quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

CONTEÚDOS DAS SITUAÇÕES 1 E 2 - 2ª SÉRIE - 1º BIMESTRE - AVALIAÇÃO 01

O EU RACIONAL Leitura e Análise de Texto Não sei se vos devo falar das primeiras meditações que aqui fiz, pois elas são tão metafísicas e tão pouco comuns que talvez não sejam do agrado de todos. No entanto, a fim de que se possa julgar se os fundamentos que tomei são bastante firmes, acho-me, de certa forma, obrigado a falar delas. Há muito tempo eu notara que, quanto aos costumes, por vezes é necessário seguir, como se fossem indubitáveis, opiniões que sabemos serem muito incertas, como já foi dito acima; mas, como então desejava ocupar-me somente da procura da verdade, pensei que precisava fazer exatamente o contrário, e rejeitar como absolutamente falso tudo em que pudesse imaginar a menor dúvida, a fim de ver se, depois disso, não restaria em minha crença alguma coisa que fosse inteiramente indubitável. Assim, porque os nossos sentidos às vezes nos enganam, quis supor que não havia coisa alguma que fosse tal como eles nos levam a imaginar. E, porque há homens que se enganam ao raciocinar, mesmo sobre os mais simples temas de geometria, e neles cometem paralogismos, julgando que eu era tão sujeito ao erro quanto qualquer outro, rejeitei como falsas todas as razões que antes tomara como demonstrações. E, finalmente, considerando que todos os pensamentos que temos quando acordados também nos podem ocorrer quando dormimos, sem que nenhum seja então verdadeiro, resolvi fingir que todas as coisas que haviam entrado em meu espírito não eram mais verdadeiras que as ilusões de meus sonhos. Mas logo depois atentei que, enquanto queria pensar assim que tudo era falso, era necessariamente preciso que eu, que o pensava, fosse alguma coisa. E, notando que esta verdade – penso, logo existo – era tão firme e tão certa que todas as mais extravagantes suposições dos cépticos não eram capazes de a abalar, julguei que podia admiti-la sem escrúpulo como o primeiro princípio da filosofia que buscava. Depois, examinando atentamente o que eu era e vendo que podia fingir que não tinha nenhum corpo e que não havia nenhum mundo, nem lugar algum onde eu existisse, mas que nem por isso podia fingir que não existia; e que, pelo contrário, pelo próprio fato de eu pensar em duvidar da verdade das outras coisas, decorria muito evidentemente e muito certamente que eu existia; ao passo que, se apenas eu parasse de pensar, ainda que tudo o mais que imaginara fosse verdadeiro, não teria razão alguma de acreditar que eu existisse; por isso reconheci que eu era uma substância, cuja única essência ou natureza é pensar, e que, para existir, não necessita de nenhum lugar nem depende de coisa alguma material. De sorte que este eu, isto é, a alma, pela qual sou o que sou, é inteiramente distinta do corpo, e até mais fácil de conhecer que ele, e, mesmo se o corpo não existisse, ela não deixaria de ser tudo o que é. Depois disso, considerei, de modo geral, o que uma proposição requer para ser verdadeira e certa; pois, já que eu acabava de encontrar uma que sabia ser tal, pensei que também deveria saber em que consiste essa certeza. E, tendo notado que em penso, logo existo nada há que me garanta que digo a verdade, exceto que vejo muito claramente que para pensar é preciso existir, julguei que podia tomar por regra geral que as coisas que concebemos muito clara e distintamente são todas verdadeiras, havendo, porém, somente alguma dificuldade em distinguir bem quais são as que concebemos distintamente. [...] DESCARTES, René. Discurso do método. São Paulo: Martins Fontes, 2009. p. 57, 58, 59, 60 e 61. A Filosofia cartesiana do "eu penso" nos ajudará na construção do sujeito ético, pois a compreensão de nossas ações, bem como a construção de relações sociais de acordo com referências democráticas, por exemplo, exigem reflexões que se fundamentam em nossa capacidade de cogitar, isto é, de questionar o que vivemos e o que desejamos viver. A Filosofia exige a habilidade da reflexão, que também é critério absoluto do agir ético. O individuo consciente de sua capacidade e de sua necessidade de pensar pode exercitá-las, na medida em que aprende como fazer. A importância do "eu penso" cartesiano é uma tentativa de criar condições para o desenvolvimento racional do indivíduo ético. Como pensamos? Há várias maneiras de dividir as atividades do intelecto. Para efeito didático, escolhemos, da tradição filosófica, as seguintes: juízo, percepção e razão. A partir da ideia do "eu penso", reflitam sobre seus pensamentos, segundo as funções intelectuais assim consideradas: • Juízo - atividade intelectual de escolha, avaliação e decisão (Aristóteles, Da Alma, III, 495). Da pergunta fundamental - "Qual o critério ou a regra dos nossos juízos?" -, podemos derivar outras tantas, como: por que escolhemos isto e não aquilo? Por que achamos mais importante isto e não aquilo? Por que tomamos esta decisão e não outra? • Percepção - Lembrando que percepção é o exame das sensações, podemos partir disso para conhecer o mundo. Por meio da percepção, nós não apenas ouvimos o som em uma festa, mas podemos compreender o ritmo, verificar se as pessoas estão felizes e enxergar seus movimentos de dança etc. Assim, as questões de caráter ético que podemos fazer agora são: como melhorar a percepção do mundo? Como sentir melhor e distinguir o que nos cerca? Por que um entendimento errado ou um mau juízo podem produzir tanto mal? • Razão - Por meio da razão, que é lógica, nós temos a regra para os cálculos em nosso pensamento. O que julgamos, percebemos, lembramos e até imaginamos, em geral, podem obedecer às regras da lógica. Assim, a pergunta ética que podemos propor é: como aprofundar nossa racionalidade, visando a fazer o bem? FACULDADES DO INTELECTO - FUTEBOL - PAQUERA - ENTREVISTA DE EMPREGO Juízo - Decidir para qual jogador passar a bola. Escolher a hora de driblar o zagueiro. Escolher com quem você quer jogar. Decidir a hora certa de se aproximar da pessoa. Escolher o assunto para começar a conversa. Julgar se você vai ou não ficar com essa pessoa. Decidir com que roupa ir para a entrevista. Decidir a melhor maneira de cumprimentar o entrevistador. Julgar o que ressaltar no currículo. Percepção - Tentar sentir o time adversário, o que os deixa desanimados, tensos ou os estimula a jogar melhor. Perceber como é o árbitro, se ele é exigente, se é justo, se é rápido. Sentir a vibração ou descontentamento da torcida. Sentir se a pessoa em quem você está interessado tem ou não interesse por outra pessoa. Sentir se, neste momento, a pessoa está preparada para o que você tem a dizer. Sentir se ficar com essa pessoa realmente vai ser legal. Perceber qual a personalidade do entrevistador, se ele curte brincadeiras ou piadinhas. Sentir se o entrevistador está gostando do que você fala durante a entrevista. Razão - Como organizar todas essas informações. Montar uma estratégia com o time, de forma que todas as informações que temos nos ajudem a ganhar. Falar de forma clara para os atacantes: como eles devem se posicionar e qual o esquema de jogo. Como elaborar uma estratégia para conquistar a pessoa. Deixar claras as suas intenções. Saber articular as palavras, para que não fique nada que deixe a pessoa constrangida. Deduzir o que realmente o entrevistador deseja. Não se mostrar confuso na hora de responder às perguntas. Mostrar que sabe articular ideias e, assim, convencer o entrevistador a respeito da sua inteligência, merecendo, portanto, o emprego. INTRODUÇÃO À ÉTICA CINCO JOVENS DE CLASSE ALTA AGRIDEM DOMÉSTICA. Uma empregada doméstica, de 32 anos, foi espancada e roubada, na manhã do dia 24 de junho de 2007, quando saía do seu trabalho. Os espancadores eram cinco jovens ricos, todos estudantes. Eles não apresentavam sinais de ter ingerido álcool ou outra substância química. A mulher relatou à polícia que, por volta das 6h30, estava em um ponto de ônibus, perto do apartamento onde trabalha e mora, para ir a uma consulta médica. De repente, saindo de um automóvel, os cinco jovens começaram a xingá-la e a chutá-la na cabeça e na barriga. Depois, roubaram sua bolsa, com seus documentos, 47 reais e um celular, que nem tinha sido completamente pago. Após a agressão, ela voltou ao prédio em busca de ajuda. Um taxista, que estava próximo ao local do crime, anotou a placa do carro e notificou a polícia, que prendeu os jovens. Os agressores confessaram o crime, mas nada falaram sobre os motivos que os levaram a cometer o ato de crueldade. DIFERENÇAS ENTRE MORAL E ÉTICA. MORAL E ÉTICA A moral é um conjunto de princípios e regras socialmente definidos e que devem ser inculcados nos indivíduos para padronizar condutas, costumes e valores. Cada cultura tem uma moral, isto é, regras sobre o bem e o mal, o permitido e o proibido. A reflexão ética deve questionar, problematizar as normas morais e, por isto, a ética não é essencialmente normativa. A ética deve refletir sobre as regras morais para garantir solidariedade, respeito, e, em última análise, a preservação da vida. VÍCIOS E VIRTUDES EM ARISTÓTELES (Vício por deficiência) – (Virtudes - atitudes que nos levam à felicidade) – (Vício por excesso) Covardia: ter medo de tudo ou deixar que o medo o domine. Coragem: saber enfrentar os medos e perigos, calculando a hora de agir. Temeridade: não ter medo de nada e se arriscar em todas as situações de perigo. Insensibilidade: não desejar nada e ser insensível. Temperança: saber usar os prazeres sem se prejudicar. Libertinagem: viver somente atrás de prazeres. Avareza: jamais gastar o dinheiro e querer guardar sempre o que tem, além de ganhar mais. Liberalidade: saber gastar o dinheiro, escolhendo onde gastá-lo. Esbanjamento: nunca economizar com nada, gastar sem pensar. Vileza: nunca usar nada bonito – roupa, por exemplo – e criticar os outros por isso. Magnificência: saber usar coisas bonitas. Vulgaridade: exagerar nas coisas bonitas. Modéstia: achar que é menor que os outros, ou mais feio, ou errado. Respeito próprio: reconhecer seus defeitos e qualidades e não deixar as pessoas diminuírem sua autoestima. Vaidade: preocupar-se apenas com sua grandiosidade e jamais aceitar seus defeitos. Indolência: nunca fazer nada para si e para os outros, procurando só o que é mais fácil. Prudência: saber a hora e como agir para alcançar seus objetivos. Ambição: ir atrás de suas coisas, sem pensar em nada. Indiferença: ignorar as pessoas completamente. Gentileza: ser agradável com todas as pessoas, conter a raiva. Irascibilidade: deixar que as emoções tomem conta, a ponto de ser violento com as pessoas, nas palavras e nas ações. Descrédito próprio: Não se achar bom em nada. Veracidade: ser verdadeiro e receber crédito por isso, saber seus limites, saber que é bom em alguma coisa e que não é bom em outras. Orgulho: achar-se melhor que os outros, nunca aceitar que precisa dos outros. Rusticidade: nunca usar a inteligência para viver, agindo sempre por instinto. Agudeza de espírito: saber usar a inteligência de modo brilhante. Zombaria: humilhar quem não tem as habilidades intelectivas. Enfado: ser chato, pesado, incapaz de dizer uma coisa boa para as pessoas. Amizade: saber se relacionar com as pessoas por meio do afeto e da inteligência. Condescendência: querer ser amigo de todos, perdoar tudo de todos, nunca ver maldade nos outros. Desavergonhamento: mostrar tudo o que tem a ponto de não sobrar nada para si. Comedimento: saber como se mostrar para os outros. Timidez: ter medo de mostrar seus sentimentos e seus pensamentos para os outros. Malevolência: não se importar com a maldade e usá-la a seu favor. Justa indignação: saber quando uma coisa está certa ou errada. Inveja: não aceitar que as pessoas tenham sucesso. ALGUMAS MÁXIMAS DE EPICURO I. Aquele que dispõe de plenitude e de imortalidade não tem inquietações nem perturba os outros; por isso está isento de impulsos de cólera ou de benevolência, já que tudo isso é próprio de quem tem fraquezas. II. A Morte nada é para nós. Com efeito, aquilo que está decomposto é insensível e a insensibilidade é o nada para nós. III. O limite da amplitude dos prazeres é a supressão de tudo que provoca dor. Onde estiver o prazer, e durante o tempo em que ele ali permanecer, não haverá lugar para a dor corporal ou o sofrimento mental, juntos ou separados. IV. A dor contínua não dura longamente na carne. A que é extrema permanece muito pouco tempo e a que ultrapassa um pouco o prazer corporal não persiste muitos dias. Quanto às doenças que se prolongam, elas permitem à carne sentir mais prazer do que dor. [...] VIII. Nenhum prazer é em si mesmo um mal, mas aquilo que produz certos prazeres acarreta sofrimentos bem maiores do que os prazeres. IX. Se todo prazer pudesse ter se acumulado, não só persistindo no tempo, mas também percorrendo a inteira composição do nosso corpo, ou pelo menos as principais partes de nossa natureza, então os prazeres não difeririam entre si. [...] XVII. O justo desfruta de plena serenidade; o injusto, porém, está cheio de maior perturbação. [...] XXIII. Se combates todas as tuas sensações, nada disporás de referência nem mesmo para discernir corretamente aquelas que julgas deverem ser rejeitadas. [...] XXVII. De tudo aquilo de que dispõe a sabedoria para a felicidade de toda nossa vida, de longe o mais importante é a preservação da amizade. EPICURO FEZ, AINDA, RECOMENDAÇÕES PRECISAS SOBRE COMO CHEGAR À FELICIDADE: 1. Não tenha medo dos deuses. Os deuses são felizes, e seres felizes não estão preocupados com a vida dos outros. 2. Não tenha medo da morte. A morte nada mais é do que a separação dos átomos. 3. O prazer está à disposição de todos. Ele é o fim das dores e o sossego. 4. O mal dura pouco. O mal é a dor e dura pouco; o máximo que ela pode fazer é levar à morte, que, no fundo, é nada. Quando a dor termina, começa o prazer. Prof. Manoelito

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