Muitas
pessoas sonham ou têm pesadelos onde aparecem sem roupa na rua, à frente de
estranhos, Ficam aflitas e envergonhadas e só sentem alívio ao despertarem e
perceberem que tudo não passou de um sonho. A partir disso, podemos pensar,
filosoficamente, por que sentimos vergonha? Por que um bebê não sente vergonha
de estar sem roupa?
Para Sartre,
a vergonha vem do fato de que nós somos o que os outros nos revelam. Assim, no
caso da vergonha, somos instituídos pela presença julgadora dos outros. Nós
reconhecemos nossa existência a partir do significado que o outro nos atribui.
Se me sinto envergonhado e acho que o que está acontecendo comigo é algo feio,
é o outro que me revela nesse significado. Do mesmo modo, ao estar apaixonado,
egoisticamente precisando ser amado, o outro me revela nessa necessidade.
Diferentemente
do amor, que quer aprisionar o outro ao nosso lado, o ódio também revela quem
somos. O ódio revela minha maldade, meu ser cruel, que despreza a liberdade do
outro. Por isso, mesmo quem ri de nós nos institui. Enfim, cada um de nós
experimenta a própria existência sob o olhar alheio.
Isso faz com
que nossa relação com os outros seja tão íntima que precisamos assumir uma vida
ética. Por mais que eu me considere de determinada maneira, sempre haverá quem
nos mostra de modo diferente. Podemos até disfarçar, mas o ato de disfarçar já
é colocar-se no mundo com base no outro. Por isso, Sartre chegou a dizer que o
inferno são os outros. Não há como escapar disso: é preciso ser ético.
Alienação moral
Alienação
moral é preocupar-se de maneira distorcida com o outro. Não é ignorá-lo, visto
que é impossível, pois ele nos mostra em si como somos, mas traduzi-lo de uma
forma que não permita essa revelação. No processo de alienação moral, uma
pessoa trata as demais sem reflexão que permita o questiona-mento sobre
diferenças, semelhanças, justiça, igualdade; sem pensar a si mesmo.
Sobre isso,
Sartre afirmou que não podemos viver com morais alienantes, fora da história. A
ética deve ser entendida como ação no mundo, sob o contingenciamento da
história - história e ética se confundem. A alienação moral procura fazer com
que a ação do passado seja repetida no presente; o que é bom é a cópia do que
foi bom, ignorando as transformações que a história de cada um e das sociedades
imputa a todos. Não podemos dizer, sem pensar, que o que era errado há 100 anos
continuará sendo errado, que não deve haver mudanças.
Tanto quanto
o organismo precisa de alimento, água e ar, nós, seres humanos, precisamos de
ética. Sua falta pode significar a morte ou uma falsa vida, falsa individualidade
e pseudoexistência. Sem ética, sem pensar no outro como revelador de nós
mesmos, nós não passamos de pássaros que não têm asas. Sem agir em benefício
dos outros, ainda que pensemos, teríamos as asas, mas mesmo assim não
voaríamos.
Cabe,
portanto, no presente, a preocupação de como devemos agir em relação ao outro.
As mudanças de nosso tempo exigem uma reflexão a respeito de nossa convivência
ética, com os desafios do mundo atual, para a construção da solidariedade entre
os seres humanos.
Cabe a cada
um de nós assumirmos a reflexão pura e sermos autênticos na perspectiva da
solidariedade. Devemos nos reconciliar conosco e assumir a ação ética no mundo,
mesmo que não tenhamos apoio: as atitudes antiéticas dos outros nos revelarão
éticos.
Portanto, sermos
éticos é assumirmos a responsabilidade com o outro, com aquele que não somos.
Com base nisso, teremos a autenticidade da nossa própria vida e não a vileza de
uma vida baseada em sistemas não-históricos. Afinal, é o outro que nos revela o
que somos.
1 – Segundo Sartre, por que sentimos vergonha?
2 – Por que, Alienação
moral é o inferno são os outros?
3 – O que é Alienação
moral Segundo Sartre?
4 – Como se dá
o processo de alienação moral?
5 – Compare as
seguintes frases abaixo e conclua de acordo com o seu entendimento o que o
autor quis demonstrar.
a) Tanto quanto
o organismo precisa de alimento, água e ar;
b) Nós, seres
humanos, precisamos de ética.
gostei ajuda muito em trabalhos escolares
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