segunda-feira, 17 de junho de 2013

Viver para o outro - Emmanuel Levinás


Em geral, quando nos vemos como indivíduos, temos uma certeza: somos nós e o mundo. O "eu" percebe o mundo e os entes do mundo como coisas. Dividimos o mundo em entes importantes para nós e entes que não nos são importantes; entes que amamos e entes que não amamos; entes que fazem parte da nossa vida e entes que ignoramos por completo.
Dessa maneira, categorizamos o mundo e damos sentidos a tudo. Por exemplo, no livro A menina que roubava livros, de Marcus Zusak, a personagem principal guarda alguns livros, mesmo sem saber ler, pois eles significam a presença do irmão e da mãe, isto é, o sentido dos livros não foi atribuído pelo texto, mas pela analogia que a menina fez entre esses objetos e pessoas que amava.

A linguagem como acesso ao outro
A linguagem nos precede, nós recebemos o que somos não por nós mesmos, mas a partir do onde fomos criados. Somos fruto do mundo que nos cerca. Somos parte dele, quer queiramos ou não, justamente porque até a maneira de vermos o mundo está constituída pelas formas de linguagem que aprendemos de outras pessoas, como os nossos pais e professores.
A troca de sentidos é o que nos faz humanos. Ao reconhecer que outras pessoas são capazes de dar sentido, elas deixam de ser apenas coisas e tornam-se o outro, parte do nosso "eu", assim como nós nos tornamos parte deles. No entanto, o outro é para nós um profundo e infinito mistério, e cada pessoa do mundo pode nos levar a lugares jamais pensados.
Por isso, é preciso viver para o outro, pois assim o desenvolvimento do nosso "eu" será cada vez maior. Viver para o outro é a melhor maneira de viver para si, pois os outros são a maior parte de nós mesmos. Os outros são as pessoas de quem gostamos ou de quem não gostamos. Estranhos ou conhecidos. Podemos compreender e sermos compreendidos por todos. Nossa atitude ética, então, é viver para o outro, e cada vez que nos aproximamos dos outros nós nos completamos, nos instituímos. Os outros nos dão mais expressividade, mais linguagem. Portanto, devemos viver por quem nos dá mais, que é a maneira de vivermos por nós mesmos, ou seja, viver para o outro.

1 – Segundo Emmanuel Lévinas, como categorizamos o mundo e damos sentidos a tudo?
2 – Qual a importância da linguagem, segundo Emmanuel Lévinas?
3 – Segundo Emmanuel Lévinas, porque é preciso viver para o outro?




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