Desigualdade natural e desigualdade social
Em que
consiste a diferença entre algo estabelecido por convenção e algo determinado
pela natureza? Dê exemplos.
Em 1753, a Academia de Dijon,
na França, lançou um concurso no qual os interessados deveriam discorrer sobre
a seguinte questão: "Qual é a origem da desigualdade entre os homens e se
é autorizada pela lei natural?". Jean-Jacques Rousseau já havia vencido
anteriormente um concurso semelhante, proposto pela mesma academia, sobre o
tema "Se o progresso das ciências e das artes contribuiu para corromper ou
apurar os costumes". Resolve, então, participar de novo, escrevendo seu
Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens. Vejamos como, nesse
texto, o autor explica o surgimento da desigualdade social.
Inicia
distinguindo dois tipos de desigualdade: uma instituída pela natureza e outra
produzida pelos homens. Deixemos, porém, que o próprio autor, em sua obra,
explique mais claramente a diferença entre elas:
"Concebo
na espécie humana duas espécies de desigualdade: uma, que chamo de natural ou
física, porque é estabelecida pela natureza, e que consiste na diferença das
idades, da saúde, das forças do corpo e das qualidades do espírito, ou da alma:
a outra, que se pode chamar de desigualdade moral ou política, porque depende
de uma espécie de convenção, e que é estabelecida ou, pelo menos, autorizada
pelo consentimento dos homens. Consiste esta nos diferentes privilégios de que
gozam alguns com prejuízo dos outros, como ser mais ricos, mais honrados, mais
poderosos do que os outros, ou mesmo fazerem-se obedecer por eles."
No caso da
desigualdade natural, diz Rousseau, não e necessário perguntar sobre sua causa
porque "a resposta se encontraria enunciada na simples definição da
palavra": ela decorre da natureza. Por isso, o autor vai se dedicar a
investigar as origens da desigualdade que ele chama de "moral ou política",
isto é, da desigualdade social, procurando compreender o processo pelo qual ela
foi gradualmente instituída pelos homens, desde os tempos mais remotos, até
chegar ao estado em que se encontrava à época em que ele vivia (Europa do
século XVIII).
Quanto ao
método que adota para empreender tal investigação, esclarece que utilizará
"raciocínios hipotéticos e condicionais" de modo que suas conclusões
não devem ser tomadas como "verdades históricas". Também não levará
em consideração as explicações dadas pela religião, segundo as quais a
desigualdade resultaria da vontade de Deus, preferindo deixar de lado os dogmas
da fé e, fazendo uso apenas da razão, "formar conjecturas, tiradas somente
da natureza do homem e dos seres que o rodeiam". Esclarece, ainda, que não
se preocupará em estudar o homem desde a sua origem, naquilo que poderia ser o
"primeiro embrião da espécie", para entender como por meio de
sucessivos desenvolvimentos ele chegou a ser o que é atualmente. Diz o autor:
"[...]
não me deterei a rebuscar no sistema animal o que teria podido ser no começo
para se tornar enfim o que é. Não examinarei, como o supõe Aristóteles, se suas
unhas alongadas não foram primeiro garras aduncas; se não era peludo como um
urso: e se, ao andar de quatro patas, o seu olhar dirigido para a terra e
limitado a um horizonte de alguns passos não marcaria ao mesmo tempo o caráter
e o limite de suas ideias."
Na realidade,
Rousseau opta por não recorrer aos conhecimentos disponíveis já naquela época
sobre as possíveis mudanças na conformação física e na anatomia do homem, por
se tratar de assunto sobre o qual ele apenas poderia formular "conjecturas
vagas e quase imaginárias". Em vez disso, prefere supor que o homem sempre
foi constituído, em todas as épocas, como ele é hoje: "andando com dois
pés, servindo-se de suas mãos como fazemos com as nossas, dirigindo o seu olhar
para toda a natureza e medindo com os olhos a vasta extensão do céu". Vale
lembrar que Rousseau não conheceu a teoria da evolução, de Darwin, que somente
surgiria no século XIX.
1 - Rousseau concebe
na espécie humana duas espécies de desigualdade. Quais são? Explique-as.
O homem no estado de
natureza.
Ao descrever
esse homem, Rousseau apresenta suas características físicas e morais. Em ambos
os casos, o homem primitivo era melhor que o homem civilizado. Rousseau
distingue, também, duas características inatas e inerentes à natureza humana: a
perfectibilidade e a piedade. A primeira é a capacidade do homem para se
aperfeiçoar, o que constitui um dos atributos a diferenciá-lo dos animais. Além
disso, a perfectibilidade é a grande responsável por retirar o homem do estudo
de natureza, permitindo que se instaurasse a desordem e a guerra. A segunda
consiste na "repugnância inata de ver sofrer o seu semelhante". Dessa
ideia de piedade inata decorre a tese do bom selvagem atribuída a Rousseau. O
autor faz a distinção entre "amor de si" (inato e voltado para a
preservação da vida) e "amor-próprio" socialmente adquirido, e origem
de muitos males por entender que ela pode inspirar a reflexão critica sobre os
valores que predominam na sociedade atual.
Segundo
Rousseau (Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens), antes de
existir no estado social, isto é, de viver em sociedade, o homem existia no
estado de natureza.
Do ponto de
vista físico, esse homem primitivo, embora fosse menos forte e ágil em certos
aspectos do que muitos animais, no conjunto, levava vantagens sobre todos eles;
a terra, naturalmente fértil e coberta de florestas imensas "que o machado
jamais mutilou", lhe permitia
satisfazer todas as suas necessidades naturais (alimentação, reprodução, abrigo
etc.) sem grandes dificuldades; acostumado desde a infância às intempéries da
natureza, à intensidade das estações, à fadiga, a defender de mãos vazias e nu
a si mesmo e à sua prole de animais ferozes ou deles escapar correndo,
valendo-se para isso apenas de seu próprio corpo, mostrava-se fisicamente
robusto e ágil muito mais do que qualquer homem poderia ser nos tempos atuais;
graças à sua robustez, praticamente não conhecia doenças, exceto os ferimentos
naturalmente decorrentes da velhice: visto que a preservação de sua vida era
praticamente sua única preocupação, era natural que os sentidos mais desenvolvidos
fossem aqueles mais diretamente voltados para esse objetivo (subjugar a presa
ou escapar de tornar-se uma) como a vista, a audição e o olfato, ao passo que o
tato e o paladar podiam permanecer rudes. Em suma, a exemplo do que ocorre com
os animais que, uma vez domesticados, perdem força, vigor e coragem, também o
homem, no estado de natureza, é muito melhor fisicamente do que no estado
social.
Do ponto de
vista moral, ao contrário dos animais que se limitam a seguir as regras
prescritas pela natureza, o homem se constitui como agente livre", podendo
escolher ou rejeitar essas regras. Assim, enquanto "um pombo morre de fome
perto de unia vasilha cheia das melhores carnes, e um gato sobre uma porção de
frutas ou de grãos, embora ambos pudessem nutrir-se com os alimentos que
desdenham, se procurassem experimentá-los, o homem, dotado de vontade, é capaz,
não apenas de diversificar seus alimentos, como também de continuar a comer
quando sua necessidade natural já foi satisfeita, ainda que isso lhe cause
prejuízo à saúde.
É justamente
essa sua condição de agente livre, e a consciência que possui dessa liberdade,
uma das diferenças entre o homem e os animais, segundo Rousseau.
"A
natureza manda em todo animal, e a besta obedece. O homem experimenta a mesma
impressão, mas se reconhece livre de aquiescer ou de resistir: e é, sobretudo
na consciência dessa liberdade que se mostra a espiritualidade de sua
alma".
Outra
característica distintiva do ser humano e a sua perfectibilidade, isto é, sua "faculdade
de se aperfeiçoar". Ao contrário do animal, que "é, no fim de alguns
meses, o que será toda a vida, e sua espécie, ao cabo de mil anos, o que era no
primeiro desses mil anos", o homem pode, com o auxílio das circunstâncias,
desenvolver suas potencialidades, as quais se encontram tanto no indivíduo
quanto na espécie. Infelizmente, diz Rousseau, é justamente essa capacidade
distintiva e quase ilimitada do homem para aperfeiçoar-se a fonte de todos os
seus males, uma vez que é ela a responsável por tirá-lo do estado de natureza
no qual ele "passaria dias tranquilos e inocentes".
Quanto aos
valores morais, Rousseau considera que, no estado de natureza, os homens não
eram nem bons, nem maus, nem possuíam vícios ou virtudes, uma vez que não havia
entre eles nenhum tipo de relação moral ou de deveres recíprocos. Na realidade,
a única virtude natural que possuíam era a piedade, entendida como uma
"repugnância inata de ver sofrer seu semelhante”. Decorre daí a ideia do
bom selvagem, frequentemente associada à teoria de Rousseau. Dessa virtude
natural é que resultam as virtudes sociais como a generosidade, a clemência, a
humanidade, a benquerença e a comiseração.
Essa piedade
natural do homem opõe-se ao seu amor-próprio, nele gerado pela razão e pela reflexão,
típicas do estado de sociedade. É por causa da reflexão que o homem é capaz de
pensar primeiro em si e, vendo sofrer um seu semelhante, dizer: "Morre, se
queres: estou em segurança". E complementa Rousseau:
"Pode-se
impunemente degolar o semelhante debaixo da janela: é só tapar os ouvidos e
argumentar um pouco, para impedir que a natureza, revoltando-se nele. o
identifique com aquele que se assassina. O homem selvagem não tem esse
admirável talento, e, por falta de sabedoria e de razão, vemo-lo sempre
entregar-se, aturdido, ao primeiro sentimento de humanidade".
A piedade é,
pois, para Rousseau, um sentimento natural presente em todos os homens. Daí sua
posição, de que o homem nasce bom e a sociedade o corrompe, ser contraria a de outros
pensadores, como Hobbes, por exemplo.
"É ela
que nos leva sem reflexão em socorro daqueles que vemos sofrer, é ela que, no estado
de natureza, faz as vezes de lei, de costume e de virtude, com a vantagem de
que ninguém é tentado a desobedecer à sua doce voz; é ela que impede todo
selvagem robusto de arrebatar a uma criança fraca ou a um velho enfermo sua
subsistência adquirida com sacrifício, se ele mesmo espera poder encontrar a
sua alhures; é ela que, em vez desta máxima sublime de justiça raciocinada.
Fazem a outrem o que queres que te façam, inspira a todos os homens esta outra
máxima de bondade natural, bem menos perfeita, porém mais útil, talvez, do que
a precedente: Faze o teu bem com o menor mal possível a outrem Esta era, em
linhas gerais, segundo Rousseau, a situação em que vivia o homem no estado de
natureza, no qual a desigualdade praticamente não existia.
Rousseau
adverte que não se pode confundir amor-próprio com amor de si mesmo, são dois
sentimentos muito distintos. "O amor de si mesmo é um sentimento natural
que leva todo animal a velar por sua própria conservação, e que, dirigido no
homem pela razão e modificado pela a virtude. O amor-próprio é apenas um
sentimento relativo, factício e nascido na sociedade, que leva cada indivíduo a
fazer mais caso de si do que de qualquer outro, que inspira aos homens todos os
males que se fazem mutuamente, e que é a verdadeira fonte da honra". Uma
vez estabelecida esta distinção, o autor esclarece que, no estado de natureza o
amor-próprio não existe.
De acordo com a leitura do texto, responda as seguintes questões:
1 - Rousseau
distingue duas características inatas e inerentes à natureza humana. Quais são?
Explique-as;
2 - Como se
caracteriza o homem no estado de natureza, segundo Rousseau, do
ponto
de vista físico e moral?
de vista físico e moral?
3. Qual é a diferença entre amor
de si e amor-próprio segundo Rousseau? Qual dessas formas de
amor predomina na sociedade atual?
Comente.
A propriedade
privada como origem da desigualdade
Na Declaração Universal dos Direitos do Homem e
do Cidadão, de 1789, a
propriedade
privada aparece como direito natural e
associada ao princípio da igualdade entre os homens, associação esta que passará a se constituir em um dos pilares do liberalismo político. A lógica é mais ou menos a seguinte: todos os homens são iguais em direitos. O Estado existe para defender esses direitos. Ora, a propriedade é um direito natural. Portanto, o Estado existe para defender também o direito à propriedade. Como todos os homens são iguais em direitos e,
portanto, também no direito à propriedade, a
defesa da propriedade pelo Estado beneficia todos. Eis, portanto, a essência da teoria liberal do Estado, no que
tange ao direito à propriedade.
Vale lembrar, que a Declaração de
1789 é praticamente contemporânea a Rousseau (que morreu em 1778) e que seu pensamento certamente influenciou sua elaboração.
O
texto intitulado A propriedade privada como origem da desigualdade social visa
a esclarecer a perspectiva de Rousseau acerca da origem da desigualdade, que
ele localiza no surgimento da propriedade privada. Rompida a igualdade
original, instaura-se a desordem e o estado de guerra, o qual se torna muito
mais oneroso para os ricos que têm muito mais a perder que os pobres. Daí a
instituição do Estado e das leis que, sobretudo durante o Antigo Regime,
cumpriam a função de proteger os interesses dos ricos e impor entraves aos
pobres.
A propriedade privada como origem da
desigualdade social
Após
ter demonstrado a quase inexistência da desigualdade no estado de natureza,
Rousseau, ainda raciocinando hipoteticamente, passa a descrever como ela surge
e se desenvolve ao longo da história, procurando demonstrar que o momento
determinante para esse surgimento foi o da invenção da propriedade privada.
"O
primeiro que, tendo cercado um terreno, se lembrou de dizer: 'Isto é meu', e
encontrou pessoas bastante simples para acreditar, foi o verdadeiro fundador da
sociedade civil. Quantos crimes, guerras, assassínios, misérias e horrores não
teria poupado ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou tapando os
buracos, tivesse gritado aos seus semelhantes: 'Livrai-vos de escutar esse impostor;
estareis perdidos se esquecerdes que os frutos são de todos, e a terra de
ninguém!'".
Mas
como a humanidade chegou a esse ponto? Segundo Rousseau, isso ocorreu graças a
uma série de acasos que levaram a sucessivos progressos, ao aperfeiçoamento da
razão humana e à deterioração da espécie, tornando mau um ser que era naturalmente bom ao
transformá-lo em ser social. Dentre os progressos obtidos, destacam-se: o
aprimoramento das habilidades físicas, proporcionado pela necessidade de
sobrevivência; a descoberta das armas naturais (galhos e pedras) e a criação de
outras (arco-e-flecha, lanças etc.); a invenção da pesca; a percepção de certas
relações (grande, pequeno, forte, rápido, lento, medroso, corajoso etc.),
levando a certo nível de reflexão; a consciência da superioridade em relação
aos animais, gerando o sentimento de orgulho; as primeiras associações com seus
semelhantes para fins de defesa mútua; o desenvolvimento dos instrumentos de
produção mais eficientes (machados de pedras cortantes); o aparecimento das
famílias e de uma espécie de propriedade das habitações; o surgimento do amor
conjugal e do amor paternal, fruto do hábito de viver junto; o estabelecimento
da primeira diferença no modo de viver de cada sexo, até então inexistente: as
mulheres tomando conta da cabana e os homens provendo a subsistência; o
aprimoramento da linguagem; a formação das ideias de mérito e beleza,
produzindo sentimentos de preferência; o surgimento do amor e do ciúme; o
apareci¬mento do canto e da dança como formas de distração; o nascimento de
sentimentos como a vaidade, a inveja, a vergonha e a vingança; a invenção da
metalurgia e da agricultura.
Aos
poucos, os mais fortes e habilidosos começaram a se destacar, aprofundando a
desigualdade Assim, o homem, que antes era livre, passou a ser escravo de seus
semelhantes e a ambição devoradora que se apossou dos homens passou a
inspirar em todos eles uma "tendência a se prejudicarem mutuamente,
uma inveja secreta tanto mais perigosa quanto, para dar o golpe com mais
segurança, toma muitas vezes a máscara de benevolência".
Desse modo, conclui Rousseau, rompeu-se a igualdade do
estado de natureza e instaurou-se "a pior desordem":
"[...] as usurpações dos ricos, os assaltos dos
pobres, as paixões desenfreadas de todos, sufocando a piedade natural
e a voz ainda mais fraca da justiça, tornaram os homens avarentos, ambiciosos e
maus. [...] A sociedade nascente foi praça do mais horrível estado de guerra:
o género humano, aviltado e desolado, não
podendo mais voltar atrás, nem renunciar às infelizes aquisições já obtidas, e
não trabalhando senão para a sua vergonha pelo abuso das faculdades que o
honram, se colocou também na véspera de sua ruína".
Estes são, pois, segundo Rousseau, os primeiros efeitos
nocivos da instituição da propriedade. Instaurada a desigualdade e o
"estado de guerra" entre os homens, os ricos precisavam criar mecanismos
para legitimar e perpetuar sua condição. Sabiam muito bem. diz Rousseau, que
suas usurpações apoiavam-se em um "direito precário e
abusivo" e que, tendo adquirido suas posses pelo uso da força,
não poderiam reclamar caso estas lhes fossem tomadas da mesma maneira.
"Bem podiam dizer: 'Fui eu quem construiu este muro;
ganhei este terreno com o meu trabalho'. E quem vos deu o material?'
poder-se-ia responder-lhes – E em virtude de que pretendeis ser pagos á nossa
custa por um trabalho que não vos impusemos? Ignorais que uma multidão de
vossos irmãos perece ou sofre da necessidade daquilo que tendes demais, e
que precisaríeis de um consentimento expresso e unânime do
género humano para vos apropriardes de tudo que na subsistência comum vai além
da vossa? Assim, munido pela necessidade, o rico concebeu uma forma de
transformar em aliados seus adversários, inspirando-lhes máximas e criando
instituições que servissem a seus propósitos.
"'Unamo-nos', - lhes disse, - 'para livrar da
opressão os fracos, conter os ambiciosos e assegurar a cada um a posse
do que lhe pertence: instituamos regulamentos de justiça e de paz, aos quais
todos sejam obrigados a se conformar, que não façam acepção de pessoas e que de
certo modo reparem os caprichos da fortuna, submetendo igualmente o poderoso e
o fraco a deveres mútuos. Em uma palavra, em vez de voltar nossas forças
contra nós mesmos, reunamo-las em um poder supremo que nos governe
segundo leis sábias, que proteja e defenda todos os membros da associação,
repila os inimigos comuns e nos mantenha em uma eterna concórdia'".
Desse modo, "Todos correram para as suas cadeias de ferro,
acreditando assegurar a própria liberdade".' E complementa Rousseau:
"Tal foi ou deve ter sido a origem da sociedade e
das leis, que deram novos entraves ao fraco e novas forças ao rico, destruíram
sem remédio a liberdade natural, fixaram para sempre a lei da propriedade e da desigualdade,
de uma astuta usurpação fizeram um direito irrevogável, e, para proveito de
alguns ambiciosos, sujeitaram para o futuro todo o género humano ao
trabalho, á servidão e à miséria".
Em suma, pode-se concluir que, para Rousseau, a
desigualdade, insignificante no estado de natureza, institui-se
por obra do próprio homem, pelo desenvolvimento de nossas faculdades e pelo
progresso de nosso espírito, consolidando-se finalmente pelo
estabelecimento da propriedade e das leis.
De
acordo com o texto, respondam as seguintes questões:
1 - Quais
foram, segundo Rousseau, os efeitos do surgimento da propriedade privada?
2 - Que
papel cumprem, segundo o autor, as leis e o Estado com relação à propriedade?
3 - Comente
o significado da frase: "todos correram para as suas cadeias de ferro
acreditando assegurar a própria liberdade”.
Prof.
Manoelito
Conteúdo excelente professor! Me ajudou bastante!
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