O que é o
amor?
Poetas e filósofos
da Grécia Antiga, no período que abarca os séculos VIII, VII e VI a.C.
registraram diferentes interpretações para compreender o amor e sua importância
para os seres humanos.
Hesíodo,
poeta grego do século VIII a.C. escreveu uma obra denominada Teogonia, na qual
descreve em poemas a origem dos deuses gregos. Para ele, o deus do amor, Eros,
era filho do primeiro deus manifesto no mundo: deus Caos. No poema de Hesíodo,
Eros é o deus de extrema beleza e capaz de organizar o mundo, fazendo com que
os seres saiam do caos e construam o cosmo. Em grego antigo, caos significa o
início sem ordem e cosmo é o mundo organizado, Eros é o deus capaz de unir os
seres e de organizar o mundo.
Porém, na
própria Antiguidade grega, há uma outra interpretação para a origem e o papel
deste deus. Posterior à obra de Hesíodo, outro modo de interpretar o amor está
registrado no diálogo O banquete, de Platão, segundo o qual o amor emana de um
deus cujos pais são Poros (deus identificado como Recurso, por sua capacidade
de encontrar recursos materiais) e Penia (deusa identificada como Pobreza). No
dia do nascimento de Afrodite, deusa da beleza, Poros e Penia se encontraram e
conceberam Eros, deus que vive com necessidade do outro, com necessidade de superar
sua condição de um ser que nada tem e ao mesmo tempo um deus inteligente,
inventivo, que por ser concebido no dia do nascimento de Afrodite, era belo,
capaz de conquistar e de unir-se aos outros seres.
A associação
de Eros à deusa Afrodite interpretada por poetas posteriores a Hesíodo como uma
relação de mãe e filho. Há uma tradição bastante divulgada sobre a mitologia
grega que apresenta Eros como filho de Hermes e Afrodite.
A seguir, um
fragmento do diálogo “O Banquete”, de Platão, com sua interpretação para a
origem e o significado do amor.
O banquete (o amor, o belo)
"[...]
Quando nasceu Afrodite, banqueteavam-se os deuses, e entre os demais se
encontrava também o filho de Prudência, Recurso. Depois que acabaram de jantar,
veio para esmolar do festim a Pobre e ficou pela porta. Ora, Recurso,
embriagado com o néctar - pois vinho ainda não havia – penetrou o jardim de
Zeus e, pesado, adormeceu. Pobreza então, tramando em sua falta de recurso
engendrar um filho de Recurso, deita-se ao seu lado e pronto concebe o Amor.
Eis por que ficou companheiro e servo de Afrodite o Amor, gerado em seu
natalício, ao mesmo tempo que por natureza amante do belo, porque também Afrodite
é bela. E por ser filho o Amor de Recurso e de Pobreza foi esta a condição em
que ele ficou. Primeiramente ele é sempre pobre, e longe está de ser delicado e
belo, como a maioria imagina, mas é duro, seco, descalço e sem lar, sempre por
terra e sem forro, deitando-se ao desabrigo às portas e nos caminhos, porque
tem a natureza da mãe, sempre convivendo com a precisão. Segundo o pai, porém,
ele é insidioso com o que é belo e bom, e corajoso, decidido e enérgico,
caçador terrível, sempre a tecer maquinações, ávido de sabedoria e cheio de
recursos, a filosofar por toda a vida. terrível mago, feiticeiro, sofista: e
nem imortal é a sua natureza nem mortal, e no mesmo dia ora ele germina e vive,
quando enriquece; ora morre e de novo ressuscita, graças à natureza do pai; e o
que consegue sempre lhe escapa, de modo que nem empobrece o Amor nem enriquece,
assim como também está no meio da sabedoria e da ignorância. Eis com efeito o
que se dá.[...]" (p. 21).
Um mito é uma
narrativa que trata de algo sem necessariamente submeter-se às formas lógicas,
como nas ciências. Em geral, os mitos estão envolvidos com a religião dos povos
e com as crenças das pessoas.
Ernest Cassirer,
no livro A filosofia das formas simbólicas,
desenvolve profunda reflexão sobre os mitos. Para ele, o mito seria a primeira
forma de interpretação do mundo, o que deu lugar, depois, à religião, sem que
seja superior. Todo o contato do homem com a natureza e com os outros homens é
realizado por meio de símbolos. O homem toca o mundo pelos signos, ele os
inventa e deles tira o sentido das coisas.
Desde os
primórdios da história, o homem acredita e representa suas crenças e suas
visões do mundo. Os símbolos são a formas que o homem usa para representar sua
vida. Por exemplo:
·
Quando falamos à pessoa amada você é tudo de que
meu coração precisa, é fácil entender que estamos dizendo que amamos e que sofreremos
se não formos correspondidos.
·
Quando uma criança pega algum objeto que estava
no chão e coloca na boca, dizemos caca! - usamos um símbolo (uma palavra) que
representa a sujeira.
Os símbolos
são partilhados por várias pessoas, mas também podem ser muito pessoais, acontecendo
o mesmo com os significados. Lembre-se de que o signo é a representação dos
sentidos de algo: pode ser uma imagem, um som, um cheiro, um sabor, um gesto,
uma temperatura, uma dança. O significado é o "conteúdo" desse signo,
a ideia que está por trás daquilo que se apresenta para as pessoas ou para si
mesmo.
Sobre o mito
anterior, ainda que Cassirer faça uma crítica ao tipo de uso que Platão fez do
mito, podemos perceber que se trata de uma narrativa simbólica, e que cada
símbolo ou signo corresponde a um ou mais significados no mundo.
Leiam o texto e respondam as seguintes questões:
1 - Explique o
significado de Caos, Cosmo e Eros, segundo o texto.
2 – Explique o modo de interpretar o amor que está registrado no diálogo “O banquete”,
de Platão.
3 - Por que,
o homem é um ser simbólico, segundo Cassirer?
4 - mencionem
outros signos observados em seu caminho para a escola, sempre indicando o significado
deles.
5 - O que é
um signo?
Prof. Manoelito
o mó gigante os textos sé loko
ResponderExcluirmais TA SERTO
O principal objetivo da escola é desenvolver no aluno as habilidades e competências escritora e leitora, o aluno que consegue isso, estará preparado para superar as inúmeras dificuldades que enfrentará ao longo da sua vida. Certo?
ExcluirQualquer dúvida, pode comentar.