Em geral,
quando nos vemos como indivíduos, temos uma certeza: somos nós e o mundo. O
"eu" percebe o mundo e os entes do mundo como coisas. Dividimos o
mundo em entes importantes para nós e entes que não nos são importantes; entes
que amamos e entes que não amamos; entes que fazem parte da nossa vida e entes
que ignoramos por completo.
Dessa
maneira, categorizamos o mundo e damos sentidos a tudo. Por exemplo, no livro A
menina que roubava livros, de Marcus Zusak, a personagem principal guarda
alguns livros, mesmo sem saber ler, pois eles significam a presença do irmão e
da mãe, isto é, o sentido dos livros não foi atribuído pelo texto, mas pela
analogia que a menina fez entre esses objetos e pessoas que amava.
A linguagem como acesso ao outro
A linguagem
nos precede, nós recebemos o que somos não por nós mesmos, mas a partir do onde
fomos criados. Somos fruto do mundo que nos cerca. Somos parte dele, quer
queiramos ou não, justamente porque até a maneira de vermos o mundo está
constituída pelas formas de linguagem que aprendemos de outras pessoas, como os
nossos pais e professores.
A troca de
sentidos é o que nos faz humanos. Ao reconhecer que outras pessoas são capazes
de dar sentido, elas deixam de ser apenas coisas e tornam-se o outro, parte do
nosso "eu", assim como nós nos tornamos parte deles. No entanto, o
outro é para nós um profundo e infinito mistério, e cada pessoa do mundo pode
nos levar a lugares jamais pensados.
Por isso, é
preciso viver para o outro, pois assim o desenvolvimento do nosso
"eu" será cada vez maior. Viver para o outro é a melhor maneira de
viver para si, pois os outros são a maior parte de nós mesmos. Os outros são as
pessoas de quem gostamos ou de quem não gostamos. Estranhos ou conhecidos.
Podemos compreender e sermos compreendidos por todos. Nossa atitude ética, então,
é viver para o outro, e cada vez que nos aproximamos dos outros nós nos completamos,
nos instituímos. Os outros nos dão mais expressividade, mais linguagem. Portanto,
devemos viver por quem nos dá mais, que é a maneira de vivermos por nós mesmos,
ou seja, viver para o outro.
1 – Segundo Emmanuel
Lévinas, como categorizamos o mundo e damos sentidos a tudo?
2 – Qual a importância
da linguagem, segundo Emmanuel Lévinas?
3 – Segundo Emmanuel
Lévinas, porque é preciso viver para o outro?
Nenhum comentário:
Postar um comentário