em vista que os serviços são
realizados no contato direto entre os homens.
domingo, 7 de outubro de 2012
Quero parabenizar os vereadores
eleitos em Suzano e aproveitar a oportunidade para alertá-los de que se tornar
vereador não significa se tornar melhor do que os cidadãos comuns, como
pensavam alguns na legislatura 2009/2012 e que agora estão fora, excluídos porque
não cumpriram com o seu papel de representar o seu povo dignamente na Câmara
Municipal, eles não entenderam que eram, puro e simplesmente, o representante desses
que os elegeram.
Mas qual é o significado da
palavra VEREADOR?
Vereador é uma palavra que vem do verbo verear que significa:
administrar, vigiar pelo bem-estar e a segurança dos munícipes.
Vereadores são políticos que possuem um mandato para uma legislatura de
quatro anos e são eleitos de forma direta pela população nas eleições
municipais que acontecem em todo o País a cada quatro anos.
O vereador nada mais é do que um simples interlocutor entre os anseios da
população e a prefeitura.
Na Câmara, ele atua da seguinte
forma:
Apresentando projetos de leis, requerimentos, indicações, emendas e
outras proposições; discutindo e votando todas as matérias de interesse
municipal; organizando estudos e atividades;
Apresentando e investigando denúncias, e elaborando pareceres, nas
comissões permanentes e CEIs (Comissões Especiais de Inquérito); na votação nos
tributos municipais, no Plano Diretor e na organização dos serviços públicos.
É o porta-voz de seus eleitores
junto aos Deputados Estaduais. Federais, Senadores e outras autoridades. O
vereador faz parte do Poder Legislativo, que, em conjunto com o Poder
Executivo, forma o Governo, em respeito ao princípio da independência e
harmonia dos poderes (artigo 2². da constituição Federal).
O vereador deve utilizar-se de suas prerrogativas (privilégio ou vantagem
que possuem os indivíduos de uma determinada classe ou espécie) exclusivamente
para atender ao interesse público, além de respeitar o Poder Executivo.
Deveres do Vereador
Entre os deveres dos vereadores estão os de: residir no município;
comparecer às sessões e nelas permanecendo até o final; desempenhar todos os
encargos que lhe forem atribuídas, prestando informações e emitindo pareceres
nos processos distribuídos.
Propor à Câmara as medidas que julga convenientes aos interesses do
município, à segurança e bem-estar dos munícipes, bem como rejeitar as que lhe
pareçam contrárias ao interesse público.
Deve ainda comunicar sua falta ou ausência quando tiver motivo justo para
deixar de comparecer às sessões plenárias ou reuniões das comissões a que
pertencer; respeitar seus pares; ter conduta pública e privada irrepreensível;
e, sobretudo, conhecer a Lei Orgânica que nada mais é do que uma Constituição
Municipal que regulamenta o município.
Direitos do vereador
A atuação do vereador é ainda mais ampla. Por exemplo: compete ao
vereador: apresentar propostas de emendas à Lei Orgânica do Município; fazer
requerimento, escritos ou verbais, pedindo uma providência determinada ou
resposta sobre uma questão. Obs. O vereador Luiz Reis, durante o seu mandato,
já apresentou cerca de 650 requerimentos e 160 indicações;
Projetos de lei ordinária – que regula matérias de competência da câmara,
com a sanção do prefeito. É aprovado com o voto da maioria dos vereadores
presentes (maioria simples). Obs. O vereador Luiz Reis, durante o seu mandato
já apresentou cerca de 30 projetos de lei ordinária, dos quais 02 se tornaram
leis.
Projetos de lei complementar – que regula matérias de competência da
câmara, com a sanção do prefeito. É aprovado com a maioria absoluta dos votos,
(o documento é apresentado durante a sessão ordinária para ser apreciado e
votado pelos vereadores);
Obs. O vereador Luiz Reis, durante o seu mandato, já apresentou cerca de
10 projetos de lei complementar;
Projetos de Decreto-Legislativo e projeto de resolução; obs. O vereador
Luiz Reis, durante o seu mandato, já apresentou 02 projetos de decreto
legislativo e 02 projetos de resolução.
Os documentos também podem ser encaminhados para outras autoridades;
sugerir indicações, cujo objetivo é propor aos órgãos competentes soluções para
problemas de interesse da população; emitir pareceres escritos ou verbais e
oferecer emendas.
Além disso, pode usar o plenário para: falar sobre assunto de sua livre
escolha, para discutir qualquer proposta; para esclarecer dúvidas; para pedir
questão de ordem (explicar algo ao presidente da Casa ou aos seus pares
(vereadores); para apartear; para relatar propostas; para formular
requerimentos verbais para reclamação).
O vereador deve votar e ser votado para a eleição da Mesa e para escolha
da direção das comissões de que participa; julgar as contas do prefeito; julgar
o prefeito e vereador em determinadas infrações; fiscalizar os atos do
prefeito.
O vereador pode ainda assumir cargos na prefeitura, como o de secretário
Municipal sem perda do mandato. Neste caso, ele (a) deve licenciar-se enquanto
estiver no cargo.
O vereador possui ainda o direito à licença médica ou para resolver
assuntos particulares.
Ele deve ainda participar de todas as discussões e deliberações do
plenário; votar na eleição da Mesa Diretora e das comissões permanentes;
apresentar propostas que visem ao interesse coletivo; Participar de comissões
temporárias;
Fazer uso da palavra na tribuna da Câmara nos casos previstos no
regimento interno; conceder audiência pública (tipo de sessão onde a população
pode se manifestar dando sua opinião e seu ponto de vista) sobre determinado
assunto dentro do horário de funcionamento da Casa de Leis.
O vereador deve fiscalizar a atuação do governo municipal, assegurando que
os recursos públicos estão sendo aplicados de forma correta e de acordo com as
necessidades da comunidade.
Isso pode se feito de diversas formas: Acompanhando os repasses dos
recursos federais e estaduais para que a Prefeitura desenvolva projetos específicos;
Verificando se as obras estão sendo executadas conforme os projetos
aprovados e a qualidade dos serviços públicos, principalmente nas escolas e
postos de saúde, garantir que não esteja faltando merenda, livros, medicamentos
ou profissionais.
Verificar também se o público está sendo atendido com respeito e cortesia
nas repartições públicas.
Manifestação
O vereador pode se manifestar nas sessões ordinárias por meio de
indicações e requerimentos (solicitação escrita pelo vereador que é encaminhado
à Mesa Diretiva). Obs. O vereador Luiz Reis, durante o seu mandato, já produziu
cerca de 180 indicações e 650 requerimentos, visando à melhoria e o bem estar
do cidadão suzanense.
Os documentos são votados pelos vereadores durante a sessão ordinária e
encaminhados para os departamentos competentes do poder executivo, ou seja,
para o Prefeito.
Geralmente, os documentos pedem que os prefeitos resolvam problemas
enfrentados pela população de Suzano, como por exemplo: a implantação de rede
de água, de esgoto, iluminação pública, limpeza de terrenos baldios, entre
outros.
Requerimentos, na maioria das vezes, são incisivos, diretos e pedem uma
providência determinada ou a resposta sobre uma questão de certa importância,
podendo ser dirigido a outras autoridades.
Estes documentos são votados pelos vereadores que podem aprovar ou
rejeitar os pedidos,
Existe ainda, a Moção, que também deve ser apreciada e aprovada pelo
plenário antes de ser enviada a quem de direito. (O documento pode ser de
pesar, louvor, solidariedade ou de repúdio, conforme o caso enfocado).
Competência do Prefeito
Eleições municipais: o que faz um prefeito? O que você precisa saber pra fazer a melhor
escolha de seu representante no poder executivo?
De quatro em quatro anos, elegemos os nossos representantes mais
próximos: os vereadores e prefeitos.
Nada melhor, nada mais cidadão, do que saber um pouco mais sobre os
mandatários do poder executivo municipal (O Prefeito).
Segundo a Constituição Brasileira, promulgada em 1988 e, que no artigo 30
do capítulo IV permanece inalterada, compete aos administradores dos
municípios:
A - Instituir e arrecadar os
tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da
obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em
lei;
B - Organizar e prestar,
diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de
interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
C – Manter programas de
educação pré-escolar e de ensino fundamental;
D – Prestar serviços de
atendimento à saúde da população;
E - Promover, no que couber,
adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do
parcelamento e da ocupação do solo urbano;
F - Promover a proteção do
patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação
fiscalizadora federal e estadual.
O prefeito também pode sancionar ou vetar as propostas de lei propostas
pela câmara de vereadores, bem como instituir decretos que ao serem analisado
pelo poder legislativo municipal podem ser aprovados ou rejeitados.
E a constituição também determina que a fiscalização do município seja
exercida pelo Poder Legislativo Municipal - a câmara de vereadores, e pelos
Tribunais mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do
Poder Executivo Municipal.
E diz ainda que as contas do município devem ficar durante sessenta dias,
anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o
qual poderá questionar-lhes a legitimidade na justiça a qualquer momento.
A tão temida Responsabilidade
Fiscal
A Lei de Responsabilidade Fiscal, que disciplina as contas públicas,
determina que da arrecadação municipal, os limites máximos de gasto por poder
ou instituição são de seis por cento para o legislativo municipal e tribunal de
contas do município, quando houver, e cinqüenta e quatro por cento para o
executivo.
A lei ainda determina o máximo de gasto possível com inativos dentre
outras coisas.
Na verdade essa lei se tornou uma justificativa para que muitos prefeitos
estejam imobilizados e, em alguns casos provocou sérios problemas inicialmente
porque com a obrigação de controlar a dívida em muitas prefeituras faltou
recurso até para atividades essenciais.
Para o biomédico Josias Ferreira da Silva, todo prefeito deveria
administrar a cidade como se fosse a casa dele e ficar atento aos problemas
sociais como o desemprego
Um parágrafo da Constituição diz, no capítulo que fala da administração
pública, que a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos
órgãos públicos deverão ter caráter educativo, informativo ou de orientação
social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem
promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.
Sabendo de todas as atribuições e limitações do cargo de prefeito
municipal,
Cabe a cada eleitor analisar o seguinte: ver se ele está utilizando
corretamente o dinheiro público, se ele está satisfazendo as necessidades do
povo, enfim, se ele está cumprindo com o seu dever que é o de zelar pela
cidade, pelo bem estar do cidadão e só assim, decidir se ele vai continuar
sendo o seu representante no município.
domingo, 23 de setembro de 2012
Cidadania é cobrar e fiscalizar as ações do poder público
Em nações onde a baixa escolaridade e a pouca
educação política são largas, é lastimavelmente comum ouvirmos, em todas as
camadas sociais: que é desgastante acompanhar o cotidiano político; que é inútil
fiscalizar as finanças públicas e o desempenho parlamentar, ante a permanência
das coisas e da corrupção; que é melhor cada um cuidar de si próprio, trabalhar
e viver sua vida, pois “é assim mesmo, no nosso país”. Não é agradável, sem
dúvida, ter contato com os fatos de corrupção e improbidade que acontece, no
mundo todo [não sendo privilégio nosso]; é, verdadeiramente, um desgaste
emocional. Mas é necessário e é o único modo de exercer uma cidadania
vigilante, consciente, ativa, capaz de influenciar a mudança das coisas.
Dir-se-á e com razão, que “uma andorinha só não faz
verão”; legítimo e correto. Mas as coisas começam de um, do menor; as coisas
começam em mim, em
você. Madre Teresa de Calcutá foi questionada por uma
autoridade policial que recebera acusação de que ela invadira um templo
abandonado e lá acomodara “seus doentes mungidos”: – A senhora não sabe que há
mais de um milhão de leprosos na ruas? ”Ao que ela disse: “- Para se contar até
um milhão, começa-se do um, senhor.”
Assim se dá na vigilância da opinião pública, também.
É necessário, imprescindível, que cada qual de nós – num país que tem mais de
quarenta milhões de usuários de internet, por exemplo, e que tem a maior média
mundial de horas de uso – se manifeste, de algum modo, e direcione sua opinião
e suas críticas aos órgãos da Cidade, às suas ouvidorias, aos seus endereços
eletrônicos etc.
E não nos iludamos: nossos e-mails aos políticos
podem até não serem todos lidos [muito menos por eles], mas seus assessores
lhes repassam os informes, as estatísticas e, assim, a decantada e pouco
compreendida “opinião pública” se faz ouvir para além das crônicas de revistas
[muitas vezes comprometidas com certos grupos políticos ou ideologias].
É preciso agir, fiscalizar, cobrar. É a nossa vida
que está em jogo; o salário que ganho, o nível do serviço de saúde que utilizo,
a fluidez do tráfego, a atuação dos órgãos de segurança pública, tudo pode ser
influenciado pelo meu aparentemente desvalido e-mail de fim de noite, após eu
ter “cuidado dos meus assuntos”. Daqui, evoluiremos até a – por hora – utopia
da multiplicação das ações populares, onde nós mesmos não ficaremos mais à
espera do Ministério Público ou da Ordem dos Advogados do Brasil: iremos
adiante com as próprias pernas…
Enquanto não aceitarmos e entendermos que a política
também faz parte dos nossos assuntos, esta cidade não muda.
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
terça-feira, 14 de agosto de 2012
Política e politicalha
A política afina o espírito humano, educa
os povos, desenvolve nos indivíduos a atividade, a coragem, a nobreza, a
previsão, a energia, cria, apura, eleva o merecimento.
Não é esse jogo da intriga, da inveja e
da incapacidade, que entre nós se deu a alcunha de politicagem. Esta palavra
não traduz ainda todo o desprezo do objeto significado. Não há dúvida de que
rima bem com criadagem e parolagem, afilhadagem e ladroagem. Mas não tem o
mesmo vigor de expressão que os seus consoantes. Quem lhe dará o batismo
adequado? Politiquice? Politiquismo? Politicaria? Politicalha? Neste último,
sim, o sufixo pejorativo queima como ferrete, e desperta ao ouvido uma
consonância elucidativa.
Política e politicalha não se confundem,
não se parecem, não se relacionam uma com a outra. Antes se negam, se excluem,
se repulsam mutuamente. A política é a arte de gerir o Estado, segundo
princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradições respeitáveis.
A politicalha é a indústria de explorar o
benefício de interesses pessoais. Constitui a política uma função, ou um
conjunto de funções do organismo nacional: é o exercício normal das forças de
uma nação consciente e senhora de si. A politicalha, pelo contrário, é o
envenenamento crônico dos povos negligentes e viciosos pela contaminação de
parasitas inexoráveis. A política é a higiene dos países moralmente sadios. A
politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada.
Trechos escolhidos de Rui Barbosa. Edições de Ouro:
Rio de Janeiro, 1964.
terça-feira, 26 de junho de 2012
Os sistemas estaduais de ensino gastam em média R$ 1,7 mil/ano com os jovens do Ensino Médio. Um jovem em uma instituição como a Fundação Casa custa R$ 1,7 mil/mês. Então ele fica 12 vezes mais caro quando vai para o sistema prisional.
ECONOMIA
Wanda Engel: "O Ensino Médio é uma
bomba-relógio"
Para a
superintendente-executiva do Instituto Unibanco, os altos índices de evasão
causam uma perda de capital humano para o Brasil - Wanda Engel está à frente do
Instituto Unibanco desde 2006.
Ela não se
cansa de dizer que o Ensino Médio no Brasil é uma "bomba-relógio". Na
entrevista concedida ao Educar para Crescer, a superintendente-executiva do
Instituto Unibanco, Wanda Engel, repetiu a expressão ao menos cinco vezes.
"É uma bomba-relógio econômica e social. Econômica porque está causando um
apagão de mão-de-obra. E é uma bomba-relógio social porque essa juventude que
não tem condições de ser incluída pode virar um elemento de aumento de
violência", explica a doutora e mestre em Educação.
Desde 2006,
Wanda está à frente do Instituto, que tem como seu foco principal justamente a
melhoria do Ensino Médio público, considerado estratégico tanto para a formação
e inserção das novas gerações no mercado de trabalho quanto para a diminuição
da pobreza e da desigualdade e para o desenvolvimento sustentável do país.
Entre os
projetos do Instituto, destacam-se o Jovem de Futuro, que oferece apoio técnico
e financeiro às escolas que aderirem ao desafio de atingir metas estabelecidas,
e o Entre Jovens, que dá reforço escolar a alunos da primeira série do Ensino
Médio de escolas públicas de Ensino Médio, por meio de um programa de tutoria.
Wanda, que
foi ministra de Estado de Assistência Social entre 1999 e 2002, fala aqui sobre
a crise de audiência do Ensino Médio no Brasil. Para ela, parte da sociedade
ainda não percebeu a importância de finalizar a Educação básica. "Apenas
50% dos jovens que deveriam estar no Ensino Médio realmente estão. Esse índice
só seria aceitável em uma sociedade industrial ou agrícola."
Quais são os desafios do Ensino Médio hoje
no Brasil?
O maior
desafio é fazer as pessoas se darem conta da importância do Ensino Médio.
Talvez a sociedade não tenha se dado conta, o jovem não tenha se dado conta, a
família do jovem não tenha se dado conta da importância de a juventude do país
acessar e terminar o Ensino Médio. De preferência, aprendendo. O ensino médio
hoje é uma bomba-relógio.
Por que a sociedade não percebe a
importância do Ensino Médio?
Porque a
expansão do Ensino Médio é muito recente. Então, se você for analisar a
situação, parece legal. Antigamente nem 15% dos jovens estavam no Ensino Médio,
agora 50% estão. Provavelmente esse jovem vai ser o primeiro membro da família
a acessar o Ensino Médio ou chegar perto dele. Parece um filme legal. Só que
esse filme poderia ser aceitável numa sociedade industrial ou numa sociedade
agrícola, num país com outro nível de desenvolvimento. Para o Brasil, que
está entrando na chamada sociedade do conhecimento, isso é uma péssima notícia.
As pessoas não se deram conta de que, para encontrar um emprego digno hoje, é
preciso ter Ensino Médio. Quem não tem só consegue subemprego ou emprego no
mercado marginal.
O que você quer dizer quando fala em
bomba-relógio?
O jovem que
abandona o Ensino Médio deixa de ser cliente das políticas de Educação e passa
a ser cliente das políticas de assistência. Vai ser beneficiário do
Bolsa-Família ou das políticas de segurança pública. Vai ser o beneficiário do
sistema prisional brasileiro. Os sistemas estaduais de ensino gastam em média
R$ 1,7 mil/ano com os jovens do Ensino Médio. Um jovem em uma instituição como
a Fundação Casa custa R$ 1,7 mil/mês. Então ele fica 12 vezes mais caro quando
vai para o sistema prisional.
Então é uma bomba-relógio para a economia
do país?
Econômica e
social. Econômica porque está causando um apagão da mão-de-obra. E é uma
bomba-relógio social porque essa juventude que não tem condições de ser
incluída pode virar um elemento de aumento de violência, de aumento de
atividades marginais.
E os jovens que entram no Ensino Médio, mas
não conseguem concluí-lo?
A
bomba-relógio se completa com o fato de que, dos que entram, metade morre na
praia. E essa metade que morre na praia vai ser a maior vítima do desemprego.
Tem mais desemprego nesse grupo do que no grupo de quem fez até as quatro
primeiras séries do Ensino Fundamental. Porque quem chegou até o Ensino Médio
não aceita qualquer emprego. Já o país deixa de usufruir da produção dessa
enorme quantidade de jovens, que poderia ser uma riqueza para o país. Se todos
esses jovens começassem a produzir no mercado de trabalho, esse país
explodiria. Explodiria para o bem. Nós estamos perdendo capital humano.
Qual é o resultado dessa perda de capital
humano?
O Brasil vai
perdendo competitividade à medida que a sua população economicamente ativa não
tem esse nível de escolaridade. E hoje essa perda de competitividade já começa
a aparecer em algumas regiões do Brasil em que a oferta de emprego já é maior
do que o número de jovens com condições de chegar a esse emprego. É o apagão de
mão-de-obra. O país perde competitividade internacional e o jovem perde a
oportunidade de ser inserido.
Como atacar esse problema?
Acesso,
permanência e conclusão do Ensino Médio. Isso pode aumentar a inserção dos jovens
e pode ser o elemento de quebra do ciclo inter-geracional de pobreza. A pobreza
é um fenômeno que se produz e se reproduz. O único instrumento para cortar isso
é a Educação. E, na Educação, o instrumento mais eficaz é a conclusão do Ensino
Médio.
Por que os jovens estão abandonando o
Ensino Médio?
É uma grande
pergunta. Uma pesquisa revelou que 27% abandonam por necessidades econômicas e
40% por falta de interesse. Uma pequena parcela abandona por falta de acesso.
Como resolver a evasão?
Para cada um
dos motivos apontados, tem um remédio. Para o problema da falta de condições
econômicas, uma possibilidade já existe é a inclusão do jovem no Bolsa-Família.
Em 2007, o programa foi estendido para jovens de 15 a 17 anos e os dados
mostram que já houve um aumento do número de jovens nessa faixa etária que está
na escola. O problema é que o dinheiro do Bolsa-Família, como o próprio nome
diz, vai para a família. Poderíamos pensar em alternativas para o dinheiro ir
para o jovem. Poderíamos ter um grande programa de monitoria, como existe na
universidade. O jovem é monitor de um professor, ganha um dinheirinho e
trabalha na própria universidade. O programa de monitoria no Ensino Médio
poderia ser muito legal. O jovem poderia ganhar R$ 100, o que já faz a maior
diferença. Às vezes ele larga a escola para trabalhar por um salário de R$ 100.
O Programa Jovem Aprendiz não seria uma
alternativa também?
Sim. O
programa é uma grande janela de oportunidade, que as pessoas não estão
utilizando. O Jovem Aprendiz poderia ser um instrumento fantástico de
diminuição de evasão. As empresas não gostam do programa, pois acham que é só
cumprimento de cota, quando ele poderia ser uma forma de responsabilidade
social, uma forma de contribuir para esse jovem permanecer na escola.
Trabalhar nessa idade não atrapalha os
estudos?
Como o jovem
do Ensino Médio está justamente nesse momento de entrada na idade adulta - e
entrar na idade adulta é entrar no mercado de trabalho -, quanto mais ele
conseguir perceber o nexo entre Educação e trabalho, mais as coisas fazem
sentido para ele. Hoje apenas 10% do Ensino Médio é profissionalizante. Não
podemos querer que seja 100% profissionalizante, mas algum nexo entre Educação
e trabalho, é preciso ter. Esse nexo pode ser uma monitoria, em que ele
trabalha dentro da escola, ou um Jovem Aprendiz, em que ele trabalha fora da
escola. Mas o importante é eu sejam no máximo quatro horas diárias de trabalho.
E o que causa a falta de interesse do jovem
pela escola?
Pode ser
falta de condições acadêmicas. Ele não aprendeu nem fração e vão tentar ensinar
para ele física e química. Ele acha que aquilo não é para ele e vai embora.
Pode ser o fato de a escola estar preparando para a universidade. E muitos
sabem que não vão para a universidade. Então o currículo da escola está
totalmente fora da realidade dele. Pode ser que a escola seja uma porcaria
mesmo. Ou pode ser que ele tenha perdido a perspectiva de futuro. A escola pode
ser ótima, mas ele perdeu isso. A violência, somada à pobreza, acaba matando o
sonho de futuro desses jovens. Cada uma dessas quatro coisas precisa de um
remédio específico.
E quais seriam os remédios para a evasão?
Para a falta
de condições, é preciso melhorar o Ensino Fundamental ou dar um reforço para o
aluno ao final dessa fase. Trabalhamos isso no Entre Jovens, que dá conta do
prejuízo no 1º ano do Ensino Médio.
Para a questão curricular, é preciso fazer um currículo mais flexível, que permita que o aluno direcione os estudos para uma área da qual ele gosta mais. A qualidade da escola é uma coisa mais complexa, que nós estamos tentando resolver com o Jovem de Futuro. E como reconstruir a ideia de futuro com esse jovem? Também estamos trabalhando um pouco nesse sentido. Criamos um kit de material didático que se chama Construindo o Futuro. Ele é parte do livro de um livro do Eduardo Gianetti, O Valor do Amanhã, para tentar mostrar para esse jovem que ele tem futuro. Também temos uma publicação chamada Convivência Cidadã, que tem o objetivo de tentar melhorar um pouco o clima da escola, que hoje é baseado na discriminação. Quem é um pouco fora do padrão sofre com o bullying e com a violência.
Para a questão curricular, é preciso fazer um currículo mais flexível, que permita que o aluno direcione os estudos para uma área da qual ele gosta mais. A qualidade da escola é uma coisa mais complexa, que nós estamos tentando resolver com o Jovem de Futuro. E como reconstruir a ideia de futuro com esse jovem? Também estamos trabalhando um pouco nesse sentido. Criamos um kit de material didático que se chama Construindo o Futuro. Ele é parte do livro de um livro do Eduardo Gianetti, O Valor do Amanhã, para tentar mostrar para esse jovem que ele tem futuro. Também temos uma publicação chamada Convivência Cidadã, que tem o objetivo de tentar melhorar um pouco o clima da escola, que hoje é baseado na discriminação. Quem é um pouco fora do padrão sofre com o bullying e com a violência.
O clima da escola também contribui para a
perda de interesse?
É claro que
sim. Está dentro da questão da qualidade da escola. Tem vários fatores que
influenciam na qualidade da escola: professor que vai, aluno que vai, professor
que ensina, aluno que aprende e um clima favorável. Essas são as qualidades de
uma escola. Um clima favorável a que o professor frequente, a que o aluno
frequente, a que um ensine e outro aprenda. O clima é fundamental.
quarta-feira, 16 de maio de 2012
Governo federal anuncia construção de mais 19 creches no Alto Tietê. Quantas vão ser construídas em Suzano?
Governo federal anuncia construção de mais 19 creches no Alto Tietê
Diário de Suzano ed.: 9203 - 16 de maio de 2012
O Ministério da Educação confirmou a construção de mais 19 creches no Alto Tietê. A ação faz parte do programa Brasil Carinhoso, lançado na última segunda-feira, pela presidente Dilma Rousseff (PT). Três cidades da região serão beneficiadas. Mogi das Cruzes ganhará 12 unidades, Itaquaquecetuba, cinco; e, Ferraz duas creches.
Na execução do programa, o governo federal libera os recursos de forma progressiva - 30% no momento da licitação, mais 50% no início da obra. Quando 80% das obras estão concluídas, são destinadas verbas para a aquisição do mobiliário escolar.
À Prefeitura cabe oferecer o terreno. Para uma escola que atenda 240 crianças, o local deve ter dimensão mínima de 40 por 70 metros quadrados; para atender 120 crianças, as medidas devem ser de 45 por 35 metros quadrados. A transferência de recursos para a execução de projeto aprovado na segunda etapa Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) ocorre por meio de termo de compromisso assinado pelos prefeitos.
O chefe do Executivo de Mogi das Cruzes, Marco Bertaiolli (PSD), que assinou o contrato da creche no evento fez um parâmetro de quantas unidades a Prefeitura pretende inaugurar. "Com as 40 creches que vamos entregar até o começo do próximo semestre, Mogi das Cruzes chegará a 65 novas creches, o que significará praticamente uma unidade em cada bairro, atendendo a toda a demanda", destaca.
Na execução do programa, o governo federal libera os recursos de forma progressiva - 30% no momento da licitação, mais 50% no início da obra. Quando 80% das obras estão concluídas, são destinadas verbas para a aquisição do mobiliário escolar.
À Prefeitura cabe oferecer o terreno. Para uma escola que atenda 240 crianças, o local deve ter dimensão mínima de 40 por 70 metros quadrados; para atender 120 crianças, as medidas devem ser de 45 por 35 metros quadrados. A transferência de recursos para a execução de projeto aprovado na segunda etapa Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) ocorre por meio de termo de compromisso assinado pelos prefeitos.
O chefe do Executivo de Mogi das Cruzes, Marco Bertaiolli (PSD), que assinou o contrato da creche no evento fez um parâmetro de quantas unidades a Prefeitura pretende inaugurar. "Com as 40 creches que vamos entregar até o começo do próximo semestre, Mogi das Cruzes chegará a 65 novas creches, o que significará praticamente uma unidade em cada bairro, atendendo a toda a demanda", destaca.
PROJETOS O governo federal oferece dois tipos de projetos arquitetônicos para a construção das creches. Um deles é o de uma escola com capacidade de atendimento para 240 crianças com até 5 anos, em dois turnos, ou 120 crianças, em turno integral. O projeto conta com oito salas pedagógicas, sala de informática, secretaria, pátio coberto, cozinha, refeitório, sanitário e fraldário, entre outros ambientes.
terça-feira, 8 de maio de 2012
Por que estudar FILOSOFIA?
“Porque pelo estudo da Filosofia, o estudante vai penetrar na natureza da realidade e da significação dos seus códigos, vai compreender as condições efetivas da construção do ser histórico, vai penetrar criticamente no mundo do conhecimento e em toda a sua estrutura axiológica e vai, por fim, equipar-se de instrumental ético imprescindível para o estabelecimento das possibilidades e dos limites humanos” (CARNEIRO, 2009, p 120)
sexta-feira, 27 de abril de 2012
O pior dos males: a inveja
Assim como podemos afirmar que a mãe de
todos os vícios é a preguiça e a das virtudes é à vontade, podemos,
seguramente, afirmar que a fofoca é filha da inveja! E por quê? Tenha
paciência. A resposta você encontrará no interior deste escrito.
1 - O
conceito de inveja a partir de sua etimologia
Como já lhe escrevi em outro artigo o
prefixo in que aparece em muitas palavras da nossa língua portuguesa, indica um
movimento que vai de fora para dentro. Contudo, em algumas palavras o sentido é
de negação. Um exemplo apenas: indiscutível, ou seja, que acerca de tal
proposição, não há mais como discutir.
No caso do conceito da inveja que é o
objeto de reflexão deste artigo, novamente o sentido vem ao encontro do que lhe
escrevi no artigo sobre virtude e vício. Razão pela qual estamos novamente
diante de uma palavra de origem latina. Inveja vem de invídia. IN = dentro e
VIDIA = ver. Significando precisamente o seguinte: vontade de não ver o que
está “dentro” do outro.
Desse modo o invejoso é aquele que não
quer apenas o que o outro tem. Ele deseja destruir o que o outro tem, e que
somente ele tenha o que o outro conquistou. Mais adiante isso vai ficar mais
claro. Agora lhe convido a ler o tópico a seguir e ver o quanto ele se aplica
no seu cotidiano.
2 - A origem
das palavras concórdia e discórdia e sua imbricação com a inveja.
Na verdade essas três palavras remontam
a mitologia romana. Antes uma informação importante. Até o cristianismo
tornar-se a religião oficial do Império Romano no Séc. IV havia um deus para
cada situação. É por essa razão que dizemos que eles eram politeístas.
Quando as pessoas viviam em harmonia,
diziam que a deusa Concórdia era a que reinava. Desse modo COM = junto à, COR =
coração e IA = estudo. Tradução: estudo acerca dos corações que se aproximam.
A deusa da inveja recebia o nome de
Discórdia. Os cabelos dela eram todos em forma de cobra. Em uma de suas mãos
ela tinha uma cobra e na outra uma espada. Por que razão será? Então: DIS =
“QUE SEPARA” e CORDIA? Esse sufixo você já sabe.
É por esta
razão que existem inúmeras palavras em nossa língua portuguesa que derivam
dessas duas. Apenas algumas para exemplificar: contrato = que está tratado com;
distrato = quanto há a separação do que foi tratado; Eu concordo com você = no
sentido que o meu coração se aproximou de ti; eu discordo de você = indicando
que nossos corações (neste caso opiniões) se distanciaram. Sugiro que antes de
continuar a leitura você tente lembrar-se de outras.
Você sabia
que não havia nenhum templo erguido na Roma antiga para a deusa Discórdia?
Certamente é porque os romanos sabiam que esse tipo de sentimento, que ainda
existem em nossos dias, era um grande mal.
3 - A
compreensão do que é a inveja a partir do tema das Paixões em Espinosa
(1632-1677)
Para Bach Espinosa as paixões são
afecções, vibrações que o nosso CONATUS sente. E o que é o conatus para ele? É
uma força intrínseca a todos os seres que nos chama para a vida. É a nossa luta
pela existência. Todos os seres tem conatus. Ninguém deseja conscientemente
morrer. Freud dizia que no inconsciente não havia o desejo da morte.
Ele dividiu as paixões em dois grandes
grupos: as da alegria que chamou também de paixões fortes e as da tristeza.
Também conhecidas como paixões fracas porque uma vez existindo em nós,
enfraquecerão o nosso conatus.
As paixões são exteriores. Elas,
portanto, vem de fora para dentro. Em última instância o que é a inveja?
Imaginemos a seguinte situação: eu desejo muito um carro novo e que o mesmo
seja vermelho. A cor do meu glorioso Internacional de Porto Alegre. Então em um
belo dia eu sou convidado a ir ao casamento do meu irmão. Lá chegando, me
deparo com um Fiat Uno vermelho. Pergunto para um dos meus irmãos: de quem é?
Ele me diz: da sua irmã fulana de tal. Se o meu conatus começar a ter uma
espécie de calafrios e ficar todo incomodado com aquela situação e disser ao
irmão: - “só pode ter comprado em prestação. Quero ver como eles vão conseguir
pagar tais prestações”! Ponto! Sinais de evidência que a inveja tomou conta de
mim.
Você já observou que geralmente nós
escolhemos um parente para falar mal? Todas as famílias com as quais convivi,
percebi que em alguns dos seus atores havia e há um forte sentimento de inveja
em face de outros membros dessa mesma família.
Notoriamente,
estou cônscio que a melhor maneira de se perder um argumento é generalizá-lo.
Por isso insisto: a inveja não está presente em todos os membros de todas as
famílias, mas de todas as que eu conheço, eu não vi uma, cujo sentimento de
inveja esteja totalmente ausente.
4 - Os
efeitos colaterais da inveja
Por que eu
afirmei no título deste artigo que a inveja é o pior dos males? Porque a partir
das minhas vivências com diferentes atores sociais e ouvindo pessoas na clínica
(sou filósofo clínico), pude perceber que muitas que estavam com seu conatus
enfraquecido, a causa principal era a inveja que elas sofriam de outras pessoas
cuja capacidade de resistência era menor.
Você já percebeu que muitos que
criticam de forma veemente o Lula é porque têm inveja? Não estou dizendo que
ele esteja livre das mesmas. Eu mesmo
fiquei muito triste com ele essa semana. Assim que melhorou do seu câncer na
garganta não mencionou nada sobre o vício que causou esse mal a ele. Foi o
cigarro. Melhor dizendo: o charuto. Poderá ser um dos melhores garotos
propaganda contra o tabagismo. Creio que ele ainda falará algo aos jovens a
esse respeito. O fato é há muitos políticos que não se conformam. Como pode um
“petrúquio” como o Lula, que não tem diploma de curso superior, pudesse se
tornar o que é hoje.
Por isso que
se diz que a inveja mata. O primeiro a
sentir os efeitos colaterais da inveja, é o próprio invejoso. A pessoa que é invejosa
acaba gerando nela mesma a mágoa. Para o Espinosa é a má-água. A pessoa fica
remoendo esse sentimento. Tenta a todo custo prejudicar aquele que é a causa de
sua inveja.
Aquele que é
invejado por sua vez, se não tiver uma espiritualidade forte. Se não conseguir
“fechar o seu corpo” diante da inveja do outro, perceberá que seu conatus
também de enfraquecerá.
5 – A fofoca
como filha da inveja
O que é a fofoca? No meu entendimento a
mesma se caracteriza por ser uma comunicação não dialógica. Ela nasce da “rádio
corredor” ou “radio cipó”. O invejoso por não se conformar que só o outro tem o
que ele tanto deseja, começa a espalhar maledicências a respeito da vida do
outro. Assim, as informações distorcidas vão se espalhando e o clima nas organizações,
muitas vezes, fica péssimo.
Como combater a fofoca? Pela ação
comunicativa dialógica. Habermas que é o último pensador vivo da chamada Teoria
Critica – também conhecida com Escola de Frankfurt - nos deixa esse legado.
Qual? Se desejarmos resolver os problemas entre nós sem o uso da violência, o
face a face é o melhor caminho. Pelo diálogo autêntico poderemos resolver os
conflitos provocados pela filha da inveja, qual seja a fofoca. Tenho clareza
que há mais coisas a serem ditas, mas que o espaço aqui não permite neste
momento.
6 - Como se
proteger do invejoso
A primeira
coisa que eu sugiro é que você faça o que Jesus nos sugeriu. O quê? Dê a ele a
outra face. E o que isso significa? Não retribua com a mesma moeda. Se você
puder coloque-se ao lado dessa pessoa para ajuda-lá a conquistar o que você já
tem e que é a causa da inveja dela.
Se você perceber que não há como ajudar,
fique longe dessa pessoa. Procure amigas e amigos que fortaleçam o seu conatus.
Procurem não ficar exibindo suas conquistas.
Eu sempre
falo o seguinte para as minhas educandas e educandos: - “se você está
conseguindo dar uma “brincada” com alguém, não fale nada para ninguém. Se você
ficar contando, muitos que estão no
“jejum”, que estão com um “calorão”, terão inveja de você”. Então por que fazer
os outros sofrerem? É melhor ficar calado. Neste caso o que os ouvidos não
ouvem o coração também não sente.
7 - A teoria
do ato e potência para compreender o fenômeno da inveja
O grande desafio é fazermos com que a inveja
só exista apenas em potência em cada um de nós.
Não sejamos
hipócritas em pensar que a inveja só existe no coração dos outros. Há pessoas
que me dizem: - “eu nunca tive inveja de ninguém”! A minha resposta: “menos”,
“menos”!
Eu mesmo já fui muito mais invejoso do
que sou hoje. Posso lhe assegurar que a mesma está sob controle...rs! Nos raros
momentos que eu me dou conta que meu conatus começa sofrer com afecções,
vibrações que indicam a presença da inveja, começo a rezar e me concentro em pensar
com um sentimento de admiração pelas conquistas dos outros.
Procuro me
alegrar e celebrar com ele a respeito de suas vitórias. Assim ela passa e eu
sofro menos. É melhor termos a sabedoria por perto. Os bons exemplos dos outros
poderão evitar futuros sofrimentos meus.
Portanto, no meu entendimento é bom
administrarmos esse sentimento, afim de que o mesmo só exista em potência e
nunca em ato. Espinosa foi um racionalista no sentido de que é possível nós
compreendermos racionalmente quais as causas dos males que nos aflige e assim
poderemos substituí-los por paixões da alegria. Exemplo: substituirmos a inveja
pela admiração.
8 - O que
ainda pretendo escrever sobre esse tema:
· A inveja no ambiente de trabalho,
principalmente entre os servidores públicos;
· Porque muitos que vão à igreja
assiduamente são tão invejosos;
· As imbricações entre nosso lado saphiens
e nosso lado demens com a inveja;
· E por fim, mas não por último, escrever
sobre as dores existenciais provocadas pela inveja.
Espero ter
contribuído com sua formação e faço votos que você permaneça jovem a maior
quantidade de dias possíveis.
quinta-feira, 5 de abril de 2012
A IMPORTÂNCIA DO PENSAMENTO SOCRÁTICO
O período clássico da história da Grécia Antiga, séculos V a. C. ao IV a.C. Período também conhecido como Socrático ou Antropológico. Foi nesse período, que viveram: os sofistas, Sócrates, Platão e Aristóteles.
Antropologia: É a busca pela compreensão do homem no seu contexto histórico social, econômico, político e cultural.
Sofistas: Homens dotados do poder de convencimento (persuasão: oratória e retórica). Vendiam seus supostos conhecimentos de cidades em cidades. Afirmavam serem os possuidores de todo o conhecimento. Enquanto que os primeiros filósofos gregos preocupavam-se com as questões do universo, a unidade e a diferença, o maior interesse dos sofistas concentrava-se sobre o próprio homem e seu comportamento. Porém de modo que se preocupavam no mecanismo que permitia ao homem fazer coisas para si. A atividade dos sofistas chama-se sofística, que é caracterizada pro: saber acrítico, comércio da filosofia, uso da erística (debate sem sentido, apenas por prazer e não pela busca pelo conhecimento verdadeiro), valorização da retórica e ênfase à vantagem pessoal.
Principais sofistas: Górgias, Hípias, Protágoras e Trasímaco.
Sócrates, de origem pobre e humilde, Filho de um escultor – Sofronisco e de uma parteira – Fenareta
Importância do Pensamento Socrático: Mudança de foco no questionamento filosófico. O homem e seu comportamento tornam-se objeto principal de sua investigação. (antropologia).
Pai da Filosofia. Preocupação ética e moral.
Para Sócrates, a Filosofia não é uma profissão e sim “um modo de vida”. Foi condenado à morte (tomou um veneno chamado cicuta) por acusação de corromper a juventude, violar as leis da cidade e introduzir novas divindades em Atenas.
Método Socrático: Constitui-se em contribuir para tirar o indivíduo da sua ignorância e constitui-se de duas fases.
1-Exortação: Sócrates convida o interlocutor a filosofar, a buscar a verdade.
2- Indagação: Sócrates faz perguntas, comentando as respostas e voltando a perguntar caminha com o interlocutor para encontrar a definição da coisa procurada.
Tais perguntas dividem-se em duas partes:
a) IRONIA (Eironéia ou Refutação) = Demonstrar ao indivíduo através de perguntas a sua ignorância. Mostrar que o interlocutor é cheio de preconceitos, opiniões subjetivas, imagens sensoriais acatadas, enganos, etc.
b) MAIÊUTICA (Parturição: Em grego: “arte de dar a luz”, PARTO DE “IDÉIAS”) = Provar ao homem pelo método dialógico que ele é capaz de chegar à definição do verdadeiro conceito. (Parir idéias)
• Frase Célebre: “Conhece-te a ti mesmo”. “Sei que nada sei.”
* A ciência (episteme) socrática resulta do método e significa “conhecimento autêntico e racional”.
Por operar com o exame de opiniões (doxa)- definições parciais, subjetivas, confusas e contraditórias-, para chegar à definição universal e necessária, Sócrates inicia o que Aristóteles chamará de indução: chegar ao que é universal por meio do particular. Por realizar-se na forma de diálogo, por produzir argumentos para mostrar que uma opinião é ou parcial, ou confusa ou contraditória, ou mesmo errada, e por mostrar ao interlocutor do erro cometido e da necessidade de prosseguir na investigação. A indução socrática constitui a dialética socrática.
Conhecimento: Sócrates sempre dizia que sua sabedoria era limitada a sua própria ignorância (Só sei que nada sei.). Ele acreditava que os atos errados eram conseqüência da própria ignorância. Nunca proclamou ser sábio.
Virtude
Sócrates acreditava que o melhor modo para as pessoas viverem era se concentrando no próprio desenvolvimento ao invés de buscar a riqueza material. Convidava outros a se concentrarem na amizade e em um sentido de comunidade, pois acreditava que esse era o melhor modo de se crescer como uma população.
Suas ações são provas disso: ao fim de sua vida, aceitou sua sentença de morte quando todos acreditavam que fugiria de Atenas, pois acreditava que não podia fugir de sua comunidade. Acreditava que os seres humanos possuíam certas virtudes, tanto filosóficas quanto intelectuais. Dizia que a virtude era a mais importante de todas as coisas.
Política
Diz-se que Sócrates acreditava que os ideais pertenciam a um mundo que somente os sábios conseguiam entender, fazendo com que o filósofo se tornasse o perfeito governante para um Estado. Se opunha à democracia que era praticada em Atenas durante sua época.
Acreditava que a perfeita república deveria ser governada por filósofos. Acreditava também que os Tiranos eram até mesmo menos legítimos que a democracia.
Diálogos: Os diálogos socráticos são uma série de diálogos escritos por Platão e Xenofonte na forma de debates entre Sócrates e outras pessoas de sua época; ou mesmo debates entre Sócrates e seus seguidores (como Fédon).
A Apologia de Sócrates é um monólogo, agrupado junto com os diálogos. A Apologia (no direito grego, uma defesa) é um registro do discurso que Sócrates proferiu em seu julgamento. A maioria dos diálogos aplica o método socrático:
A República, Apologia de Sócrates, Críton, Fédon.
Ética
Sócrates interessava-se por assuntos humanos, reconduzindo a sabedoria a uma investigação sobre a vida e os costumes, os bens e os males humanos. Por isso, desde a antiguidade foi reconhecido como o fundador da filosofia enquanto Ética, isto é, um saber que trata fundamentalmente dos fins da vida humana.
Prof. Manoelito
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