Neste texto, discutiremos de que maneiras o jovem se insere na cultura de consumo, como consumidor e como produtor de cultura e identidades a partir daquilo que consome, (Calça jeans, camiseta, tênis, aparelho de celular, tablet etc.) O objetivo é discutir o tema, focando especificamente o universo das práticas juvenis de consumo. Esse universo é plural e multifacetado, ou seja, embora possamos nos referir a um conjunto de pessoas como “jovens”, em função de sua faixa etária, o seu comportamento em relação ao consumo não é o mesmo e não pode ser generalizado, seja para determinada cultura, país ou mesmo geração. Queremos dizer com isso que, apesar de a indústria de consumo de massa produzir artigos em série para ser consumidos igualmente por um grande número de pessoas, a forma como nos apropriamos desses objetos varia em função do contexto social, econômico, histórico, regional e cultural em que nos encontramos. Em outras palavras, as pessoas têm poder de decisão sobre o que desejam comprar e fazer com os objetos que adquirem. Por essa razão, muitos produtos nem sempre “emplacam” quando são lançados no mercado; outros fazem mais sucesso do que o esperado e, às vezes, damos outros usos a objetos cujo propósito inicial não era aquele que imaginávamos. A criatividade e a inventividade humana operam de forma dialógica com a indústria da propaganda e do consumo, e todo consumidor pode agir como interlocutor nesse diálogo, pois é ele quem compra. Como os jovens participam desse processo?
Hoje é comum nos referirmos às pessoas entre 13 e 30 anos como jovens. Essa delimitação, às vezes, se estende às pessoas um pouco mais velhas ou mesmo mais novas. Podemos, inclusive, utilizar o termo “jovem” em vez de “adolescente”. Isso ocorre porque não há uma definição muito precisa de quando começa a idade “jovem”, tampouco de quando ela termina. Para os fins desta análise, nos referiremos à faixa etária em que se encontram os alunos como “jovens”. Os jovens não são todos iguais. No Brasil, essa realidade parece evidente do ponto de vista sociodemográfico em função das enormes desigualdades sociais ainda vigentes em nosso país. Porém, o que é interessante apontar, além das diferenças que podemos observar em relação à origem social dos jovens, ao sexo, ao local de moradia, ao grau de escolaridade, e a outros fatores, são as diversidades quanto aos hábitos de consumo, às práticas de lazer e de fruição, assim como às de produção de cultura e de identidade.
Embora os interesses, os hábitos de lazer e o comportamento das pessoas mais novas, em geral, tendam a ser diferentes daqueles das pessoas mais velhas, até a década de 1950, aproximadamente, não se podia dizer que os jovens se destacavam como possuidores de uma “cultura própria”, ou como consumidores de produtos específicos para sua faixa etária e praticantes de atividades de lazer circunscritas a eles. Ser jovem era mais uma fase da vida antes de se tornar adulto, com suas fragilidades e especificidades. O jovem precisava ser “preparado” para se tornar um cidadão, segundo determinados padrões considerados adequados, dependendo da sociedade na qual estava inserido. Esse quadro começou a mudar com o surgimento da cultura e da comunicação de massa, após a Segunda Guerra Mundial. Os Estados Unidos foram o primeiro país a se beneficiar do novo ciclo de desenvolvimento industrial que deslanchou com o final da guerra, quando houve ampla diversificação da produção e o aumento significativo dos níveis de emprego e dos benefícios do Estado de Bem-Estar Social. Esse período também foi caracterizado pelo crescimento do consumo, ampliado pela criação de novos bens e crescente importância dos meios de comunicação. Nessa época, a escolaridade obrigatória foi estendida e houve significativa expansão da oferta de empregos para os jovens recém-saídos do sistema educacional. Tais condições sociais e econômicas proporcionaram a emergência de novos estilos juvenis de vida.
As respostas dos jovens à emergente cultura de consumo foram muito diversificadas. Isso ocorreu porque a forma como os diferentes grupos sociais tiveram contato com essa nova cultura variou conforme o país, a região e também a classe social de origem. Nem todos tinham acesso aos produtos que chegavam dos Estados Unidos. Não ter acesso àquilo que é veiculado pela mídia causa insatisfação; ao mesmo tempo, ser igual a todo mundo não é o que toda gente quer. A necessidade de se distinguir no meio da “massa de jovens” e de novos “modismos” contribuiu para o surgimento de inúmeros movimentos de contestação, que tinham como objetivo chamar a atenção da sociedade por meio da marcação das diferenças. Alguns dos mais importantes movimentos de contracultura, que apareceram entre as décadas de 1950 e 1960, foram os movimentos beatnik (os jovens beatniks estadunidenses buscavam um estilo próprio, centrado na expressividade, na criatividade, na experimentação poética e sexual, na maconha e no jazz, tomando de empréstimo elementos do niilismo e do misticismo) e o movimento hippie (iniciado nos Estados Unidos e que depois se difundiu internacionalmente). Pregava a experimentação psicodélica (alucinações ou alterações na percepção) e sexual, o orientalismo, o nomadismo, o culto à espontaneidade, além de propor formas de sociedade alternativas baseadas em comunidades com cooperativas próprias de produção e consumo, canais de comunicação, critérios estéticos, linguagens, formas de alimentação e rituais.
Como os diferentes grupos de jovens buscam se diferenciar entre si? Qual é a lógica que explica a formação de movimentos, tipos, estilos e tendências tão diversos entre os jovens? A lógica por detrás da marcação das diferenças entre os grupos de jovens que buscam ora seguir as tendências da moda, ora se contrapor ao contexto político e social vigente, opera de várias formas:
Por meio do lazer: grupos de colegas e amigos que se reúnem em seu tempo de lazer a fim de se divertirem juntos. Desenvolvem estilos próprios de vestuário, cheios de simbolismos, e elegem elementos privilegiados de consumo, que se tornam também simbólicos e em torno dos quais criam identidades distintas; Por meio da contestação: outros grupos de jovens que, reunidos por afinidades de classe e origem social, buscam elaborar uma resposta diferenciada daquelas disponíveis, apropriando-se de forma peculiar de objetos providos pelo mercado ou pela indústria cultural. Ao lhes atribuir novos significados, a partir da inversão do seu uso original ou da reunião de objetos díspares em um conjunto inusitado cujo propósito é causar estranheza, criam estilos divergentes em contraposição a outros grupos sociais;
Por meio da música: o consumo de diferentes estilos musicais é um dos aspectos fundamentais na formação de grupos de jovens que se reúnem para ouvir, tocar, compor e se apresentar em conformidade com o tipo de música de sua preferência. O estilo musical, além de funcionar como marcação identitária, serve para comunicar e expressar ideologias políticas, filosofias de vida, modos de pensar sobre a realidade, manifestações sobre sentimentos em relação aos problemas sociais vivenciados no cotidiano, denúncias, protestos etc.
Um dos exemplos mais expressivos dessa combinação da música com ideologias políticas, filosofias de vida e os outros aspectos foi o aparecimento dos grupos de jovens punks, na Inglaterra, entre 1976 e 1977. Para entender as origens e o significado de punk. Os punks são apenas um dos diversos grupos de jovens que emergiram na segunda metade do século XX como forma de contestação à indústria de consumo de massa e ao estilo musical dominante do rock-’n’-roll estadunidense. Desde então, inúmeras formas de manifestação e expressão, baseadas em práticas de lazer, estilos visuais, filosofias de vida, gostos musicais, dança, grafite, performance e outros, surgem e desaparecem no espaço da escola, da comunidade, do bairro e da cidade.
1. Como os diferentes grupos de jovens buscam se diferenciar entre si?
Após ler os textos: O aumento da disponibilidade; A música punk; e Hip-hop, disponíveis no caderno do aluno, respondam as seguintes questões:
2. Quais elementos aparecem como característicos de um novo padrão de comportamento, que inclui maior liberdade e autonomia para os jovens?
3. Explique como aparece a música punk e o significado do termo.
4. Explique o significado de: Hip-hop; Gótico; Straight edge e Forrozeiro.
5. Responder o caderno do aluno da página 63 a 78.
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