domingo, 22 de setembro de 2013

2ª SÉRIE - CONTEÚDOS PARA AVALIAÇÃO (2) - (3º BIMESTRE)

EE Batista Renzi
Disciplina: Filosofia
Área: Ciências Humanas e Suas Tecnologias
Etapa da Educação Básica: Ensino Médio
2ª Série – Volume 3 - 3º Bimestre
Temas e conteúdos: Diferenças e semelhanças entre homens e mulheres
e Filosofia e educação
Prof. Manoelito

Olympe de Gouges
Em meio a Revolução Francesa, foi proclamada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Durante os debates sobre esta declaração Olympe de Gouges elaborou aquela que incluía “os Direitos da Mulher e da Cidadã”, pois, apesar de se procurar a igualdade universal, as mulheres não estavam nela inseridas nem mesmo teoricamente.
A sua atitude revela que o direito inscrito em uma lei não significa direitos objetivados no mundo cotidiano. A igualdade da lei pode significar apenas igualdade de alguns. Isso significa que apenas os homens eram cidadãos, e as mulheres não. Era preciso declarar que as mulheres eram cidadãs e deveriam exercer os seus direitos.
Declaração dos direitos da mulher e da cidadã
  Mulher, desperta. A força da razão se faz escutar em todo o universo. Reconhece teus direitos. O poderoso império da natureza não esta mais envolto de preconceitos, de fanatismos, de superstições e de mentiras. A bandeira da verdade dissipou todas as nuvens da ignorância e da usurpação. O homem escravo multiplicou suas forcas e teve necessidade de recorrer as tuas, para romper os seus ferros. Tornando-se livre, tornou-se injusto em relação à sua companheira.

Simone de Beauvoir
A Condição da Mulher
Para Simone de Beauvoir, a condição da mulher é uma escolha dos homens apoiada pela submissão das mulheres. Para a libertação das mulheres, elas devem assumir a responsabilidade de mudar a situação de submissão, pois são seres livres, e só ficarão submetidas ao preconceito social por escolha própria.
A única libertação possível das mulheres virá da política, isto é, da união das próprias mulheres. Elas precisam se encontrar, reconhecer seus problemas, partilhar idéias, o que quer dizer que precisam lutar juntas. Não há como ser diferente, pois não se pode esperar que todos os homens abram mão dos seus privilégios pelas mulheres. Para essa filósofa, não se trata de colocar as mulheres contra os homens, mas de colocá-las contra o machismo. Contra as situações de opressão.

Judith Butler
O que faz um homem ser homem e uma mulher ser mulher – o corpo, o pensamento ou a sociedade?
Quem decide as funções sociais da mulher e do homem – o corpo, o pensamento ou a sociedade?
Para a filósofa Judith Butler, é a sociedade que define as identidades do homem e da mulher. O corpo físico é o espaço em que a sociedade define a sua divisão de trabalho. Homens fazem isso, mulheres aquilo. Em outras palavras, ninguém nasce homem ou mulher, sendo a sociedade a responsável por ensinar as crianças a ser homens e mulheres.
Se um bebe nascer no Brasil, mas for criado por uma família japonesa, como ele verá o mundo? Como brasileiro ou como japonês? E quando estiver fome, vai desejar comer que tipo de comida, japonesa ou brasileira? Assim, acontece com o gênero: ao nascer, ou durante os pré-natais, determina-se o gênero da criança segundo o sexo biológico. Ou seja, como para o senso comum, sexo é igual a gênero, isso determinara o tipo de roupas e brinquedos que a criança vai receber até formar valores que vão sendo destinados a ela. Entretanto, se considerarmos que sexo e gênero são coisas diferentes, a determinação de gênero depende, histórica e socialmente, da cultura social. Será que existe uma determinação genética que afirme que meninas deverão lavar loucas enquanto os irmãos podem jogar bola? Ou que as mulheres não deveriam ocupar cargos de chefia? Quando se divide o mundo em dois gêneros, afirma-se o binarismo do sexo. Ou o individuo se encaixa em um gênero sexual ou em outro.
Cite 10 funções relacionadas aos homens e 10 funções relacionadas às mulheres.
A história tem demonstrado que as funções de homens e mulheres têm mudado com o tempo. Elas não são naturais, não há uma essência feminina ou masculina. Tudo isso é um posicionamento para controlar a vida das pessoas. Os meninos têm de ser sempre fortes, a as meninas, sensíveis. Mas para Butler, meninos e meninas são criações artificiais, e aqueles que conseguem entrar no padrão acabam sendo bem-sucedidos, excluindo-se os demais. Esses encaixes beneficiam principalmente os homens.

Leitura e Análise de Texto
Destacamos parte de uma entrevista concedida por Judith Butler a Baukje Prins e Irene Costera Meijer. Nesta resposta, pode-se perceber o pensamento de Butler sobre as práticas que tornam legítima a classificação dos corpos com exclusão de muitos.
Como os corpos se tornam matéria
“Meu trabalho sempre teve como finalidade expandir e realçar um campo de possibilidades para a vida corpórea. Minha ênfase inicial na desnaturalização não era tanto uma oposição à natureza quanto uma oposição à invocação da natureza como modo de estabelecer limites necessários para a vida gendrada. Pensar os corpos diferentemente me parece parte da luta conceitual e filosófica que o feminismo abraça, o que pode estar relacionado também a questões de sobrevivência. A abjeção de certos tipos de corpos, sua inaceitabilidade por códigos de inteligibilidade, manifesta-se em políticas e na política, e viver com tal corpo no mundo é viver nas regiões sombrias da ontologia. Eu me enfureço com as reivindicações ontológicas de que códigos de legitimidade constroem nossos corpos no mundo; então eu tento, quando posso, usar minha imaginação em oposição a essa ideia.
Portanto, não é um diagnóstico, e não apenas uma estratégia, e muito menos uma história, mas um outro tipo de trabalho que acontece no nível de um imaginário filosófico, que é organizado pelos códigos de legitimidade, mas que também emerge do interior desses códigos como a possibilidade interna de seu próprio desmantelamento”.
Muitas vezes, a sociedade e a cultura tentam encaixar os indivíduos em quadros preestabelecidos por eles. Cada vez que alguém se encaixa nesses espaços é obrigado a assumir uma identidade perante os outros.
Quais são as categorias mais excluídas nas sociedades atuais, principalmente no Brasil; e o que nós podemos fazer para superar a classificação das pessoas a partir dessas categorias, ou seja, como pensar diferente?


Questões.
1. Durante a Revolução Francesa, foram declarados os Direitos Universais do Homem. Identifique as razões da crítica de Olympe de Gouges à sua formulação.
2. Quais políticas públicas poderiam colaborar para a superação da desigualdade social entre homens e mulheres?
3. Assinale, a partir dos conhecimentos desenvolvidos pela leitura e discussão dos textos, valores que podem ser considerados machistas.
a) Homem não chora.
b) As mulheres são bonitas, mas não são inteligentes.
c) Homens e mulheres são definições sociais a partir do corpo.
d) Respeitar a diferença é uma atitude ética e política.


FILOSOFIA E EDUCAÇÃO

Neste texto, vamos pensar de que forma a Filosofia pode ajudar a compreender melhor as questões educacionais.
1. A partir de conversa com seus colegas, em pequenos grupos, elabore uma frase para expressar o que você entende por “educação”. O que essa palavra significa?
2. Por que você vem à escola?
3. Caso você seja obrigado por alguém a vir à escola, por que isso ocorre?
4. Qual é o principal compromisso dos professores?
5. Que tipo de aluno você é? Quais são as suas curiosidades?
6. Fora da escola, o que você tem aprendido?

Muitas vezes, os pais vêem a educação, a escola, o professor e o aluno somente associando tudo e todos ao trabalho, como uma espécie de aprendizado para uma profissão, um pré-requisito para conseguir emprego. O aluno é mandado para a escola para aprender “alguma coisa” que possibilite trabalhar e sustentar a si mesmo ou a sua futura família. Muitas vezes, é necessário que trabalhe para auxiliar pais e irmãos. Os alunos, em geral, enxergam a escola de maneira contraditória, com aspectos que gostam muito e outros nem tanto. Percebem a escola como um lugar para encontrar os seus amigos e se divertir, lugar para fugir dos problemas de casa, lugar onde sentem que estão perdendo tempo, onde encontram dificuldades para valorizar o que se ensina e em alguns casos como lugar onde são humilhados pelos mais variados tipos de exclusão e preconceito.
Há professores que vêem a escola como algo que não dá certo, onde não se tem apoio nem salário, nem instrumentos suficientes para ensinar, o que leva ao desencanto com a profissão. Mas há, também, os otimistas, que gostam do que fazem. Por isso, a sala dos professores torna-se o lugar mais contraditório da escola.
Muitos diretores colocam-se na ponte entre as políticas, os compromissos burocráticos, os problemas rotineiros, os pais, os funcionários, os professores, os alunos, os vizinhos da escola. Enfim, cada agente da educação publica tem os seus problemas e as suas responsabilidades. Seu animo e seu desanimo. O fato é que precisamos encontrar criticamente os fatores e exercer nossas responsabilidades, o que só tem sentido se for feito em conjunto.

Tipos de Escolas
Escola Tradicional: Esta escola se originou na ideia de que o professor fala e os alunos aprendem. O esforço maior é o uso da memória, é preciso acumular conhecimentos, decorando nomes, datas, formulas e tradições. O professor ensina, o aluno decora, o professor cobra na prova, oferecendo prêmios aos melhores e incentivando a competitividade. Outro lado importante é a disciplina rígida. Ao se comportar mal, o aluno é excluído e punido e não educado, ou seja, não é considerado como aluno a ser orientado tendo em vista mudanças cognitivas e de atitudes.
Escola Nova: O aluno é o centro do processo, a partir da compreensão do seu aspecto psicológico. A escolha dos conteúdos visa ao interesse dos alunos. O professor é um facilitador, ele desperta a curiosidade e o aluno sai ao encalço de sua descoberta. O fundamental é a compreensão, e não a memorização dos conteúdos, isto é, aprender fazendo. As avaliações não supõem competitividade, mas cooperatividade. O mais importante é um ajudar o outro. A prática do dia a dia se dá em laboratórios, hortas, passeios, jogos, oficinas e outros. A disciplina é construída em processo de valorização da autonomia, o aluno deve entender que é o protagonista de como alcançar seus objetivos.
Escola Técnica: Esta escola quer dar ao aluno o suporte para trabalhar na sociedade industrial. Seu objetivo é transformar o estudante em Mao de obra qualificada. Seu principal conteúdo é cientifico e tecnológico, sem tratar com profundidade a subjetividade. O importante é aprender uma profissão, ser cobrado objetivamente seu uso. O grande problema desse estilo de escola é a razão instrumental que submete a vida ao mercado. O aluno não é mais uma pessoa, é um funcionário, um técnico ou um profissional.

Educação e emancipação
“É bastante conhecida a minha concordância com a crítica ao conceito de modelo ideal. Esta expressão se encaixa com bastante precisão na esfera do jargão da autenticidade que procurei atacar em seus fundamentos. Em relação a essa questão, gostaria apenas de atentar a um momento específico no conceito de modelo ideal, o da heteronomia, o momento autoritário é imposto a partir do exterior. Nele existe algo de usurpador. É de se perguntar de onde alguém se considera no direito de decidir a respeito da orientação da educação dos outros. As condições – provenientes no mesmo plano de linguagem e de pensamento ou de não pensamento – em geral também correspondem a esse modo de pensar. Encontram-se em contradição com a ideia de um homem autônomo, emancipado, conforme a formulação definitiva de Kant na exigência que todos os homens tenham que se libertar de sua auto inculpável menoridade.
A seguir, e assumindo o risco, gostaria de apresentar minha concepção inicial de educação. Evidentemente, não a assim chamada modelagem de pessoas, porque não temos o direito de modelar pessoas a partir do seu exterior; mas também não a mera transmissão de conhecimentos, cuja característica de coisa morta já foi mais do que destacada, mas a produção de uma consciência verdadeira. Isso seria inclusive da maior importância política; sua ideia, se é permitido dizer assim, é uma exigência política, isto é, uma democracia com o dever de não apenas funcionar, mas também operar conforme o seu conceito, demanda pessoas emancipadas. Uma democracia efetiva só pode ser imaginada em uma sociedade de quem é emancipado.
Numa democracia, quem defende ideais contrários à emancipação, e, portanto, contrários à decisão consciente independente de cada pessoa em particular, é um antidemocrata, até mesmo se as ideias que correspondem a seus desígnios são difundidas no plano formal da democracia. As tendências de apresentação de ideias exteriores que não se originam a partir da própria consciência emancipada, ou melhor, que se legitimam diante dessa consciência, permanecem sendo coletivistas-reacionárias. Elas apontam para uma esfera a que deveríamos nos opor não exteriormente pela política, mas também em outros planos muito mais profundos”.
ADORNO, Theodor. Educação e emancipação. Tradução Wolfgang leo Maar. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995. p 141-142.
Adorno se refere ao texto de Kant em resposta à pergunta: O que é esclarecimento? Segundo o qual um homem emancipado é um homem sem guia, isto é, minoridade é viver sem a independência que vem do uso da racionalidade.
O que impede o homem de assumir a sua maioridade é a preguiça e a covardia. Preguiça de ler, de aprender, de pesquisar, de ouvir e de se cansar em busca de uma maneira melhor de viver. Covardia em não enfrentar os problemas, os erros, as decepções, conduzindo à preferência de se manter como uma espécie de criança imatura. Para tudo se necessita de3 outro conduzindo o que se deve ser e fazer.
Para quem perguntamos as coisas fundamentais da vida? Quem é o guia? Algum familiar, como pai ou mãe? O professor, o pastor, o padre, o político, o livro, o filme?
A minoridade é uma prisão. A maioridade é a libertação. A liberdade vem a partir do momento em que se assume a racionalidade, ou melhor, o esclarecimento. A escola deve ser o palco do esclarecimento para, então, se tornar geradora de cidadania. O sinal de que isso está acontecendo é o uso publico da razão. Isso significa assumir posições refletidas, o que é diferente do uso privado da razão, que é responder racionalmente a situações corriqueiras, como se calar diante da autoridade. Quem tem coragem de usar a razão? Quem tem vontade de superar a si mesmo? Quem usa a razão só para não ter problemas pessoais (uso privado da razão)? Quem usa a razão enfrentando o mundo para melhorá-lo (uso publico da razão)?
Os oficiais dizem: não questione, pague;
Os religiosos dizem não questione creia;
A televisão diz não questione, assista, compre e seja;
O político diz não questione, vote.
Entretanto, a pessoa emancipada questiona abertamente, sabe o que quer e precisa disso para ser livre. Ela quer saber o motivo, ela precisa entender para aceitar ou não o que lhe é falado, ordenado. Ela usa os estudos, o raciocínio, a imaginação e a critica para seguir seu caminho. Dessa maneira, a melhor escola é aquela que permite questionamentos mais profundos.
Após a leitura dos textos, elabore uma redação com, no mínimo 20 linhas, com o seguinte tema: “A ESCOLA DOS MEUS SONHOS”. As melhores, serão publicadas na Revista “ExPOR” E NO BLOG.

EXERCICIO

1. Qual é a diferença do uso privado da razão e do uso público da razão?
2. Segundo Theodor Adorno, o que é educação?
3. O que significa ser emancipado?
a) Ter maioridade, sendo o seu próprio guia.
b) Fazer 18 anos.
c) Obedecer à interpretação que os outros fazem da religião.
d) Seguir os conselhos dos mais velhos.
e) Nunca reclamar e fazer o melhor para manter o mundo como está.
4. De quem é a responsabilidade social pela educação?
a) Dos professores.
b) Dos alunos.
c) De todas as pessoas.
d) Dos empresários.
e) Dos pais.


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