quinta-feira, 13 de junho de 2013

Mitologia e Filosofia da Religião.

O que é o amor?
Poetas e filósofos da Grécia Antiga, no período que abarca os séculos VIII, VII e VI a.C. registraram diferentes interpretações para compreender o amor e sua importância para os seres humanos.
Hesíodo, poeta grego do século VIII a.C. escreveu uma obra denominada Teogonia, na qual descreve em poemas a origem dos deuses gregos. Para ele, o deus do amor, Eros, era filho do primeiro deus manifesto no mundo: deus Caos. No poema de Hesíodo, Eros é o deus de extrema beleza e capaz de organizar o mundo, fazendo com que os seres saiam do caos e construam o cosmo. Em grego antigo, caos significa o início sem ordem e cosmo é o mundo organizado, Eros é o deus capaz de unir os seres e de organizar o mundo.
Porém, na própria Antiguidade grega, há uma outra interpretação para a origem e o papel deste deus. Posterior à obra de Hesíodo, outro modo de interpretar o amor está registrado no diálogo O banquete, de Platão, segundo o qual o amor emana de um deus cujos pais são Poros (deus identificado como Recurso, por sua capacidade de encontrar recursos materiais) e Penia (deusa identificada como Pobreza). No dia do nascimento de Afrodite, deusa da beleza, Poros e Penia se encontraram e conceberam Eros, deus que vive com necessidade do outro, com necessidade de superar sua condição de um ser que nada tem e ao mesmo tempo um deus inteligente, inventivo, que por ser concebido no dia do nascimento de Afrodite, era belo, capaz de conquistar e de unir-se aos outros seres.
A associação de Eros à deusa Afrodite interpretada por poetas posteriores a Hesíodo como uma relação de mãe e filho. Há uma tradição bastante divulgada sobre a mitologia grega que apresenta Eros como filho de Hermes e Afrodite.
A seguir, um fragmento do diálogo “O Banquete”, de Platão, com sua interpretação para a origem e o significado do amor.

O banquete (o amor, o belo)
"[...] Quando nasceu Afrodite, banqueteavam-se os deuses, e entre os demais se encontrava também o filho de Prudência, Recurso. Depois que acabaram de jantar, veio para esmolar do festim a Pobre e ficou pela porta. Ora, Recurso, embriagado com o néctar - pois vinho ainda não havia – penetrou o jardim de Zeus e, pesado, adormeceu. Pobreza então, tramando em sua falta de recurso engendrar um filho de Recurso, deita-se ao seu lado e pronto concebe o Amor. Eis por que ficou companheiro e servo de Afrodite o Amor, gerado em seu natalício, ao mesmo tempo que por natureza amante do belo, porque também Afrodite é bela. E por ser filho o Amor de Recurso e de Pobreza foi esta a condição em que ele ficou. Primeiramente ele é sempre pobre, e longe está de ser delicado e belo, como a maioria imagina, mas é duro, seco, descalço e sem lar, sempre por terra e sem forro, deitando-se ao desabrigo às portas e nos caminhos, porque tem a natureza da mãe, sempre convivendo com a precisão. Segundo o pai, porém, ele é insidioso com o que é belo e bom, e corajoso, decidido e enérgico, caçador terrível, sempre a tecer maquinações, ávido de sabedoria e cheio de recursos, a filosofar por toda a vida. terrível mago, feiticeiro, sofista: e nem imortal é a sua natureza nem mortal, e no mesmo dia ora ele germina e vive, quando enriquece; ora morre e de novo ressuscita, graças à natureza do pai; e o que consegue sempre lhe escapa, de modo que nem empobrece o Amor nem enriquece, assim como também está no meio da sabedoria e da ignorância. Eis com efeito o que se dá.[...]" (p. 21).
Um mito é uma narrativa que trata de algo sem necessariamente submeter-se às formas lógicas, como nas ciências. Em geral, os mitos estão envolvidos com a religião dos povos e com as crenças das pessoas. 
Ernest Cassirer, no livro A filosofia das formas simbólicas, desenvolve profunda reflexão sobre os mitos. Para ele, o mito seria a primeira forma de interpretação do mundo, o que deu lugar, depois, à religião, sem que seja superior. Todo o contato do homem com a natureza e com os outros homens é realizado por meio de símbolos. O homem toca o mundo pelos signos, ele os inventa e deles tira o sentido das coisas.
Desde os primórdios da história, o homem acredita e representa suas crenças e suas visões do mundo. Os símbolos são a formas que o homem usa para representar sua vida. Por exemplo:
·         Quando falamos à pessoa amada você é tudo de que meu coração precisa, é fácil entender que estamos dizendo que amamos e que sofreremos se não formos correspondidos.
·         Quando uma criança pega algum objeto que estava no chão e coloca na boca, dizemos caca! - usamos um símbolo (uma palavra) que representa a sujeira.
Os símbolos são partilhados por várias pessoas, mas também podem ser muito pessoais, acontecendo o mesmo com os significados. Lembre-se de que o signo é a representação dos sentidos de algo: pode ser uma imagem, um som, um cheiro, um sabor, um gesto, uma temperatura, uma dança. O significado é o "conteúdo" desse signo, a ideia que está por trás daquilo que se apresenta para as pessoas ou para si mesmo.
Sobre o mito anterior, ainda que Cassirer faça uma crítica ao tipo de uso que Platão fez do mito, podemos perceber que se trata de uma narrativa simbólica, e que cada símbolo ou signo corresponde a um ou mais significados no mundo.

Leiam o texto e respondam as seguintes questões:
1 - Explique o significado de Caos, Cosmo e Eros, segundo o texto.
2 – Explique o modo de interpretar o amor que está registrado no diálogo “O banquete”, de Platão.
3 - Por que, o homem é um ser simbólico, segundo Cassirer?
4 - mencionem outros signos observados em seu caminho para a escola, sempre indicando o significado deles.

5 - O que é um signo?

Prof. Manoelito

2 comentários:

  1. o mó gigante os textos sé loko
    mais TA SERTO

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. O principal objetivo da escola é desenvolver no aluno as habilidades e competências escritora e leitora, o aluno que consegue isso, estará preparado para superar as inúmeras dificuldades que enfrentará ao longo da sua vida. Certo?
      Qualquer dúvida, pode comentar.

      Excluir