quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

DISCURSO DE FORMATURA PARA OS ALUNOS DA EE ANTONIO NUNES LOPES DA SILVA 2018



Estou contente por estar aqui hoje com vocês nesta grande e maravilhosa festa de formatura.

Quero dizer-lhes que o fim do ensino médio, não pode ser somente a sua formação, mas que seja também a sua transformação em um ser humano melhor.

Agora é hora de concretizar os seus sonhos.

Agora é hora de conduzir a sua vida dentro dos preceitos éticos e morais vigente em nossa sociedade.

Agora é hora de transformar utopias em realidade. Vá, chegue onde vocês querem chegar, apoie em ombros de gigantes e alcance o seu objetivo.

Eu digo-lhes hoje, meus jovens, mesmo diante das dificuldades de hoje e de amanhã, eu ainda tenho um sonho.

Eu tenho um sonho de que um dia este nosso Brasil se erguerá e experimentará o verdadeiro significado da palavra educação. 

Eu tenho um sonho de que um dia não mais existirá preconceito e prevalecerá somente o respeito.

Eu tenho um sonho de que um dia, todos entendam que ser diferente é normal, e que anormal é ser igual.

Eu tenho um sonho de que um dia, as pessoas vão viver em uma sociedade onde não serão mais julgadas pela cor de sua pele, nem pela sua condição social, mas pelo conteúdo de seu caráter e sua formação pessoal.



Um abraço e felicidade a todos.

DISCURSO DE FORMATURA PARA OS ALUNOS DA EE ANTONIO NUNES LOPES DA SILVA, 2017


VOCÊS CONCLUÍRAM O ENSINO MÉDIO E AGORA, O QUE FAZER? QUAL A VIDA QUE VALE A PENA VIVER?

A Filosofia nos ensina que é preciso desconfiar de fórmulas prontas para o bem viver, o homem a cada passo escolhe, decide, improvisa, inova, ele joga no lixo as vidas que decidiu não viver. A vida do homem não tem nada a ver com a vida dos outros animais da natureza, quando ele nasce não tem todas as respostas para as questões da vida. O homem é livre para escolher qual a vida que vale a pena viver.

O homem tem que ir além da sua natureza para pensar em soluções nunca pensadas para situações nunca vividas antes. Afinal, somos os gestores de nossa própria trajetória de vida.

É preciso ter consciência de que os valores morais são contraditórios, cada decisão, cada escolha que fazemos, envolve atribuições de valor, confiança, desconfiança, respeito, desejo, alegria, felicidade. A Confiança, a desconfiança, o prazer e o respeito são valores que determinam a capacidade de liderança e a felicidade de uma pessoa.

Mas, como saber qual a vida que vale a pena ser vivida? A vida que vale a pena ser vivida não é como uma prova de escola em que basta escolher as respostas corretas e comparar com o gabarito. A grande dificuldade é que na vida não tem um gabarito universal. A vida não está pronta. A vida é complexa e tem várias respostas certas, cabendo ao homem escolher a melhor, é preciso ir além da sua natureza: inventar, criar, inovar, empreender.

A tarefa do ser humano é conhecer-se a si mesmo, perceber o que gosta e o que não gosta, o que é certo e o que é errado, e porque isso, é porque você é o resultado das escolhas que voce faz para a sua vida. Escolher é perceber que uma vida vale mais a pena de ser vivida do que a outra. Sem valor não há escolha. E sem escolha não podemos viver. Um abraço a todos e sejam felizes. 

Prof. Manoelito

DISCURSO DE FORMATURA PARA OS ALUNOS DA E.E ANTONIO NUNES LOPES DA SILVA 2016


O Estudo é mesmo uma jornada heróica, e me parece que na Escola é um capitulo de Guerra nas Estrelas. Vocês são os protagonistas e a Escola é um dos únicos lugares onde vocês recebem um treinamento, afinal, precisamos nos preparar para enfrentar a batalha contra o império do mal, mas, o império do mal não é a Escola, nossos pais, nem os derivados da carne ou do leite que podemos comer em algum lugar, o império do mal é uma crença, é acreditar que temos limitações, não temos. Vocês podem nem está sabendo, mas cada um de vocês é perfeito.
Durante a minha vida tive ótimos professores, e a maior lição que aprendi foi como aprender sozinho, ser o meu próprio mestre. E a lição que eu quero deixar para vocês, é não se preocupar com o que vocês vão fazer, porque isso não importa o que importa é quem vocês serão, assim, não vai ter ninguém que possa impedi-los de tomarem esse mundo e realizarem os seus sonhos.
Pegue uma caneta, toque-a em uma simples folha de papel com fé e muita coragem e juntos faremos deste pais um lugar melhor. E me leve junto com vocês.
Um abraço a todos e sejam felizes!!!
Prof. Manoelito

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

CRIANDO UMA IMAGEM CRÍTICA DA FILOSOFIA


Competências e habilidades: dominar diferentes linguagens e compreender diferentes fenômenos do conhecimento. A proposta procura incentivar as competências que possibilitam reconhecer manifestações histórico-sociais do pensamento, além de incentivar as práticas do trabalho em equipe, da pesquisa, da sistematização e apresentação de conceitos e informações e da exposição oral e escrita. Durante sua realização, os alunos podem ser incentivados a selecionar, organizar e identificar informações, bem como desenvolver a capacidade de produção de textos, associando questões atuais a referências extraídas da História da Filosofia.

Atitude filosófica: indagar. Três perguntas importantes para a atitude filosófica: O que? Como? e por que? A atitude filosófica inicia-se dirigindo essas indagações ao mundo que nos rodeia e às relações que mantemos com ele. Pouco a pouco, porém, descobre que essas questões se referem, afinal, à nossa capacidade de conhecer, à nossa capacidade de pensar.

Por isso, pouco a pouco, as perguntas da Filosofia se dirigem ao próprio pensamento: o que é pensar, como é pensar, por que há o pensar? A Filosofia torna-se então, o pensamento interrogando-se a si mesmo. Por ser uma volta que o pensamento realiza sobre si mesmo, a Filosofia se realiza como reflexão.

Reflexão significa movimento de volta sobre si mesmo ou movimento de retorno a si mesmo. A reflexão é o movimento pelo qual o pensamento volta-se para si mesmo, interrogando-se a si mesmo.

A reflexão filosófica é radical porque é um movimento de volta do pensamento sobre si mesmo para conhecer-se a si mesmo, para indagar como é possível o próprio pensamento

SÓCRATES

“Por toda parte eu vou persuadindo a todos, jovens e velhos, a não se preocuparem exclusivamente, e nem tão ardentemente, com o corpo e com as riquezas, como devem preocupar-se com a alma, para que ela seja quanto possível melhor, e vou dizendo que a virtude não nasce da riqueza, mas da virtude vem, aos homens, as riquezas e todos os outros bens, tanto públicos como privados. PLATÃO. Apologia de Sócrates

ARISTÓTELES.

 “Ao considerar o conhecimento como se encontrando entre as coisas mais belas e dignas do maior valor, sendo umas mais penosas do que outras, quer em virtude do seu rigor, quer em virtude de dizer respeito a coisas mais belas e elevadas, decidimos, devido a essas duas mesmas causas, considerar toda a investigação respeitante à alma como sendo de importância fundamental. Além disso, parece esta investigação também constituir uma contribuição especial para todo o conhecimento da verdade, particularmente para o estudo da natureza – a alma é, com efeito, o princípio de todos os seres vivos. Por isso procuramos, ao investigar, examinar a natureza e a essência da alma em primeiro lugar e, depois, os seus atributos fundamentais.” ARISTÓTELES. Da alma.  

Para os gregos, a “alma” era o lugar onde se situavam as ideias; mais tarde, esse “espaço” para ideias foi chamado de intelecto. Diferente do corpo, o intelecto é inteligível. Mas, assim como o corpo, ele pode ser melhorado.

REFLEXÃO DO ESPELHO X REFLEXÃO INTELECTUAL

Reflexão do espelho: Necessita somente de luz - Apenas reflete o que está à sua frente - Apenas reflete as imagens presentes - Apenas reflete o que é visível - Caso não funcione direito, pode ser descartado - Não pode refletir a si mesmo. A reflexão intelectual: precisa de ideia e conhecimento. O intelecto pode refletir sobre coisas escondidas ou ausentes, assim como pessoas que moram longe e de quem gostamos; "Reflete sobre coisas do passado e pensa o futuro em relação ao presente, ela trata dos sentidos, dos valores e das interpretações que fazemos do que podemos ver e do que apenas percebemos da realidade; Reflete sobre coisas “invisíveis”, ou abstratas, como o amor, a saudade ou as ideias, sem esquecer a Filosofia.

1.      Como se inicia a atitude filosófica?

2.       Explique o que é a reflexão?

3.      Por que a reflexão filosófica é radical?

4.      Explique com as suas palavras a frase “a virtude não nasce da riqueza, mas da virtude vem, aos homens, as riquezas e todos os outros bens, tanto públicos como privados”.

5.      Por que é importante o estudo da Alma?

6.      Explique reflexão do espelho e reflexão intelectual.

Prof. Manoelito


S2 FILOSOFIA 1ª SÉRIE 1º BIMESTRE

COMO FUNCIONA O INTELECTO? 

INTRODUÇÃO AO EMPIRISMO E AO CRITICISMO

O objetivo é que o aluno compreenda o intelecto como um objeto de estudo, que pode ser entendido. Para isso, vamos abordar o empirismo a partir do funcionamento de aparelhos de rádio, da televisão ou do celular, fazer a leitura dos textos de John Locke; e de Kant.
O rádio, a televisão e o celular captam, decodificam e reproduzem sinais, graças à captação (via satélite, por exemplo) de sinais externos, por meio de antenas e cabos, o aparelho decodifica os sinais, transformando-os em som e/ou imagens. Quando removemos a antena do rádio ou da televisão perdem-se os sinais.
O intelecto, ou pensamento humano, ou inteligência humana capta os sinais do mundo pelos órgãos dos sentidos: ouvidos, olhos, língua, pele e nariz. Quando sentimos o mundo, nós o captamos. Os cheiros, os sons, os sabores, as cores e as temperaturas, tudo é interpretado pela inteligência. Além disso, podemos partilhar o que captamos com os outros. Assim, a interpretação não se reduz a uma atividade da mente isolada e entra em contato com o mundo real, onde vivem outras pessoas. Por exemplo, se está calor e minha pele está sentindo o Sol, eu posso fazer esse comentário para outra pessoa e ela pode confirmar. São as experiências interpretadas pelos seres humanos que dizem o que é verdadeiro ou não. A isso damos o nome de sensibilidade, porque nossa inteligência, ou nosso intelecto, necessita da experiência para entender o mundo.
É possível saber como o nosso pensamento funciona, do mesmo modo que o técnico conhece o funcionamento de um aparelho de rádio, televisão ou celular? Sim, é possível saber como nossa inteligência funciona e como ela aprende. Para isso existe a reflexão, que consiste em fazer a inteligência olhar para si mesma. Ao olharmos para nós mesmos, conseguimos perceber os componentes de nossa maneira de pensar, pois existem várias peças (ou partes) em nós, assim como no rádio, na televisão ou no celular. O técnico deve aprender como funciona cada uma das peças do rádio, da televisão ou do celular para perceber onde serão necessários os ajustes. Do mesmo modo, ao refletir, podemos aprender o funcionamento de cada “peça” da nossa inteligência, ajustá-la, se necessário, e, assim, desenvolver nossa inteligência.
Podemos comparar o rádio, a televisão e o celular com o intelecto? O rádio, a televisão ou o celular, capta o mundo pela antena ou cabo; analisa e interpreta o sinal; Depois de interpretar o sinal, transforma-o em imagem ou som; Só interpreta o sinal destinado a ele; não aprende nada com o que capta; Não pode refletir sobre o que capta
O entendimento ou o intelecto capta o mundo pelos cinco sentidos; Analisa e interpreta as experiências; Depois de interpretar as experiências, transforma-as em ideias; Interpreta tudo o que aparece aos sentidos e pode experimentar outras coisas; Aprende ou pode aprender com tudo o que capta; Pode refletir sobre o que consegue captar e, inclusive, transmitir para outras pessoas os conhecimentos.
O trabalho do filósofo é parecido com o do técnico que conserta aparelhos de rádio, televisão ou celular. Comparativamente, o filósofo tem de conhecer as partes para poder melhorar o funcionamento da inteligência. Isso significa que a Filosofia pode nos auxiliar a desenvolver ideias mais claras e a melhor sintonizá-las. Leiam os Textos:
a.       LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano.

b.      Da distinção entre o conhecimento puro e o empírico. KANT, Immanuel. Crítica da razão pura.
Nesse trecho, Kant nos mostra como a Filosofia é importante para entender o funcionamento da nossa inteligência. Afinal, como podemos melhorar algo que não sabemos como funciona? Ninguém aprende a dirigir bem um carro sem ter alguma noção de como ele funciona. Assim é com o rádio, a televisão e o celular e com a nossa inteligência. Kant explica que o conhecimento que temos pode ser posterior à experiência (conhecimento a posteriori) ou anterior a ela (conhecimento a priori).
Quando pensamos sobre o funcionamento da nossa inteligência, fazemos uma reflexão crítica. Agora podemos entender um pouco mais o conceito de Filosofia como “uma reflexão crítica a respeito do conhecimento e da ação, por meio da análise dos pressupostos do pensar e do agir e, portanto, como fundamentação teórica e crítica dos conhecimentos e das práticas”. Traduzindo para uma linguagem mais simples, podemos dizer que a Filosofia consiste em analisar como nós pensamos a respeito do conhecimento e da ação. Nossa inteligência está bem equipada para pensar os conhecimentos? Nossa inteligência está bem equipada para pensar as ações?
Questões:
1.      Qual o objetivo do tema?
2.      Como o rádio, a televisão e o celular captam, decodificam e reproduzem os sinais?
3.      Como o entendimento ou o intelecto: Capta o mundo?
4.      Por que o trabalho do filósofo é parecido com o do técnico? Explique.
5.      Quais são as duas fontes de conhecimento a partir das quais derivam todas as ideias que temos, ou podemos ter, naturalmente? Explique.
6.      Explique o que é o conhecimento a priori e conhecimento a posteriori.
7.      Pesquisar o que é teoria do conhecimento e quais correntes filosóficas discutiram o tema.
8.      Pesquisar as biografias dos filósofos: John Locke, Immanuel Kant e as expressões: “Experiência”, “Conhecimentos a priori”, “Conhecimentos a posteriori”, “Sensação” e “Reflexão”.
Ensaio acerca do entendimento humano.
Suponhamos, então, que a mente seja, como dissemos, uma folha em branco, vazia de elementos, sem qualquer ideia: – Como ela é preenchida? De onde vem essa vasta coleção que a imaginação aguda e ilimitada do homem nela inscreveu com uma variedade quase infinita? De onde vem todo o material para a razão e o conhecimento? A isso eu respondo, em uma palavra, da experiência. Nela está fundamentado todo nosso conhecimento; e dela, em última análise, ela própria se deriva. Nossa observação empregada seja sobre objetos externos sensíveis ou sobre operações internas de nossas mentes percebidas e refletidas por nós mesmos é o que fornece nossa compreensão com todo material de pensamento. Essas são as duas fontes de conhecimento a partir das quais derivam todas as ideias que temos, ou podemos ter, naturalmente. Primeiro, nossos Sentidos, conhecedores de objetos sensíveis particulares, realmente transmitem para a mente inúmeras percepções sobre coisas, de acordo com os vários meios dentro dos quais esses objetos os afetam. E, assim, obtêm-se as ideias que temos sobre amarelo, branco, calor, frio, macio, duro, amargo, doce e todas aquelas que denominamos qualidades sensíveis; quando digo que os sentidos transmitem à mente, quero dizer que eles transmitem à mente, a partir de objetos externos, aquilo que produz nela tais percepções. A esta grande fonte da maioria das ideias que temos, dependentes unicamente de nossos sentidos, e da qual deriva nosso entendimento, eu denomino sensação. Segundo, a outra fonte da qual a experiência fornece entendimento com ideias é a percepção de operações de nossas próprias mentes dentro de nós, empregadas sobre as ideias que têm; operações as quais, quando a alma chega a refletir e considerar, verdadeiramente fornecem o entendimento com outro conjunto de ideias, que não poderiam existir a partir de coisas externas. E tais são percepção, pensamento, questionamento, crença, racionalidade, conhecimento, vontade e todas as diferentes formas de ação de nossas mentes. Essa fonte de ideias, todo homem traz dentro de si; e, apesar de não ser um sentido, já que não tem nada a ver com objetos externos, ela se parece muito com um e pode ser adequadamente denominada como sentido interno. Mas, como denominei o outro, sensação, logo denomino este como reflexão, sendo as ideias proporcionadas por ele apenas existentes por meio da reflexão da mente em suas próprias operações dentro de si mesma. LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano.
Da distinção entre o conhecimento puro e o empírico
Não há dúvida de que todo o nosso conhecimento começa com a experiência; pois de que outro modo poderia a nossa faculdade de conhecimento ser despertada para o exercício, não fosse por meio de objetos que estimulam nossos sentidos e, em parte, produzem representações por si mesmos, em parte colocam em movimento a atividade de nosso entendimento, levando-a a compará-las, conectá-las ou separá-las e, assim, transformar a matéria bruta das impressões sensíveis em um conhecimento de objetos chamado experiência? No que diz respeito ao tempo, portanto, nenhum conhecimento antecede em nós à experiência, e com esta começam todos. Ainda, porém, que todo nosso conhecimento comece com a experiência, nem por isso surge ele apenas da experiência. Pois poderia bem acontecer que mesmo o nosso conhecimento por experiência fosse um composto daquilo que recebemos por meio de impressões e daquilo que nossa própria faculdade de conhecimento (apenas movida por impressões sensíveis) produz por si mesma; uma soma que não podemos diferenciar daquela matéria básica enquanto um longo exercício não nos tenha tornado atentos a isso e aptos a efetuar tal distinção. Aquela expressão não é suficientemente determinada, contudo, para designar de maneira adequada o sentido integral da questão posta. Pois, se costuma dizer, de muitos conhecimentos derivados de fontes da experiência que nós somos capazes ou participantes deles a priori, na medida em que não os derivamos imediatamente da experiência, mas sim de uma regra universal que, no entanto, tomamos emprestada da própria experiência. Assim, diz-se de alguém que solapou os fundamentos de sua casa que ele poderia saber a priori que ela cairia, i.e., ele não precisava esperar pela experiência em que ela de fato caísse. Inteiramente a priori, contudo, ele não poderia mesmo sabê-lo. Pois teria que aprender antes, por meio da experiência, que os corpos são pesados e, por isso, caem quando lhes é retirado o suporte.  No que segue, portanto, entendermos por conhecimento a priori aqueles que se dão não independentemente desta ou daquela, mas de toda e qualquer experiência. A eles se supõem os conhecimentos empíricos ou aqueles que só são possíveis a posteriori, i.e., por meio da experiência. KANT, Immanuel. Crítica da razão pura.
                                                                                                         Prof. Manoelito    Boa Sorte!!!!!!!









S3 FILOSOFIA 1ª SÉRIE 1º BIMESTRE
Períodos da história da Filosofia

INSTRUMENTOS DE PESQUISA EM HISTÓRIA DA FILOSOFIA
O objetivo é estimular o exercício e o desenvolvimento de habilidades como a compreensão e a leitura de um texto filosófico, incentivar o desenvolvimento de competências relacionadas à sistematização de ideias e sua diferenciação.
A Filosofia é dividida em áreas específicas, segundo os principais interesses do conhecimento filosófico. Vamos discutir algumas áreas como: Elementos de História da Filosofia, Epistemologia, Teoria do Conhecimento, Ética, Política e Estética.
A construção de textos depende sempre da pesquisa como forma de estímulo para a curiosidade, a leitura e a reflexão crítica. A pesquisa é fundamental para o desenvolvimento autônomo do educando, ao se estudar História da Filosofia, deve-se colocar a Filosofia na história, isto é, compreender que a Filosofia está intimamente ligada a uma tradição, que tem objetos e problemas próprios, mas, ao mesmo tempo, está inserida em épocas e lugares. Ao pesquisar um determinado filósofo, deve-se levar em consideração as seguintes questões: Quais foram as principais preocupações deste filósofo? Quais são os principais elementos de seu pensamento? Quando e onde ele viveu? Quais foram suas influências e a quem ele inspirou?
Períodos da história da Filosofia - Filosofia Antiga, Filosofia Medieval, Filosofia Moderna e Filosofia Contemporânea.
Filosofia Antiga – Trata-se do início da Filosofia, da formulação de seus primeiros problemas. A Filosofia Antiga abrange um período que vai do final do século VI a.C. até o século VII d.C. tendo como espaços iniciais as Cidades-Estado da Grécia, também desenvolveu-se em várias cidades do Império Romano, inclusive no Norte da África. Os escritos da época sobre os quais temos conhecimento foram produzidos, em geral, em grego e latim, mas os espaços culturais em que se desenvolveram eram bastante heterogêneos. Muitos textos dos pensadores desse período acabaram se perdendo, restando-nos apenas alguns livros e fragmentos.
Filosofia Medieval - A Filosofia Medieval desenvolveu-se no período que vai do século VIII ao século XIV. Seus espaços foram, principalmente, os mosteiros e ordens religiosas europeias, onde a Igreja Católica tinha hegemonia.
Entretanto, houve manifestações filosóficas fora do mundo cristão, em especial no mundo árabe e judeu. A Filosofia desse período foi uma das áreas do conhecimento que ajudaram a fomentar a criação das universidades. Sua principal discussão era a relação entre fé e razão, ou seja, a tentativa de separar o que pertenceria a Deus (a teologia) e o que pertenceria aos homens.
Filosofia Moderna - Iniciada no século XIV, a Filosofia Moderna se estende até o final do século XVIII, no continente europeu. Nessa época, a Europa foi palco do desenvolvimento do capitalismo, da formação dos Estados nacionais, das grandes navegações e dos processos de colonização e formação dos impérios. A Igreja Católica perdeu a hegemonia para o protestantismo e para as ideias que incentivavam a liberdade do homem em relação à religião. Sua principal discussão era a preocupação com o homem racional e livre, com as mudanças na política e com a esperança nas ciências empíricas.
Filosofia contemporânea - A Filosofia Contemporânea estende-se do final do século XVIII até os nossos dias. É possível dizer que seus objetos de estudo se inspiram na Revolução Francesa e na Revolução Industrial, com a crescente desumanização do processo social de produção. Seu espaço central ainda é a Europa, mas cada vez mais atinge outros espaços, como, por exemplo, os Estados Unidos da América.
1.       Qual o objetivo do tema?
2.       Pesquisar no Livro “A República” do Filósofo PLATÃO, as seguintes questões: Em quantas partes é dividido este livro? Qual o tema discutido em cada uma das partes? Qual o tema discutido que você achou mais interessante? Explique.
3.       Quando e onde o filósofo viveu? Quais foram os fatos mais marcantes da vida dele?
4.       Ele se inspirou em quem? E influenciou quem?
5.       O que ele pensou sobre: Ética; Política e Teoria do Conhecimento?
6.       Quais são as características de cada período da História da Filosofia?
7.       Pesquisar dois filósofos que você achar mais interessante, de cada período da História da Filosofia.
Prof. Manoelito
Boa Sorte!!!!!!!
S4 FILSFIA 1ª SÉRIE 1º BIMESTRE
ÁREAS DA FILOSOFIA
Metafísica, lógica, Ética, Epistemologia, teoria do Conhecimento, Estética, Filosofia da História e Política. O objetivo é oferecer recursos para que vocês possam iniciar pesquisas sobre Filosofia e capacitá-los a construir textos filosóficos. Qual é a melhor maneira de jogar futebol? Qual é a melhor maneira de estudar? Qual é a melhor maneira de pensar? É importante perceber que o pensamento exige treino e habilidade, e que cabe à Filosofia ajudar a estimular o exercício de pensar.
EPISTEMOLOGIA - 1. Questões introdutórias: a) Nós devemos confiar na Ciência? A Ciência não explica tudo. Ela tem limites, mas é o conhecimento mais adequado desenvolvido pela razão humana para tentar resolver os seus problemas. Só é científico o conhecimento que garante a sua validade. b) Quem faz a Ciência? Como se forma um cientista? A Ciência é produzida por pesquisadores em diferentes campos do conhecimento. No Brasil, a produção científica é predominantemente produzida nas universidades e em centros de pesquisas associados a indústrias. A localização social do sujeito da Ciência convida a refletir sobre ela como uma atividade humana capaz de grandes proezas e de erros. c) A Ciência é importante? Por quê? A produção científica é importante quando beneficia a humanidade. A Filosofia discute, inclusive, duas questões diretamente associadas à importância da Ciência: uma diz respeito ao acesso desigual aos benefícios científicos e a outra refere-se ao fato de que nem toda a produção científica é favorável à humanidade. d) A Ciência tem limites? Quais? Os limites da Ciência são os conhecimentos racionais e experimentais (empíricos), pois, fora deles, a Ciência nada pode afirmar. Alguns limites: tecnológicos (aparelhos insuficientes para observação e comparação de hipóteses); humanos (conflitos sociais e políticos que impedem ou retardam algumas descobertas).
2. Conceito de Epistemologia “Epistemologia (também chamada Teoria da Ciência) é uma parte da Filosofia da Ciência que está relacionada à natureza do conhecimento científico e seus grandes problemas, entre os quais: como, e em que condições é possível conhecer? Existe a certeza absoluta do conhecimento? Se existe, como, e em que condições? Quais são as características do conhecimento dentre as Ciências Naturais, as Ciências Humanas e as Ciências Formais?’
3. texto de apoio “Em primeiro lugar, é preciso saber formular problemas. E, digam o que disserem, na vida científica, os problemas não se formulam de modo espontâneo. É justamente esse sentido do problema que caracteriza o verdadeiro espírito científico. Para o espírito científico, todo conhecimento é resposta a uma pergunta. Se não há pergunta, não pode haver conhecimento científico.”
TEORIA DO CONHECIMENTO - 1. Questões introdutórias: a) O que é conhecer? Criar uma representação, a mais próxima possível, da realidade. b) Como podemos conhecer? Podemos conhecer quando realizamos atividades intelectuais sobre nossas sensações e sobre as ideias que nos informam.
2. Conceito de teoria do conhecimento “A Teoria do Conhecimento é uma investigação sobre as diversas maneiras pelas quais podemos conhecer as coisas e as relações que os conhecimentos podem estabelecer ou estabelecem. Por exemplo, memória, experiências dos sentidos, analogias, reflexão, realidade, imaginação e outros. O seu problema principal é como o sujeito se relaciona com o objeto de conhecimento. ”
3. texto de apoio “Conhecer uma realidade é, no sentido usual da palavra “conhecer”, tomar conceitos já feitos, dosá-los, e combiná-los em conjunto até que se encontre um equivalente prático do real”.
ÉTICA - 1. Questões introdutórias: a) Como saber qual é a melhor atitude a ser tomada? Existem várias maneiras de se tentar fazer o bem, mas para encontrar a maneira mais adequada precisamos, sempre, treinar a nossa reflexão racional, pois há situações em que uma atitude mal pensada pode trazer prejuízo para nós e para muitas outras pessoas. b) Qual é a importância de se fazer o bem? O bem é algo a ser construído para podermos enfrentar os problemas que encontramos na sociedade ou em nós mesmos. Pensar em boas atitudes é lutar contra os sofrimentos que, eventualmente, enfrentamos. É certo que fazer o bem é, às vezes, algo difícil, mas melhora nossas relações de convivência.
2. conceito de Ética “Ética é uma investigação sobre os princípios que motivam, justificam ou orientam as ações humanas, refletindo sobre os fundamentos dos valores sociais e historicamente construídos. ”
3. texto de apoio “Agora, algo como felicidade, acima de tudo, é dado como algo em si; por isso nós sempre a escolhemos por si mesmo e nunca por outro motivo, enquanto honra, prazer, razão e todas as virtudes são escolhidas em função de si mesmas (pois se nada resultasse delas ainda assim deveríamos escolher todas), mas também as escolhemos em função da felicidade, julgando que por meio de todas elas seremos felizes. Felicidade, por outro lado, não é escolhida por ninguém em função das demais virtudes e, em geral, por nenhuma outra razão que não ela própria. ”
POLÍTICA - 1. Questões introdutórias: a) Quais são as melhores leis? As melhores leis são aquelas que beneficiam todos, permitem a construção da liberdade no convívio com o outro e são conhecidas por todos. Cada lei deve levar em consideração as necessidades das pessoas. b) Como podemos conviver com as outras pessoas sem violência? Podemos conviver com outras pessoas sem violência agindo de maneira sensata em todas as dimensões. A maneira sensata de agir consiste, em primeiro lugar, em escolher os governantes que se preocupem, sinceramente, com a educação e que demonstrem sensibilidade em relação às necessidades das pessoas e à qualidade de vida em geral.
2. Conceito de Política “Política é a investigação filosófica sobre qual é o melhor governo, o que é justiça e como deve ser o comportamento das pessoas em suas relações de convivência. ”
3. texto de apoio De resto, se o primeiro dever do homem de Estado é conhecer a constituição, que, considerada geralmente como a melhor, possa estender-se à maior parte das cidades, é preciso confessar que na maioria das vezes os teóricos políticos, mesmo dando provas de grande talento, se equivocaram em pontos capitais; porque não basta imaginar um governo perfeito; é necessário, sobretudo, um governo praticável, que possa ser facilmente aplicado em todos os Estados.”
FILOSOFIA DA HISTÓRIA - 1. Questões introdutórias: a) O que é o tempo? Responder o que é o tempo é uma das questões mais difíceis do nosso intelecto e da própria Filosofia. Em geral, dizemos que tempo é o meio no qual se desenrolam os acontecimentos e o lugar das possibilidades. b) O que é história humana? A história humana pode ter vários significados. Em geral, ela é pensada como passado, desejo de futuro, tradições, compreensão das relações sociais no tempo e no espaço e como objeto de investigação da História.
2. Conceito de Filosofia da história “Filosofia da História é uma área de investigação da Filosofia, que se preocupa com a relação dos homens com o tempo, com seus processos culturais e sociais. Além disso, preocupa-se com o significado do desenvolvimento das sociedades e da racionalidade. ”
3. texto de apoio “Não houve, portanto, um tempo em que nada fizeste, porque o próprio tempo foi feito por ti. E não há um tempo eterno contigo, porque tu és estável, e se o tempo fosse estável não seria tempo. O que é realmente o tempo? Quem poderia explicá-lo de modo fácil e breve? Quem poderia captar o seu conceito, para exprimi-lo em palavras? No entanto, que assunto mais familiar e mais conhecido em nossas conversações? Sem dúvida, nós o compreendemos quando dele falamos, e compreendemos também o que nos dizem quando dele nos falam. Por conseguinte, o que é o tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei; porém, se quero explicá-lo a quem me pergunta, então não sei. No entanto, posso dizer com segurança que não existiria um tempo passado, se nada passasse; e não existiria um tempo futuro, se nada devesse vir; e não haveria o tempo presente se nada existisse. De que modo existem esses dois tempos – passado e futuro –, uma vez que o passado não mais existe e o futuro ainda não existe? E quanto ao presente, se permanecesse sempre presente e não se tornasse passado, não seria mais tempo, mas eternidade. Portanto, se o presente, para ser tempo, deve tornar-se passado, como poderemos dizer que existe, uma vez que a sua razão de ser é a mesma pela qual deixará de existir? Daí não podemos falar verdadeiramente da existência do tempo, senão enquanto tende a não existir. ”
ESTÉTICA - 1. Questões introdutórias: a) Quais são os critérios para identificarmos uma obra de arte? Os critérios são historicamente definidos, isto é, cada cultura valida critérios para a sua produção artística. b) Existe um padrão de beleza universal válido para todas as culturas? Assim como a arte, a beleza depende de valores culturais e históricos para ser definida, por isso, não se pode falar em um único padrão válido para toda a humanidade.
2. Conceito de Estética “A estética tem como temas o estudo dos critérios e problemas sobre processos de criação artística. Problematiza os valores estéticos e as relações entre forma e conteúdo, bem como a importância da arte para as sociedades humanas. ”
3. texto de apoio “Pode-se também pensar em uma perfeição estética, que contenha o fundamento de uma satisfação subjetivamente universal, isto é, a beleza: o que agrada os sentidos na intuição e, precisamente por isso, pode ser o objeto de uma satisfação universal.”
Conceito de lógica “Lógica é o estudo sistemático do pensamento dedutivo, que permite construir argumentos corretos nas ciências naturais, nas ciências humanas e nas ciências formais, possibilitando também distinguir os argumentos corretos dos incorretos.” Ex: Todo homem é mortal; Sócrates é homem; Sócrates é mortal.
1.       Quais são as áreas da filosofia?
2.       O que é epistemologia?
3.       O que é teoria do conhecimento?
4.       O que é Ética?
5.       O que é Política?
6.       O que é Filosofia da história?
7.       O que é Estética?
8.       O que é lógica?

Prof. Manoelito



segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

FILOSOFIA 2ª SÉRIE 1º BIMESTRE - COMPLETO



S1 FILOSOFIA 2ª SÉRIE 1º BIMESTRE

O EU RACIONAL


O objetivo desse tema é estimular o desenvolvimento de habilidades e competências relacionadas com o domínio de diferentes linguagens e a compreensão de diferentes fenômenos do conhecimento. A proposta procura incentivar as competências que possibilitam que o próprio aluno se reconheça como sujeito racional, capaz de uma certa autonomia de pensamento. Além disso, ela visa a incentivar as práticas de pesquisa, sistematização e a apresentação de conceitos e informações, com o que vocês também serão levados a fundamentar conhecimentos teóricos.

Descartes, filósofo francês (1596 – 1650), tinha como principal método de estudo, o questionamento de toda verdade que lhe era apresentada, passando-a primeiro, pelo crivo severo da razão, desconsiderando tudo o que a razão não aceitasse.

Um de seus estudos foi sobre a existência ou não de Deus. Sem considerarmos as questões religiosas e de crenças envolvidas em tal assunto, vejamos o que dizia Descartes.

Para ele a única coisa que realmente pode ser considerada verdadeira é o pensamento, visto que todo pensamento por si só prova sua existência, ou seja, mesmo que uma pessoa duvide que o pensamento exista, essa sua dúvida já é um pensamento. Essa proposição de Descartes fez surgir sua célebre frase: “Penso, logo existo”, que apesar de pequena guarda grande dimensão filosófica.

Uma vez de posse dessa nova linha de raciocínio, a razão, Descartes passa a examinar a ideia de perfeição. Quando dizemos que alguma coisa é imperfeita, estamos usando a ideia de perfeição sob a forma de falta de alguma coisa, ou seja, a ausência de algo que tornaria perfeita a coisa estudada.

Caso essa coisa estudada estivesse completa, teríamos a noção de um ser perfeito. Demonstrando que a ideia de perfeição não se origina nos sentidos, mas na razão, Descartes abre o caminho para a prova racional da existência de Deus. Ao questionar a origem da ideia de Deus, ele depara com o problema de que essa ideia não poderia ter surgido do nada, pois o nada, nada cria e nenhum ser, muito menos um ser perfeito, pode ter surgido do nada.

Seguindo este raciocínio, Descartes afirmou, também, que um ser imperfeito não pode ser a causa da criação de um ser perfeito, pois o menos não pode ser a causa do mais. A ideia de perfeição nasce junto com o homem, é uma ideia inata. Resta a ideia de que a perfeição não tendo sua origem no nada e nem tampouco em um ser imperfeito por natureza, só pode ter sido posta na razão por um ser perfeito.

Um ser perfeito pode ser a sua própria causa, ao contrário de um ser imperfeito. A ideia de perfeição posta na razão sugere a existência de um ser perfeito, pois seria contraditória a existência da perfeição sem um ser perfeito que a tenha criado.

Assim, a existência de uma ideia de perfeição que existe em nossa mente, comprova a existência de um ser perfeito que a criou e a colocou em nossa razão, ou seja, um ser que pode ser chamado de Deus.

Discurso do Método – Descartes

Não sei se vos devo falar das primeiras meditações que aqui fiz, pois elas são tão metafísicas e tão pouco comuns que talvez não sejam do agrado de todos. No entanto, a fim de que se possa julgar se os fundamentos que tomei são bastante firmes, acho-me, de certa forma, obrigado a falar delas. Há muito tempo eu notara que, quanto aos costumes, por vezes é necessário seguir, como se fossem indubitáveis, opiniões que sabemos serem muito incertas, como já foi dito acima; mas, como então desejava ocupar-me somente da procura da verdade, pensei que precisava fazer exatamente o contrário, e rejeitar como absolutamente falso tudo em que pudesse imaginar a menor dúvida, a fim de ver se, depois disso, não restaria em minha crença alguma coisa que fosse inteiramente indubitável. Assim, porque os nossos sentidos às vezes nos enganam, quis supor que não havia coisa alguma que fosse tal como eles nos levam a imaginar. E, porque há homens que se enganam ao raciocinar, mesmo sobre os mais simples temas de geometria, e neles cometem paralogismos, julgando que eu era tão sujeito ao erro quanto qualquer outro, rejeitei como falsas todas as razões que antes tomara como demonstrações. E, finalmente, considerando que todos os pensamentos que temos quando acordados também nos podem ocorrer quando dormimos, sem que nenhum seja então verdadeiro, resolvi fingir que todas as coisas que haviam entrado em meu espírito não eram mais verdadeiras que as ilusões de meus sonhos. Mas logo depois atentei que, enquanto queria pensar assim que tudo era falso, era necessariamente preciso que eu, que o pensava, fosse alguma coisa. E, notando que esta verdade – penso, logo existo – era tão firme e tão certa que todas as mais extravagantes suposições dos cépticos não eram capazes de a abalar, julguei que podia admiti-la sem escrúpulo como o primeiro princípio da filosofia que buscava.

Depois, examinando atentamente o que eu era e vendo que podia fingir que não tinha nenhum corpo e que não havia nenhum mundo, nem lugar algum onde eu existisse, mas que nem por isso podia fingir que não existia; e que, pelo contrário, pelo próprio fato de eu pensar em duvidar da verdade das outras coisas, decorria muito evidentemente e muito certamente que eu existia; ao passo que, se apenas eu parasse de pensar, ainda que tudo o mais que imaginara fosse verdadeiro, não teria razão alguma de acreditar que eu existisse; por isso reconheci que eu era uma substância, cuja única essência ou natureza é pensar, e que, para existir, não necessita de nenhum lugar nem depende de coisa alguma material. De sorte que este eu, isto é, a alma, pela qual sou o que sou, é inteiramente distinta do corpo, e até mais fácil de conhecer que ele, e, mesmo se o corpo não existisse, ela não deixaria de ser tudo o que é.

Depois disso, considerei, de modo geral, o que uma proposição requer para ser verdadeira e certa; pois, já que eu acabava de encontrar uma que sabia ser tal, pensei que também deveria saber em que consiste essa certeza. E, tendo notado que em penso, logo existo nada há que me garanta que digo a verdade, exceto que vejo muito claramente que para pensar é preciso existir, julguei que podia tomar por regra geral que as coisas que concebemos muito clara e distintamente são todas verdadeiras, havendo, porém, somente alguma dificuldade em distinguir bem quais são as que concebemos distintamente. [...] DESCARTES, René. Discurso do método. São Paulo: Martins Fontes, 2009. p. 57, 58, 59, 60 e 61.

A Filosofia cartesiana do "eu penso" nos ajudará na construção do sujeito ético, pois a compreensão de nossas ações, bem como a construção de relações sociais de acordo com referências democráticas, por exemplo, exigem reflexões que se fundamentam em nossa capacidade de cogitar, isto é, de questionar o que vivemos e o que desejamos viver.  A Filosofia exige a habilidade da reflexão, que também é critério absoluto do agir ético. O indivíduo consciente de sua capacidade e de sua necessidade de pensar pode exercitá-las, na medida em que aprende como fazer. A importância do "eu penso" cartesiano é uma tentativa de criar condições para o desenvolvimento racional do indivíduo ético.
Após a leitura do texto, pesquisem e respondam as seguintes questões:

1.      Qual o objetivo desse tema?
2.      Pesquise e copie em seu caderno a biografia sucinta de Rene Descartes.
3.      Qual o significado das palavras relacionadas a seguir.  • Razão • Existência • Percepção • Juízo?
4.      Quais os principais livros escritos por Descartes e quais temas foi discutido em cada um deles?
5.      Como Descartes consegue provar a existência de Deus?
6.      Explique o que significa “Cogito ergo sun” e Dúvida metódica?
7.      Explique detalhadamente as quatro regras do método cartesiano.

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S2 FILOSOFIA 2ª SÉRIE 1º BIMESTRE

INTRODUÇÃO À ÉTICA

O objetivo é desenvolver as competências e habilidades para refletir criticamente sobre as condições de intervenção solidária na realidade, que respeitem os valores humanos e a diversidade sociocultural.
A palavra ética é de origem grega derivada de ethos, que diz respeito ao costume, aos hábitos dos homens. Teria sido traduzida em latim por mos ou mores (no plural), sendo essa a origem da palavra moral. Uma das possíveis definições de ética seria a de que é uma parte da filosofia (e também pertinente às ciências sociais) que lida com a compreensão das noções e dos princípios que sustentam as bases da moralidade social e da vida individual. Em outras palavras, trata-se de uma reflexão sobre o valor das ações sociais consideradas tanto no âmbito coletivo como no âmbito individual.
O exercício de um pensamento crítico e reflexivo quanto aos valores e costumes vigentes tem início, na cultura ocidental, na Antiguidade Clássica com os primeiros grandes filósofos, a exemplo de Sócrates, Platão e Aristóteles. Questionadores que eram, propunham uma espécie de “estudo” sobre o que de fato poderia ser compreendido como valores universais a todos os homens, buscando dessa forma ser correto, virtuoso, ético. O pano de fundo ou o contexto histórico no qual estavam inseridos tais filósofos era o de uma Grécia voltada para a preocupação com a pólis, com a política.
A ética seria uma reflexão acerca da influência que o código moral estabelecido exerce sobre a nossa subjetividade, e acerca de como lidamos com essas prescrições de conduta, se aceitamos de forma integral ou não esses valores normativos e, dessa forma, até que ponto nós damos o efetivo valor a tais valores.
Segundo alguns filósofos, nossas vontades e nossos desejos poderiam ser vistos como um barco à deriva, o qual flutuaria perdido no mar, o que sugere um caráter de inconstância. Essa mesma inconstância tornaria a vida social impossível se nós não tivéssemos alguns valores que permitissem nossa vida em comum, pois teríamos um verdadeiro caos.  Logo, é necessário educar nossa vontade, recebendo uma educação (formação) racional, para que dessa forma possamos escolher de forma acertada entre o justo e o injusto, entre o certo e o errado.
Assim, a priori, podemos dizer que a ética se dá pela educação da vontade. Segundo Marilena Chauí em seu livro Convite à Filosofia (2008), a filosofia moral ou a disciplina denominada ética nasce quando se passa a indagar o que são, de onde vêm e o que valem os costumes. Isto é, nasce quando também se busca compreender o caráter de cada pessoa, isto é, o senso moral e consciência moral individuais. Segundo Chauí, podemos dizer que o Senso Moral é a maneira como avaliamos nossa situação e a dos outros segundo ideias como a de justiça, injustiça, bom e mau. Trata-se dos sentimentos morais. Já com relação à Consciência Moral, Chauí afirma que esta, por sua vez, não se trata apenas dos sentimentos morais, mas se refere também a avaliações de conduta que nos levam a tomar decisões por nós mesmos, a agir em conformidade com elas e a responder por elas perante os outros. Isso significa ser responsável pelas consequências de nossos atos.
Assim, tanto o senso moral como a consciência moral vão ajudar no processo de educação de nossa vontade. O senso moral e a consciência moral tem como pressuposto fundamental a ideia de um agente moral, o qual é assumido por cada um de nós. Enquanto agente moral, o indivíduo colocará em prática seu senso e consciência, pois são importantes para a vida em grupo entre vários outros agentes morais.
Logo, o agente moral deve colocar em prática sua autonomia enquanto indivíduo, pois aquele que possui uma postura de passividade apenas aceita influências de qualquer natureza. Assim, consciência e responsabilidade são condições indispensáveis à vida ética ou moralmente correta.
O que é a ética e a moral? Ética: é uma investigação, ou seja, uma reflexão filosófica sobre o agir humano e seu valor. Segundo Mario Sérgio Cortella, Ética é o conjunto de valores e princípios que usamos para decidir as três grandes questões da nossa vida, que são: quero, devo, posso. Tem coisas que eu quero, mas não devo, tem coisas que eu devo, mas não posso, tem coisas que eu posso, mas não quero.
Diferenças entre ética e moral: Moral: é um conjunto de princípios, regras e valores definidas por uma sociedade.
Ética: define o que é bom e o que é mau, segundo as circunstâncias. Moral: define o que é bom e o que é mau, antes das ações.
Critérios éticos de Sócrates; Aristóteles e Epícuro.
Os critérios de Sócrates: A Essência do homem: é sua alma inteligente, por isso fazer o bem é conhecer essa alma inteligente. Virtude: é a ciência (conhecimento). Vício: é o que contraria a virtude, ou seja, a ignorância.
Os critérios de Aristóteles: Aristóteles: O homem é sua alma inteligente e sua finalidade é a felicidade. O que é a felicidade do homem? Desenvolver sua racionalidade.
Segundo Aristóteles a alma é dividida em três partes: Vegetativa: responsável pelas necessidades básicas (comer, beber, dormir, reproduzir). Sensitiva: ligada as sensações e ao movimento. Intelectiva: responsável pelo uso da razão (pensamento).
A Felicidade: deve ocorrer em todas as partes da alma e o conhecimento deve fazer com que não haja exagero em qualquer parte da alma. Virtude: é o equilíbrio. Vicio: é o desequilíbrio.
Os critérios de Epícuro: Para Epícuro o prazer é o princípio ético da vida, por isso, o bem é o prazer e o mal é aquilo que causa dor e sofrimento. A Escolha do Homem: deve evitar a dor e o sofrimento e por isso a razão deve levar a busca do prazer. Virtude: Prazer; Vicio: é a dor e o sofrimento.
Atividade:
Leiam os textos relacionados ao tema, disponíveis abaixo e respondam as seguintes questões:
1.      Qual o objetivo do tema?
2.      Qual a origem da palavra ética? Explique.
3.      Questionadores que eram, o que propunham Sócrates, Platão e Aristóteles?
4.      Segundo alguns filósofos, como poderiam serem vistos nossas vontades e nossos desejos?
5.       Segundo Marilena Chauí em seu livro Convite à Filosofia (2008), quando nasce a filosofia moral ou a disciplina denominada ética?
6.      Caso fosse o juiz, que pena você aplicaria aos cinco jovens de classe alta que agrediram a doméstica?
7.      De que depende a felicidade completa do homem?
8.      Explique com suas palavras cada uma das máximas de Epicuro.
9.      Quais as recomendações de Epicuro sobre como chegar à felicidade? Comente cada uma delas.
Cinco jovens de classe alta agridem doméstica
Uma empregada doméstica, de 32 anos, foi espancada e roubada, na manhã do dia 24 de junho de 2007, quando saía do seu trabalho. 0s espancadores eram cinco jovens ricos, todos estudantes. Eles não apresentavam sinais de ter ingerido álcool ou outra substância química. A mulher relatou à polícia que, por volta das 6h30, estava em um ponto de ônibus, perto do apartamento onde trabalha e mora, para ir a uma consulta médica. De repente, saindo de um automóvel, os cinco jovens começaram a xingá-la e chutá-la na cabeça e na barriga. Depois, roubaram sua bolsa, com seus documentos, 47 reais e um celular, que nem tinha sido completamente pago. Após a agressão, ela voltou ao prédio em busca de ajuda. Um taxista, que estava próximo ao local do crime, anotou a placa do carro e notificou a polícia, que prendeu os jovens. 0s agressores confessaram o crime, mas nada falaram sobre os motivos que os levaram a cometer o ato de crueldade.
Dentre as potências da alma, como dissemos, todas as mencionadas subsistem em alguns seres; em outros, só algumas delas e, em alguns, apenas uma. E mencionamos como potências a nutritiva, a perceptiva, a desiderativa, a locomotiva e a raciocinativa. 0ra, nas plantas subsiste somente a nutritiva, mas, em outros seres, tanto esta, como a perceptiva. E, se subsiste a perceptiva, também subsiste a desiderativa, pois desejo é apetite, impulso e aspiração; e todos os animais têm ao menos um dos sentidos – o tato – e, naquele em que subsiste percepção sensível, também subsiste prazer e dor, percebendo o prazeroso e o doloroso; e, nos que eles subsistem, também subsiste o apetite, pois este é o desejo do prazeroso.
Além disso, eles têm a percepção do alimento, pois o tato é percepção do alimento, e todos os seres vivos se alimentam de coisas secas e Úmidas, quentes e frias, das quais a percepção é tato, e apenas acidentalmente a de outras qualidades sensíveis; pois o ruído, a cor e o cheiro nada acrescentam ao alimento, e o sabor não deixa de ser um objeto do tato. Apetite é fome e sede – a fome, o apetite do que é seco e quente; a sede, do que é úmido e frio –, enquanto o sabor é como um tempero destas qualidades. Mas devemos esclarecer posteriormente esse assunto. Por ora, é suficiente dizer isto: que entre os seres vivos que possuem tato também subsiste desejo. No que se refere à imaginação, não está claro e devemos examiná-la posteriormente. Em alguns seres vivos, além disso, subsiste também a capacidade de se locomover, e em outros, ainda, a de raciocinar e o intelecto – por exemplo, nos homens e em algum outro, se houver, de tal qualidade ou mais valioso. ARISTÓTELES. De anima.
Em primeiro lugar, temos que observar que as qualidades morais são de tal modo constituídas que são destruídas pelo excesso e pela deficiência, como percebemos ser o caso do vigor e saúde do corpo (pois para lograr esclarecimento acerca de coisas invisíveis é preciso utilizar a evidência de coisas visíveis). 0 vigor é destruído tanto pelo excesso de exercícios quanto pela deficiência destes e, analogamente, a saúde é destruída tanto por alimento e bebida em demasia quanto pela deficiência destes que em quantidades adequadas a produzem, aumentam e preservam. 0 mesmo, por conseguinte, se revela verdadeiro em relação à temperança, à coragem e às outras virtudes. Aquele que foge de tudo tomado pelo medo e jamais suporta qualquer coisa se torna um covarde aquele que não experimenta medo diante de coisa alguma e tudo enfrenta se torna temerário. De maneira análoga, aquele que cede a todos os prazeres e não se contém diante de nenhum se converte num libertino, enquanto aquele que se afasta de todos os prazeres, como fazem os indivíduos rudes, se torna o que pode ser qualificado como [um indivíduo] insensível. Assim, a temperança e a coragem são destruídas pelo excesso e pela deficiência e preservadas pela observância da mediania. ARISTÓTELES. Ética a Nicolao.
Algumas máximas de Epicuro
I.                    Aquele que dispõe de plenitude e de imortalidade não tem inquietações, nem perturba os outros; por isso está isento de impulsos de cólera ou de benevolência, já que tudo isso é próprio de quem tem fraquezas.
II.                 A morte nada é para nós. Com efeito, aquilo que está decomposto é insensível e a insensibilidade é o nada para nós.
III.              0 limite da amplitude dos prazeres é a supressão de tudo que provoca dor. 0nde estiver o prazer, e durante o tempo em que ele ali permanecer, não haverá lugar para a dor corporal ou o sofrimento mental, juntos ou separados.
IV.              A dor contínua não dura longamente na carne. A que é extrema permanece muito pouco tempo e a que ultrapassa um pouco o prazer corporal não persiste muitos dias. Quanto às doenças que se prolongam, elas permitem à carne sentir mais prazer do que dor. [...]
VIII.        Nenhum prazer é em si mesmo um mal, mas aquilo que produz certos prazeres acarreta sofrimentos bem maiores do que os prazeres.
IX.              Se todo prazer pudesse ter se acumulado, não só persistindo no tempo, mas também percorrendo a inteira composição do nosso corpo, ou pelo menos as principais partes de nossa natureza, então os prazeres não difeririam entre si. [...]
XVII.     0 justo desfruta de plena serenidade; o injusto, porém, está cheio de maior perturbação. [...]
XXIII.   Se combates todas as tuas sensações, nada disporás de referência nem mesmo para discernir corretamente aquelas que julgas deverem ser rejeitadas. [...]
XXVII.  De tudo aquilo de que dispõe a sabedoria para a felicidade de toda nossa vida, de longe o mais importante é a preservação da amizade.  EPICUR0. Máximas principais.
 
Prof. Manoelito
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S3 FILOSOFIA 2ª SÉRIE 1º BIMESTRE

LIBERDADE EM JEAN-PAUL SARTRE
O objetivo é estimular o exercício e o desenvolvimento de habilidades como a compreensão da dinâmica da liberdade e seu exercício solidário. O Existencialismo é um Humanismo - O existencialismo é um Humanismo é um ensaio escrito pelo filósofo francês Jean Paul Sartre (1905 – 1980), derivado de uma conferência feita por ele em Paris, em 1946, para explicar sua doutrina e também defendê-la de algumas acusações.
O existencialismo era acusado de incitar pessoas a permanecerem no quietismo de desespero; por acentuarem a infâmia humana, mostrando em tudo o sórdido, o equívoco, o viscoso e por descurar certo número de belezas, o lado luminoso da natureza humana; por não atender à solidariedade humana, por trancar o homem entre quatro paredes e, por fim, a crítica cristã pelo existencialismo negar a realidade divina, suprimindo Deus e os valores dele derivados, restando a gratuidade, podendo assim cada qual fazer o que lhe apetecer.
Sartre afirma que o existencialismo é uma doutrina que torna a vida humana possível e que, por outro lado, declara que toda a verdade e toda a ação implicam um meio e uma subjetividade humana. Há duas espécies de existencialistas, aqueles que se declaram cristãos e, por outro lado, aqueles que se declaram ateus, que tem em comum o princípio que, como diria o próprio Sartre, “a existência precede a essência, ou, se quiser, que temos de partir da própria subjetividade.” O que deve se entender por isso, é que não somos apriori um projeto pensado, mas que somos apenas a posteriori, isso quer dizer, que primeiro existimos e depois definimos nossa essência. Porém Sartre critica o existencialismo cristão, já que a partir do momento que concebemos um Deus criador, esse Deus identificamo-lo quase sempre com um artífice superior e se admitirmos que a vontade segue mais ou menos uma intenção, uma inteligência, Deus quando cria sabe perfeitamente o que cria, o que torna impossível que, neste caso, a essência preceda a existência. Por outro lado havia o ateísmo dos filósofos do século XVIII, que mesmo suprimindo a noção de Deus, continua com a concepção de que a essência precede a existência a partir do momento que concebe a ideia de uma natureza humana. Nas palavras do Sartre: “O existencialismo ateu, que eu represento, é mais coerente. Declara ele que, se Deus não existe, há pelo menos um ser no qual a existência precede a essência, um ser que existe antes de poder ser definido por qualquer conceito, e que este ser é o homem ou, como diz Heidegger, a realidade humana. Que significará aqui o dizer-se que a existência precede a essência? Significa que o homem primeiro existe, se descobre, surge no mundo; e que só depois se define. O homem, tal como o concebe o existencialista, se não é definível, é porque primeira não é nada. Só depois será alguma coisa e tal como a si próprio se fizer. Assim, não há natureza humana, visto que não há Deus para a conceber. O homem é, não apenas como se concebe, mas como ele quer que seja, como ele se concebe depois da existência, como ele se deseja após este impulso para a existência; o homem não é mais que o que ele faz.”
Esse é o primeiro princípio do existencialismo, o que é chamado de subjetividade, que sempre deixa uma opção de escolha e escolhendo o homem se escolhe:
“O homem primeiro existe, ou seja, que o homem, antes de mais anda, é o que se lança para um futuro, e o que é consciente de se projetar no futuro. O homem é, antes de mais nada, um projeto que se vive subjetivamente, em vez de ser um creme, qualquer coisa podre ou uma couve-flor; nada existe anteriormente a este projeto; nada há no céu inteligível, o homem será antes mais o que tiver projetado ser. Não o que ele quiser. Porque o que entendemos vulgarmente por querer é uma decisão consciente, e que, para a maior parte de nós, é posterior á aquilo que ele próprio se fez. Posso querer aderir a um partido, escrever um livro, casar-me; tudo isso não é mais do que a manifestação duma escolha mais original, mais espontânea do que o que se chama vontade. Mas se verdadeiramente a existência precede a essência, o homem é responsável por aquilo que é. Assim, o primeiro esforço do existencialismo é o de pôr todo homem no domínio do que ele é e de lhe atribuir a total responsabilidade da sua existência.”
Nesse sentido Sartre afirma que o homem não é apenas restritamente responsável pela sua individualidade, mas que é responsável por todos os homens. A subjetividade tem dois sentidos, por um lado quer dizer, escolha do sujeito individual; e por outro, é a impossibilidade de superar a subjetividade humana, e é esse segundo que é o sentido profundo do existencialismo. Quando diz que o homem escolhe a si próprio, nessa escolha também escolhe ele todos os homens. Com efeito, não há dos nossos atos um sequer que, ao criar o homem que desejamos ser, não crie ao mesmo tempo uma imagem do homem como julgamos que deve ser. Escolher isto ou aquilo é afirmar ao mesmo tempo o valor do que escolhemos, porque nunca podemos escolher o mal, o que escolhemos é sempre o bem, e nada pode ser bom para nós sem que o seja para todos. Assim a nossa responsabilidade é muito maior do que poderíamos supor, porque ela envolve toda a humanidade. Toda essa responsabilidade gera angústias, desespero, abandono, o homem é angústia a partir do momento que se descobre como Ser no mundo, responsável por si mesmo e ao mesmo tempo responsável por toda humanidade, já que se escolhendo escolhe para toda humanidade. Isso não significa que todo ser viva submerso em angústias, justamente porque acreditam que ao agirem só se implicam nisso a si próprios, e se justifica qualquer atitude na justificativa de que “nem todo mundo age assim”, uma atitude de má fé, quando o que está em jogo é justamente se todo mundo agisse assim. O fato de mentir de tal maneira implica que esse alguém não está à vontade com a sua própria consciência e o ato de mentir implica novamente num valor universal atribuído pela escolha. Mas quem me deu o direito de impor minhas concepções, meus valores a toda humanidade? Terei eu o direito de agir de tal modo que a humanidade se regula pelos meus atos? Isso é angústia, a responsabilidade não só por mim. Para Sartre a angústia não leva a inatividade, pelo contrário, essa angústia é a própria condição da ação, que se orienta pela pluralidade de possibilidades; e quando escolhem uma opção se dão conta de que ela só tem valor por ter sido escolhida. 
De acordo o pensamento de Dostoievski - “Se Deus não existisse, tudo seria permitido”, - o homem está abandonado, já que não encontra em si e nem fora si, uma possibilidade que se apegue. Estamos sós e sem desculpas, porém se nossa existência precede a essência, isso nos torna inteiramente responsáveis por nós mesmos e pela humanidade. O existencialista nunca irá utilizar um impulso, uma paixão como desculpa para justificar sua atitude, pensa-se que ele é responsável por sua paixão; e jamais pensará que o homem pode encontrar auxílio num sinal dado sobre a terra, e que o há de orientar; porque pensa que o homem irá interpretar tal sinal como quiser. A doutrina existencialista afirma que só há realidade na ação, o oposto ao quietismo: “O homem não é senão o seu projeto, só existe na medida em que se realiza, não é, portanto, nada mais do que o conjunto dos seus atos, nada mais do que a sua vida.”
Assim sendo o homem só é na medida em que se realiza, na total responsabilidade de si mesmo, se é herói ou covarde, gênio ou medíocre, este é inteiramente responsável a medida que sua essência é posterior a existência. Se o indivíduo escolhe deixar-se ser levado, ser levado é uma escolha. Contrário aos críticos que afirmam que o existencialismo é uma doutrina pessimista, defende Sartre que é justamente o contrário, visto que o destino dos homens está em suas próprias mãos. 
O ponto de partida do existencialismo é a subjetividade do indivíduo, justamente por ser uma doutrina baseada na verdade, porém realista, contrária a teorias utópicas, bonitas, baseada em esperanças, mas sem fundamentos reais. Não há outra verdade senão está: penso, logo existo; é aí que se atinge a si próprio a verdade absoluta da consciência. Toda teoria que considera o homem fora deste momento, não passa de uma teoria que suprime a verdade. E através do cogito, não descobrimos somente a nós próprios, mas descobrimos também aos outros. Só podemos nos descobrir em face do outro e o outro é tão certo para nós como nós mesmos; e assim descobrimos que o outro é a condição da nossa existência. Dá-se conta de que não pode ser nada, salvo se os outros o reconhecem como tal, ou seja, para obter uma verdade qualquer sobre mim é necessário que eu passe pelo outro. Nestas condições, afirma Sartre, que a descoberta da minha intimidade descobre-me ao mesmo tempo o outro como uma liberdade posta em face de mim, que nada pensa, e nada quer senão a favor ou contra mim. Isso é chamado de intersubjetividade, é neste mundo que o homem decide sobre o que ele é e o que são os outros.
O existencialismo é um humanismo, afirma Sartre, pelo simples fato de que o homem está constantemente fora de si mesmo, é projetando-se e perdendo-se fora de si que ele faz existir o homem e, por outro lado, é perseguindo fins transcendentes que ele pode existir. Não havendo outro universo senão o universo humano, o universo da subjetividade, existindo, o homem permite que o outro exista, uma co-dependência.  E é esta condição transcendente que estimula o homem e faz com que este não esteja fechado em si mesmo, mas presente sempre num universo humano, chamado de universo existencialista. Humanismo, porque não há outro legislador além dele próprio, e que é no abandono que ele decidirá de si, mas voltando sempre para fora de si, vivendo o mundo dos meios, porém buscando fora de si um fim. Referência bibliográfica: O Existencialismo é um Humanismo - Jean Paul Sartre, 1946.
1.       Qual o objetivo do tema?
2.       O Que é o existencialismo é um Humanismo? Explique.
3.       Do que o existencialismo era acusado? Explique.
4.       O que afirma Sartre sobre o existencialismo?
5.       Por que Sartre critica o existencialismo cristão? Explique
6.       Por que o existencialismo ateu que Sartre representa é mais coerente.
7.       O que é o homem, segundo o existencialismo?
8.       Qual é o ponto de partida do existencialismo? 
9.       Leia o livro “O existencialismo é um humanismo” de Jean Paul Sartre e faça o resumo.


Prof. Manoelito
Boa Sorte!!!!!!

S4 FILOSOFIA 2ª SÉRIE 1º BIMESTRE 
AUTONOMIA - KANT
Até o momento, trabalhamos os temas e conteúdos que podem levá-los a desenvolver a capacidade de se perceberem como seres que pensam. Em seguida, mostrei-lhes que há critérios de escolhas para todas as ações humanas e discutimos a liberdade como reflexão e prática de vida. Agora, vamos desenvolver a capacidade de pensar, a autonomia, entendida como uma espécie de legislação particular do indivíduo, ou seja, as normas de conduta que ele cria para si mesmo. Já que todos podemos escolher sempre, é importante fazermos a constante reflexão sobre nossas regras pessoais: Como podemos criá-las e com base em quais critérios?
Em todos os lugares, existem sempre muitas normas, disciplinando quase tudo. Algumas delas são escritas, outras já fazem parte do nosso entendimento comum do mundo, ou seja, fazem parte de uma tradição. As normas são criadas pela influência dos costumes das sociedades ou por quem detém a autoridade. Nem sempre, porém, a tradição, as normas ou a legislação são capazes de nos orientar em nossas escolhas.
Autonomia e heteronomia - Segundo o Dicionário básico de Filosofia, a palavra autonomia significa liberdade política, autodeterminação e capacidade de governar a si mesmo. De acordo com a filosofia Kantiana, autonomia “é o caráter da vontade pura que só se determina em virtude de sua própria lei, que é conformar-se ao dever ditado pela razão prática e não por interesse externo”. A heteronomia, ao contrário, significa que a lei a que se obedece é de origem externa. “Em Kant, por oposição à autonomia da vontade, a heteronomia compreende todos os princípios da moralidade aos quais a vontade deve submeter-se: educação, constituição civil” etc. Dessa forma, a autonomia da vontade se manifesta quando seguimos leis que nós mesmos estabelecemos com base na razão e independente de outras motivações além da própria razão. A heteronomia está atrelada às normas que foram estabelecidas de acordo com as concepções de consciência e bem-estar. Nesse sentido, com base na filosofia Kantiana, os homens, por serem racionais e viverem em sociedade e segundo normas de convivência, pautam as suas ações pela autonomia da vontade e/ou por heteronomia.
Política, moral e ética - A doutrina moral de Kant é independente de qualquer sentido religioso. Sua moral exclui a noção de intenção como elemento de uma alma pura, e o dever não é uma obrigação a ser seguida em virtude de um ente superior. Intenção e dever (em Kant) dependem do sujeito epistemológico (eu transcendental) e não do eu psicológico (indivíduo). Para Kant, o sujeito transcendental trata-se de uma maquinaria (aparelho cognitivo) subjetiva, universal e necessária (presente em todos os homens, em todos os tempos e em todos os lugares). Assim, todo ser saudável possui tal aparato, formado por três campos: a razão, o entendimento (categorias) e a sensibilidade (formas puras da intuição-espaço e tempo).
Em Kant, a razão (faculdade das ideias) é que preserva os princípios que articulam intenção e dever conforme a autonomia do sujeito. Desse modo segue-se que tais princípios não podem ser negados sem autocontradição. Daí deriva a ideia de liberdade kantiana, de um caráter sintético a priori, sendo que sem liberdade não pode haver nenhum ato moral; para sermos livres, precisamos ser obrigados pelo dever de sermos livres.
O imperativo categórico - O comando moral que faz com que nossas ações sejam moralmente boas, se expressa no imperativo categórico: “age só segundo máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal” (FMC, 2004, p.51). Essa lei está atada à razão pura prática. Todo sujeito é racional (tem raciocínio lógico), por isso tem condição de sujeito moral, dotado de normas. Exercer uma ação contrária levaria ao absurdo. O exemplo que Kant nos dá (FMC) a respeito da mentira é o mais conhecido. Poderia alguém mentir em benefício próprio, de um ente querido, ou mesmo em favor da humanidade? Kant nos diz não, pois a mentira jamais poderia ser universalizada sem autocontradição: (...) pois, segundo essa lei, não poderia haver propriamente promessa alguma, já que seria inútil afirmar a minha vontade quanto as minhas futuras ações, pois as pessoas não acreditariam em meu fingimento, ou, se precipitadamente o fizessem, pagar-me-iam na mesma moeda. Portanto, a minha máxima, uma vez arvorada em lei universal, destruir-se-ia a si mesma necessariamente (Kant, FMC, 2004, p.31).

Desse modo, cada sujeito, tem um alarme acionado na sua consciência moral (com a razão pura prática funcionando), que evidencia essa contradição, alertando que essa ação deve ser refutada, visto que essa ação não pode servir para todos. Assim, consultando a razão pura prática (como deveria alguém agir na minha situação?), constataremos que se todos se utilizassem dessa ação, o mundo seria um verdadeiro caos. O imperativo categórico em Kant é uma forma a priori, pura, independente do útil ou prejudicial. É uma escolha voluntária racional, por finalidade e não causalidade. Superam-se os interesses e impõe-se o ser moral, o dever. O dever é o princípio supremo de toda a moralidade (moral deontológica). Dessa forma uma ação é certa quando realizada por um sentimento de dever. A razão é a condição a priori da vontade, por isso independe da experiência.
Diferenças entre os imperativos - Todos os imperativos ordenam, e são fórmulas para exprimir as relações entre as leis objetivas do querer em geral, e a discordância subjetiva da vontade humana.
Imperativo é hipotético: no caso de a ação ser apenas boa como meio para qualquer outra coisa, ou seja, em vista de algum propósito possível ou real. A habilidade na escolha dos meios para atingir o maior bem-estar próprio pode-se chamar sagacidade. Por exemplo, a escolha dos meios para alcançar a própria felicidade (não é um ideal da razão, mas da imaginação), continua sendo um imperativo hipotético (considerados mais como conselhos).
Imperativo Categórico: não é limitado à nenhuma condição, é um mandamento absoluto (necessário), vale como princípio apodíctico-prático (da razão). Segue-se que somente o imperativo categórico equivale a uma lei prática, e os outros imperativos podem ser denominados de princípios da vontade, mas não leis. Pois, conforme nos diz Kant “o mandamento incondicional não deixa à vontade nenhum arbítrio acerca do que ordena só ele tendo, portanto, em si, aquela necessidade que exigimos na lei” (FMC, 2004, p. 50).
As fórmulas do Imperativo Categórico - Além da fórmula da universalidade da lei que vimos no que foi exposto anteriormente existem duas outras fórmulas:
1. Baseada na humanidade como fim: Kant afirma que todo o ser racional, existe como fim em si mesmo, e não apenas como meio para uso arbitrário desta ou daquela vontade. Assim o imperativo prático será o seguinte: “age de tal maneira que possas usar a humanidade, tanto em tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio” (FMC, 2004, p. 59).
2. Baseada na vontade legisladora universal: a vontade da ação deve ser vista como um dever, ou seja, a ideia da vontade de todo ser racional concebida como vontade legisladora universal. Segundo esse princípio, Kant afirma: A vontade não está, pois, simplesmente submetida à lei, mas o está de tal maneira que possa ser também considerada legisladora ela mesma, e precisamente por isso então submetida à lei (de que ela mesma pode ser considerada como autora - FMC, 2004, p. 62).
Em Kant o dever é a necessidade de uma ação por respeito à lei. E uma ação por dever elimina todas as inclinações (todo o objeto da vontade), e, portanto, só resta à vontade obedecer à lei prática (baseada na máxima universal), pois se trata de um princípio que está ligado à vontade. O valor moral da ação não reside no efeito que dela se espera, pois o fundamento da vontade é a representação da lei e não o efeito esperado (uma boa vontade não é boa pelo que promove ou realiza, mas pelo simples querer, em si mesma). A ética kantiana é a ética do dever, da autocoerção da razão, que concilia dever e liberdade. O pensamento do dever derruba a arrogância e o amor próprio, e é tido como princípio supremo de toda a moralidade. 
1.       Explique Autonomia e heteronomia.
2.       Para Kant, o que é o sujeito transcendental?
3.       Explique Imperativo hipotético e Imperativo Categórico.
4.       Explique a razão em Kant.
5.       Explique as fórmulas do Imperativo Categórico.
6.       O que é o dever, segundo Kant? Explique.
7.       Segundo Kant, onde reside o valor moral da ação?
8.       Por que a ética Kantiana é a ética do dever?
9.       Leiam os textos disponíveis no caderno do aluno e respondam as questões propostas.
Prof. Manoelito
BOA SORTE!!!!!