domingo, 23 de março de 2014

CONTEÚDOS DAS SITUAÇÕES 3 e 4 - 3ª SÉRIE - 1º BIMESTRE - AVALIAÇÃO 2

SITUAÇÃO 3 A CONDIÇÃO ANIMAL COMO PONTO INICIAL NO PROCESSO DE COMPREENSÃO SOBRE O HOMEM O objetivo do tema é dar início à reflexão sobre os seres humanos, destacando a importância de admitir sua condição de animal dotado de um corpo que o aproxima e o distingue dos demais seres do planeta. Admitir essa aproximação e essa distinção requer esforço típico da reflexão filosófica, indubitavelmente necessária para a formação ética e para a construção da convivência humana solidária. Afinal, uma das perguntas centrais da Filosofia é exatamente: Quem somos nós, seres humanos? E ainda: Qual é a nossa condição de transformar o mundo em que vivemos em um lugar melhor? Vamos iniciar esta reflexão por aquilo que o nosso olhar constata de imediato quando mira um ser humano e a si mesmo, ou seja, começaremos pela evidência de que temos um corpo. E esse corpo nos remete, antes de tudo, ao lugar dos animais. As primeiras perguntas em nossa reflexão filosófica são: Que espécie de animal nós somos? O que nos caracteriza? O que nos marca como animais da espécie humana? Assim, o desafio é na perspectiva de pensar, falar, ler e escrever sobre a condição natural do ser humano, suas características corpóreas e suas necessidades físicas, psicológicas e sociais. Com o auxílio dos textos filosóficos, vocês serão motivados a refletir sobre a importância de se conceber aproximações e distinções entre o homem e os demais seres da natureza. O olhar atento e reflexivo sobre a nossa condição animal nos remete a um cenário de disputas de alimento, de território, de machos e de fêmeas. Esse mesmo olhar nos remete, portanto, a um traço fundamental do ser humano, que é a possibilidade de destruição de outros seres na luta pela sobrevivência e na luta por poder e bens que, em um primeiro momento, não estão ao seu alcance. A reflexão filosófica não pode ignorar esse traço constitutivo de nossa realidade e não pode deixar de formular duas perguntas centrais: Como a humanidade construiu sua convivência enfrentando esta disputa? Como é possível uma educação dos homens para garantir sobrevivência em cooperação e solidariedade? Em geral, a Filosofia e as ciências contam com uma vasta literatura que aborda a importância de se distinguir o ser humano dos demais seres da natureza. Já no século XVII, e com mais vigor a partir do século XIX, as ciências se afirmaram como conhecimento capaz de não apenas demonstrar a superioridade humana na natureza, mas de conceber a necessidade de dominar essa mesma natureza, construindo a ideia de que não somos apenas diferentes, mas superiores aos outros seres. Essa consciência pode ter impulsionado todas as maravilhas técnicas e científicas que a humanidade edificou. Mas responde também pela ilusão de que somos capazes de intervir e controlar a natureza sem consequências desastrosas para nós mesmos e para todo o planeta. Uma ideia importante é considerarmos a perspectiva de não nos vermos como seres distintos e superiores, mas distintos e ocupantes de um mesmo contexto material, natural; distintos e responsáveis justamente por sermos seres de consciência, capazes de prever consequências, assumir equívocos e de rever metas contemplando a preservação da própria vida e a de outros seres. Descartes e Pascal nos oferecem dois textos interessantes para inspirar essa consciência sobre nossa inserção em uma natureza material assim como a todos os seres que nos cercam. Ambos foram escritos no século XVII. Meditações E, primeiro, não existe nenhuma dúvida que tudo o que a natureza me ensina contém algo de verdadeiro […]. Ora, não há nada que essa natureza me ensine mais claramente nem mais sensivelmente que o fato de eu ter um corpo que fica indisposto quando sinto dor, que tem necessidade de comer ou de beber quando tenho os sentimentos de fome ou de sede etc. E, portanto, eu não posso absolutamente duvidar que tenha alguma verdade nisso. A natureza me ensina também por meio desses sentimentos de dor, fome, sede etc. que eu não estou apenas alojado em meu corpo como um comandante em seu navio, mas que, além disso, lhe estou muito intimamente conjugado e tão entrelaçado e misturado que componho um único todo com ele. [...] Além disso, a natureza me ensina que vários outros corpos existem em volta do meu, alguns dos quais devo seguir e de outros fugir. DESCARTES, René. Oeuvres philosophiques de Descartes. Adolphe Garnier (Org.). V. 1. Paris: Librairie Classique ET Élémentaire de L. Hacuette, 1835. Disponível em: . Acesso em: 16 out. 2013. Tradução Célia Gambini. O homem perante a natureza A primeira coisa que se oferece ao homem ao contemplar-se a si próprio é seu corpo, isto é, certa parcela de matéria que lhe é peculiar. Mas, para compreender o que ela representa e fixá-la dentro de seus justos limites, precisa compará-la a tudo o que se encontra acima ou abaixo dela. Não se atenha, pois, a olhar para os objetos que o cercam, simplesmente, mas contemple a natureza inteira na sua alta e plena majestade. Considere esta brilhante luz colocada acima dele como uma lâmpada eterna para iluminar o universo, e que a Terra lhe apareça como um ponto na órbita ampla deste astro e maravilhe-se de ver que essa amplitude não passa de um ponto insignificante na rota dos outros astros que se espalham pelo firmamento. E se nossa vista aí se detém, que nossa imaginação não pare; mais rapidamente se cansará ela de conceber, que a natureza de revelar. Todo esse mundo visível é apenas um traço perceptível na amplidão da natureza, que nem sequer nos é dado a conhecer de um modo vago. Por mais que ampliemos as nossas concepções e as projetemos além de espaços imagináveis, concebemos tão somente átomos em comparação com a realidade das coisas. [...] Afinal que é o homem dentro da natureza? Nada, em relação ao infinito; tudo, em relação ao nada; um ponto intermediário entre o tudo e o nada. Infinitamente incapaz de compreender os extremos, tanto o fim das coisas quanto o seu princípio permanecem ocultos num segredo impenetrável, e é-lhe igualmente impossível ver o nada de onde saiu e o infinito que o envolve. PASCAL, Blaise. Parte dois. Pensamentos. Tradução Mario Laranjeira. São Paulo: Martins Fontes, 2005. Após a leitura em silêncio dos dois fragmentos, compare- os. 1. Quais argumentos se aproximam, isto é, nos fazem pensar ideias semelhantes ou iguais? 2. Quais são os argumentos diferentes? O que nos permite dizer que existem diferenças entre os dois textos? Se um texto (Descartes) traz a visão de conflito do homem consigo mesmo, o outro (Pascal) traz a ideia de nossa limitação diante da natureza. Duas condições básicas da existência humana que precisam ser corajosa e filosoficamente enfrentadas para a compreensão do ser humano. Qualquer projeto educacional com vista à preservação da natureza, e com esta à preservação da humanidade, requer conscientização sobre nossos limites e nossas necessidades como seres corpóreos que até o presente momento nada sabem sobre seu início, seu fim e que continuam a destruir-se mutuamente. 1. Quais são as consequências de termos um corpo humano? Em primeiro lugar a necessidade de nos alimentar, de defecar, de promover a higiene do nosso corpo, assim como as possibilidades de manusear e fabricar coisas, e como essas ações, derivadas do fato de termos um corpo, afetam outros corpos dispostos no meio ambiente. 2. Imagine o corpo humano com outras características, diferentes das nossas. E nós, seres humanos, tivéssemos bico no lugar da boca? Ou quatro braços? Enfim, diante das características novas pensadas por você, quais seriam as consequências? Como viveríamos? 3. Como a nossa sociedade atual vem resolvendo os desafios impostos pelo fato de sermos um corpo com possibilidades e limites? Para responder a esta pergunta, vocês podem considerar o contexto social brasileiro. Podem abordar questões sobre mobilidade, saúde, trabalho, lazer e as dificuldades postas para crianças, idosos e deficientes (temporários e permanentes). podem explorar, em seus trabalhos, os preconceitos que têm como ponto de apoio os diferentes corpos, ou mesmo a busca por um padrão ideal de corpo. SITUAÇÃO 4 A LINGUAGEM E A LÍNGUA COMO CARACTERÍSTICAS QUE IDENTIFICAM A ESPÉCIE HUMANA O objetivo do tema é refletir sobre a condição dos seres humanos e suas características fundamentais. Linguagem e palavra. Linguagem é palavra associada aos processos de comunicação entre os seres. Compreendida em um sentido amplo, está presente nas práticas realizadas por todos os animais, incluindo gestos, movimentos, sinais de diversas naturezas, cores, sons; não é, portanto, um processo exclusivamente associado aos seres humanos. Aristóteles, em seu livro A política, anunciou essa especificidade humana afirmando que todos os animais têm vozes, mas somente o homem tem palavra. No currículo do Ensino Médio, as aulas de Arte são espaço importante para a criação e a reflexão de diferentes linguagens da arte. Nesta Situação, focaremos a palavra e a língua como aspectos definidores do ser humano e, também, como condição para a elaboração do discurso filosófico. Analisaremos, então, como temas, a língua como fundadora dos saberes coletivos, a língua como criadora de realidades, e a Filosofia como área privilegiada para o cuidado com as criações da língua, como lugar de reflexão e tratamento da linguagem escrita e falada. Competências e habilidades a serem desenvolvidas: elaborar hipóteses para o enfrentamento de questões relativas aos temas deste volume; refletir sobre a distinção entre linguagem e língua; relacionar pensamento, linguagem e língua; refletir sobre o papel da língua para a produção e preservação de saberes coletivos, bem como para representar o real e imaginar diferentes realidades. Para dar início à nossa reflexão sobre a palavra como um traço fundamental do ser humano com a questão: O que vocês pensam sobre a condição humana? Já tiveram oportunidade de parar para considerar reflexivamente as consequências da palavra para a constituição do ser humano como se apresenta atualmente? Considerem o processo de pensamento como um fenômeno permitido pela palavra. Ainda que não expresso, que não dito, um pensamento é produzido com a articulação de palavras. As palavras articulam-se no contexto de uma língua. Por isto é possível afirmar que não existe pensamento sem a base, sem o suporte de uma língua. A língua e os saberes coletivos A língua, por sua vez, tem seus suportes. A língua falada tem como base física os sons, ou seja, a vibração do ar, e a língua escrita tem sua base na imagem, quer dizer, em um desenho no espaço. Ela também tem uma base física no animal que fala. A língua falada depende de um aparelho fonético bastante sofisticado, e a língua escrita depende de uma mão igualmente sofisticada. Há, ainda, a linguagem de sinais, que tem como base os gestos decorrentes de uma linguagem natural. Todas apresentam características exclusivas da nossa espécie. As línguas falada, escrita e de sinais têm uma base cultural, pois são indissociavelmente ligadas a uma forma de vida, uma cultura determinada. Ao mesmo tempo que a cultura é gerada pela língua, ela também gera a língua. Ao nomear, classificar, categorizar, registrar suas experiências vitais, os seres humanos criam palavras e sintaxes articuladoras de palavras ao contarem histórias de modos particulares de vida. A língua é o “saber coletivo” fundamental de um povo, de uma nação, de uma cultura. É fundamental porque, com a língua, os grupos humanos fundam sua identidade, por meio das palavras que organizam e nomeiam suas para sobrevivência, suas crenças, seus valores, suas artes. Assim como é verdadeira a afirmação de que existem comunicações sem palavras, é verdadeira a impossibilidade de constituição de um agrupamento humano, seja uma tribo, uma cidade ou um país, sem a edificação de saberes coletivos que são planejados, registrados – ainda que na memória da tradição oral – e comunicados pela língua de geração em geração. A língua é o saber coletivo mais bem repartido de um povo ou comunidade. Além disso, é um saber em contínua transformação e crescimento. Todos nós aprendemos a língua constantemente e todos nós ensinamos a língua constantemente. A língua de um povo, portanto, é um instrumento valioso para a sua identidade. Ela é a espinha dorsal de uma sociedade ou cultura. E é por isso que os antropólogos, quando se deparam com uma nação tribal em risco, imediatamente chamam os linguistas para fixarem a língua em uma escrita, na tentativa de não deixá-la morrer. Atividade: em grupos, respondam ao desafio de explicar o significado da palavra “caneta” para um ser extraterrestre que não conhece os objetos da Terra e tampouco as línguas aqui faladas. É importante usarem recursos como mostrar e descrever o objeto, transmitir por meio de gestos a finalidade do objeto, pois é muito provável que o visitante não reconheça ou não conheça nenhuma dessas representações associadas à palavra “caneta”. Nesse caso, ainda que o extraterrestre tenha entendido que se está tentando ensinar para ele uma palavra da nossa língua e, com muito boa vontade, se coloque à disposição para aprender, temos as seguintes possibilidades diante das prováveis soluções para explicar o significado de “caneta”. • Ele pode considerar que se trata de um objeto adorado pelos terráqueos. • Pode achar que a palavra “caneta” seja o ato de apontar alguma coisa. • Ou então, que seja o nome do material de que ela é feita, por exemplo, o plástico. • Ou que é o nome da forma que a caneta tem, por exemplo, um cilindro. • Ou ainda, que seja a maneira de designar um ponto no espaço. • Pode achar também que o que está sendo apontado não é o que está perto do dedo, mas o que se encontra na direção oposta da ponta do dedo. • Ou que “caneta” é o nome de uma dança que consiste em apontar algo e insistir em um mesmo som: “caneta”, “caneta!”, “ca-ne-ta”... As possibilidades de interpretação do extraterrestre são virtualmente infinitas. O certo é que, se no planeta dele houvesse um objeto como uma caneta, um instrumento que lá também serviria para escrever, nesse caso, seria mais provável que ele entendesse o significado da palavra. Com essa hipótese, concluímos: • O significado de uma palavra não é dado pela observação do objeto em termos de suas linhas, suas cores, seu material; • O significado de uma palavra depende da familiaridade que temos com certos objetos, conceitos, gestos e maneiras de falar; • A língua está muito mais ligada a uma forma de vida do que à operação de representar objetos ou experiências por meio de sons ou da escrita. Pensamos, falamos, lemos e escrevemos as palavras que herdamos como seres nascidos em tempo e espaço determinados, em meio a saberes coletivos já consolidados. Herdamos a língua com as palavras já enredadas em significados. É com essas palavras, com essa herança que é a língua, que abarca os saberes coletivos de nosso grupo cultural e o universo de significados por ele produzidos, que construímos nossa arte, nossa expressão escrita e falada, nosso modo de ler e dizer o mundo. A língua como criadora de realidades Outra característica importante do ser humano que é permitida pela linguagem pode ser encontrada na capacidade de sair do presente e da presença do que é visto para lançar-se ao passado, ao futuro e a mundos nunca visitados. Aliadas à faculdade da memória, a língua e a linguagem nos trazem registros do passado; e aliadas à nossa capacidade imaginativa, nos projetam para o futuro. Passado e futuro só existem por causa da linguagem e da palavra. A característica virtual da linguagem e da língua permite essa fuga para lugares não existentes. Tal virtualidade permite, ainda, que pensemos em objetos que não estão presentes e sobre experiências que não são nossas. Com a linguagem e a língua, representamos o mundo, imaginamos outras formas de viver e elaboramos saberes coletivos que herdamos e transmitimos para gerações que nos sucedem. Para a reflexão sobre esse papel da língua, proponho um desafio: mantenham os olhos fechados durante 30 segundos. Quem será capaz de fazer isso? Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais, rugiam raivosamente 5 mil soldados. Agora, respondam: o que vocês imaginaram quando eu fiz a leitura do texto: • Como era o velho? Ele usava chapéu? • E como eram os dois homens feitos? • E a criança, era menino ou menina? • E os 5 mil soldados? Eram soldados da polícia? Do Exército? De que época? • Onde a cena imaginada se passou? Na cidade, no campo? Fazia calor? Fazia frio? • Alguém se perguntou por que 5 mil soldados para enfrentar quatro pessoas? • Alguém interpretou em que circunstâncias esse fato teria ocorrido? • Alguém ficou com pena daquelas quatro pessoas? • Alguém ficou indignado com a desproporção entre as quatro pessoas e os 5 mil soldados? Justifiquem suas interpretações e as discutam entre si. Com certeza, as interpretações foram diferentes para cada cena descrita. E isso mostra a força da imaginação pessoal na compreensão do que é descrito ou narrado, e como ela ocorre de maneira aparentemente automática, sem identificarmos os motivos desta ou daquela associação de ideias. A linguagem é isto: um processo que permite a criação de fatos na mente das pessoas. Permite a criação de imagens, de ideias, de acontecimentos, de emoções, de julgamentos e, até mesmo, de todos esses aspectos simultaneamente, seja na reflexão que cada um de nós faz consigo mesmo, seja no ato da expressão e comunicação entre diferentes indivíduos, em sociedade. A Filosofia como o cuidado com as criações da palavra Até o momento, vimos que o homem é um ser de linguagem assim como os outros animais, mas que em sua linguagem há uma especificidade que o distingue e que se chama “palavra”. A palavra relaciona-se ao pensamento, criando-o e sendo criada por ele. Vimos que as palavras se articulam na língua de forma a descrever e nomear as coisas do mundo, mas não somente isso. A língua é um processo bastante complexo, associado às ações humanas, ao que os seres humanos fazem para sobreviver, mas, sobretudo, é um processo que permite a construção de significados ou de saberes coletivos como a ciência, a religião, a técnica, a tecnologia, a arte. Vimos que linguagem e língua permitem, ainda, que o ser humano ocupe um lugar imaginário, escapando do mundo tal como se mostra. E a Filosofia? Também resulta da capacidade humana de criar a língua e é criada por essa capacidade reciprocamente. Os conceitos filosóficos e os modos de sua enunciação nada mais são do que o resultado de uma depuração do uso comum de uma língua. Esse processo pode ocorrer deliberadamente e resultar na criação de um sistema filosófico, como quando, por exemplo, um filósofo se debruça sobre noções morais encontradas no senso comum para examinar se estão corretamente formuladas ou não, como fez Kant em sua obra Fundamentação da metafísica dos costumes (1784). Pode ser também que um filósofo se sirva da linguagem comum para expressar concepções inusitadas, valendo-se, para tanto, do recurso a um estilo particular, como Rousseau, no Discurso sobre os fundamentos e a origem da desigualdade entre os homens (1756), obra que pretende demonstrar uma verdade que poucos perceberam, por meio de uma linguagem que todos conhecem, moldada por um estilo elevado e comovente. Por fim, frequentemente acontece de a própria linguagem comum embutir conceitos e raciocínios filosóficos de maneira irrefletida, que ali se encontram pelo acúmulo de experiências dos diferentes usuários da língua ao longo do tempo. Encontramos exemplos abundantes disso na maneira como são utilizadas as definições de nomes, ou como são estabelecidas as relações entre sujeito e predicado, na atribuição dos gêneros, nas flexões e declinações, em praticamente todas as operações gramaticais. Toda língua tem regras, é como um sistema, e funciona como uma espécie de reflexão sobre si mesma, ou seja, sobre a sua própria capacidade de enunciação. Isso mostra que há muito em comum entre o uso de uma língua e o pensamento filosófico. É curioso notar que o sentido e o significado são transmitidos, nas línguas, pela expressividade dos sons, e que, portanto, o que a língua pensa, ou permite pensar, quando a falamos ou a ouvimos, é comunicado pela sensibilidade e tem efeito direto nesta. Após a leitura do texto, respondam as seguintes questões: 1. Qual é a diferença entre língua e linguagem? 2. Por que é possível afirmar que a grande distinção entre os homens e os demais animais é a língua e não a linguagem? 3. Quais são as experiências dos seres humanos cuja realização só é possível por meio da língua, da palavra? 4. Por que é possível dizer que a palavra – a língua – cria realidades, cria mundos que não existem? 5. Com base na leitura dos textos, escreva um texto argumentativo tendo como base o seguinte tema: “Linguagem e língua são senhas para entrar no mundo humano”.

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