segunda-feira, 18 de novembro de 2013

2ª SÉRIE - CONTEÚDOS PARA AVALIAÇÃO (2) - (4º BIMESTRE)

EE BATISTA RENZI DISCIPLINA: FILOSOFIA ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS ETAPA DA EDUCAÇÃO BÁSICA: ENSINO MÉDIO 2ª SÉRIE – VOLUME 4 - 4º BIMESTRE TEMAS E CONTEÚDOS: A CONDIÇÃO HUMANA E A BANALIDADE DO MAL PROF. MANOELITO A CONDIÇÃO HUMANA E A BANALIDADE DO MAL *Neste texto, vamos abordar a condição humana e a banalidade do mal com base em contribuições de Hannah Arendt. A partir disso, você será convidado a refletir sobre sua ação em meio à sociedade. Almeja-se com esse tema dar a vocês a possibilidade do exercício da reflexão crítica para pensar a condição humana. Começaremos a nossa reflexão analisando a letra da música “Comida” de Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Britto. Comida Bebida è água. Comida é pasto. Você tem sede de que? Você tem fome de que? A gente não quer só comida, A gente quer comida, diversão e arte. A gente não quer só comida, A gente quer saída para qualquer parte. A gente não quer só comida, A gente quer bebida, diversão, bale. A gente não quer só comida. A gente quer a vida como a vida quer. Bebida é água. Comida é pasto. Você tem sede de que? Você tem fome de que? A gente não quer só comer, A gente quer comer e quer fazer amor. A gente não quer só comer, A gente quer prazer pra aliviar a dor. A gente não quer só dinheiro, A gente quer dinheiro e felicidade. A gente não quer só dinheiro, A gente quer inteiro e não pela metade. A música é uma reflexão sobre o fato de que os seres humanos não se reduzem às suas necessidades materiais. Dialogar e ler - A condição humana Qual é a condição humana? O que é isso? Para Hannah Arendt, a condição de homens e mulheres consiste em três atividades fundamentais da "vida ativa", sem as quais não há sobrevivência. O labor consiste na atividade biológica do corpo, produção e consumo próprio do mundo privado. O trabalho consiste na atividade com que os homens transformam o ambiente natural em artificial. Garante estabilidade diante da instabilidade da natureza. A ação consiste na atividade em relação a outros homens; efetivamente, é a experiência política. Especificamente humana, a ação tem como condição a pluralidade de atos e palavras. Diretamente, cada uma dessas atividades é associada a outros elementos: o Labor ao Eu, o Trabalho ao Mundo e a Ação ao Outro. Essas três atividades estão intimamente ligadas ao nascimento e à morte, à natalidade e à mortalidade. O labor não apenas assegura a vida do indivíduo, mas o perpetua a espécie. Com o trabalho, a vida pode durar mais, pois os benefícios e o conforto gerados criam um mundo mais adaptado para a vida humana. Por mais que a vida seja efêmera, o trabalho permite maior permanência desta mesma vida. Pela ação, fundada na memória e na linguagem, criam-se a história e o encontro político entre os seres humanos. A ideia de natalidade ou nascimento é muito importante no pensamento de Hannah Arendt. Cada bebê traz a certeza de um mundo novo, uma nova maneira de agir. Cada nascimento é uma nova possibilidade para o mundo. A condição humana consiste na afirmação de que homens e mulheres são seres condicionados, porque tudo aquilo com o que entram em contato torna-se uma condição para a sua existência, tanto em si mesmos quanto no mundo e com os outros. Por isso, a condição humana não deve ser confundida com a natureza humana. São categorias totalmente diferentes. A condição humana se refere ao condicionamento dos homens para a manutenção de sua existência, em face de si mesma, do mundo e dos outros. Já a natureza humana seria a essência do homem, impossível de ser alcançada pelo próprio homem. A vitória do Labor Para Hannah Arendt, o homem moderno experimenta o problema de ter a dimensão do labor como a mais importante. A relação com os outros e com o mundo acaba substituída pela imediata satisfação das necessidades básicas. A vida, quando privilegia o labor, os prazeres biológicos, comer, dormir, beber, ter relações sexuais, trabalhar, apenas com o objetivo de sobrevivência, torna-se tão básica quanto estas necessidades. Quando tratamos o mundo como uma forma de alcançar nossos objetivos imediatos, o que chamamos de trabalho deixa de ser transformação para ser labor; ele vira repetição sem fim, na desgastante rotina dos trabalhadores: alienação. O agir também se reduz ao labor, na me-dida em que nossa relação com os outros não é nem de gratuidade nem de busca política, como o desenvolvimento humano de todos. Os outros são meros objetos, por meio dos quais nossas satisfações são realizadas, e a política deve ser orientada para o labor, para o básico, e nada mais. Segundo Hannah Arendt, a tarefa da educação é introduzir os novos num mundo que é mais velho. As crianças, que ainda não assumem responsabilidade pelo mundo, precisam apropriar-se dos saberes para que, futuramente, possam agir no mundo. Quando isto não ocorre, a escola não é espaço de agir em busca de uma comunidade mais sábia. E o que dizer da família, das associações, dos amigos, dos colegas, das festas, dos encontros, das artes? Cada um desses espaços coletivos deveria abarcar o agir em função da felicidade de todos. Mas o agir assim caracterizado não é predominante e sofre limitação dos objetivos que cercam o labor. Agora, você pode indicar a leitura do seguinte texto. Como você sabe, o texto é fundamental para o aprofundamento no que diz respeito à leitura filosófica. "Se compararmos o mundo moderno com o mundo do passado, veremos que a perda da experiência humana acarretada por esta marcha de acontecimentos é extraordinariamente marcante. Não foi apenas, e nem sequer basicamente, a contemplação que se tornou experiência inteiramente destituída de significado. O próprio pensamento, ao tornar-se mera 'previsão de consequências', passou a ser função do cérebro, com o resultado de que se descobriu que os instrumentos eletrônicos exercem essa função muitíssimo melhor do que nós. A ação logo passou a ser, e ainda é concebida em termos de fazer e de fabricar, exceto que o fazer, dada a sua mundanidade e inerente indiferença à vida, é agora visto como apenas outra forma de labor, como função mais complicada, mas não mais misteriosa, do processo vital. No entretempo, demonstramos ser suficientemente engenhosos para descobrir meios de atenuar as fadigas e penas da vida, ao ponto em que a eliminação do labor do âmbito das atividades humanas já não pode ser considerada utópica. Pois, mesmo agora, 'labor' é uma palavra muito elevada, muito ambiciosa para o que estamos fazendo ou pensamos que estamos fazendo no mundo em que passamos a viver. O último estágio de uma sociedade de operários, que é a sociedade de detentores de empregos, requer de seus membros um funcionamento puramente automático, como se a vida individual realmente houvesse sido afogada no processo vital da espécie, e a única decisão ativa exigida do indivíduo fosse deixar-se levar, por assim dizer, abandonar a sua individualidade, as dores e as penas de viver ainda sentidas individualmente, e aquiescer num tipo funcional de conduta entorpecida e 'tranquilizada'. O problema das modernas teorias do behaviorismo não é que estejam erradas, mas sim que podem vir a tornar-se verdadeiras, que realmente constituem as melhores conceituações possíveis de certas tendências óbvias da sociedade moderna. É perfeitamente concebível que a era moderna - que teve início com um surto tão promissor e tão sem precedentes de atividade humana - venha a terminar na passividade mais mortal e estéril que a História jamais conheceu."ARENDT, Hannah. A condição humana. Tradução Roberto Raposo. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007. p. 335. Quais as limitações que o labor oferece para o agir, de acordo com o pensamento de Hannah Arendt? O labor na sociedade moderna apresenta limites ao agir quando, em nossa relação com o outro, nós nos comportamos como se ele fosse um objeto para nos servir. Qual o principal ensinamento presente na contribuição de Hannah Arendt sobre a condição humana? As releituras sempre permitem a identificação dos ensinamentos, mas uma ideia é fundamental: nem todas as práticas ou ações humanas são voltadas para o que a autora chama de agir, que é o processo de construção da felicidade de todos. Dialogar - A banalidade do mal O que vem a ser o mal? O mal sempre foi uma reflexão importante para a filosofia. Mas como entendê-lo tomando-se por base o pensamento reflexivo e critico? A pergunta de Hannah Arendt orbita em torno dessa formulação. Como é possível que no século XX, os homens convivam com um mal como o nazismo, por exemplo? Pensando nos campos de extermínio nazistas, que mataram milhões de pessoas por motivos banais, entender que foram tão poucos os que a eles se opuseram? Os nazistas associavam sinais aos prisioneiros durante a Segunda Guerra Mundial. Os prisioneiros eram escravizados, torturados e assassinados por não serem, conforme estabeleciam as normas nazistas - arianos, heterossexuais, racionais, racistas e, em suma, nazistas. Conforme seu nascimento, sua religião, orientação sexual e postura política, o indivíduo era violentamente arrancado de sua casa, sem que seus amigos ou vizinhos se opusessem. Analise o cartaz que traz os símbolos nazistas para identificação dos prisioneiros dos campos de concentração. Os símbolos eram usados nos campos de extermínio nazistas para marcar os prisioneiros e indicar o tipo de violência a eles destinada. Chamar Auschwitz ou Treblinka de campos de concentração acaba escondendo sua mórbida finalidade que consistia em exterminar pessoas, e não em reuní-las em uma comunidade. Esses símbolos, em sua maioria, marcavam pessoas comuns, presas e condenadas sem julgamento justo. Embora não seja difícil desaprovar uma forma de "justiça" que condena pessoas à morte por motivos religiosos, étnicos, por orientação sexual e outras razões igualmente injustificáveis. Hannah Arendt foi além, mostrando que esse mal não estava apenas nos soldados assassinos ou em Hitler, mas em todos os que não usavam, para combatê-lo, sua faculdade mais sublime, que é o pensamento. A banalização do mal está, justamente, no fato de que as pessoas são apenas supérfluas e não criticas, fingindo que aquilo não lhes diz respeito, pensando somente em si. Eichmann, durante seu julgamento, ao fim do qual foi condenado à morte por crimes contra a humanidade. Ao contrário de muitos que viam em Eichmann a personificação do mal, Arendt viu nele uma figura banal. Para ela, são as pessoas banais que se omitem ou fazem as piores atrocidades. O mal não é sedutor nem monstruoso, como a mitologia pinta, mas banal, comum, ordinário. Eichmann não era um pivô, uma parte fundamental, mas apenas uma peça na engrenagem nazista, que poderia ser muito bem ser substituída por outra. Por ser peça de uma engrenagem, Eichmann apenas viveu a atividade do labor. Procurou apenas sobreviver, sem refletir sobre o modo como vivia. Sem aprofundar sua sobrevivência, apenas executou ordens, obedeceu e lucrou com isso, enquanto pôde. Mas suas ordens faziam parte de um sistema de destruição: matou crianças, mães, pais, jovens, idosos, sem questionar se aquilo, realmente, era ou não um mal. E, se o fez, não assumiu outras dimensões da vida ativa, como o trabalho e a ação; trabalho, como construção de um mundo, e ação, como o que permite que esse mundo seja melhor. Banalidade do mal na democracia Eichmann matou e deixou morrer por "obedecer a ordens". Durante o nazismo, o povo alemão matou e deixou morrer "por não saber o que acontecia". Os judeus foram mortos, mas também deixaram morrer, porque muitos não se revoltaram, não reagiram. Enfim, Hannah Arendt aponta para uma dimensão terrível do mal, terrível porque ele, não está apenas nos grandes assassinos da história, nos vilões, mas em todas as pessoas que não se comprometem com a vida, em todas as pessoas que matam ou deixam morrer. Ainda segunda essa ótica, como encarar as pessoas que votam em políticos corruptos por causa da propaganda, ignorando os fundamentos críticos da vida política (ação)? Ora, a corrupção começa no instante em que as pessoas não se importam com a política. Cada indivíduo que não procura entender a política, escondendo-se atrás de desculpas, é culpado pela corrupção. Como a corrupção mata? Com a diminuição do número de hospitais, centros de alimentação, casas de acolhida para adolescentes e crianças; com escolas mal aparelhadas, professores mal pagos, empresas que adulteram remédios e alimentos; com o aumento da falta de segurança nas ruas do número de policiais mal remunerados e correndo risco de morrer; com cadeias superlotadas que não recuperam ninguém... Enfim, se alguém morre por algum dos efeitos do desvio de verbas, o eleitor também é responsável por essa morte. Para quem banaliza o mal, é fácil culpar apenas um ou outro político. Mas o que se deve pensar é como cada um age. Muitos políticos envolvidos em sucessivos escândalos continuam a ganhar eleições - eis uma banalidade do mal: votar sem analisar e desconfiar, dar o voto a gente suspeita. O que significa a ideia de que o labor venceu o agir e o trabalho. O homem e seus atos passam a ser entendidos como alguma coisa automática, “como se a vida individual realmente houvesse sido afogada no processo vital da espécie”. No limite, a condição humana é confundida com a natureza humana. O que significa a expressão "banalidade do mal”. A “banalidade do mal” é uma expressão associada à crítica de Hannah Arendt à ausência de reflexão que leva à reprodução de ações violentas. Podem-se utilizar o exemplo dos nazistas e, também,os exemplos da sociedade atual. Releia este trecho de Hannah Arendt: "[...] O último estagio de uma sociedade de operários, que é a sociedade de detentores de empregos, requer de seus membros um funcionamento puramente automático, como se a vida individual realmente houvesse sido afogada no processo vital da espécie, e a única decisão ativa exigida do indivíduo fosse deixar-se levar, por assim dizer, abandonar a sua individualidade, as dores e as penas de viver ainda sentidas individualmente, e aquiescer (consentir, ceder) num tipo funcional de conduta entorpecida e tranquilizada” (ARENDT,2009). Este trecho trata da: a) Vida ativa; b) Vitória do labor; c) Atividade do trabalho; d) Atividade do agir; e) Banalidade do mal. Assinale as alternativas corretas a respeito do pensamento de Hannah Arendt: a) O labor é a atividade humana referente às necessidades biológicas. b) O trabalho é a atividade humana referente à construção do mundo humano, que não é somente trabalhar para ganhar dinheiro, e sim construir melhorias, como a arte. c) A ação diz respeito à relação entre as pessoas; é a dimensão política por excelência. d) O labor é a parte fundamental da vida humana e por isso Arendt vê com bons olhos a sua vitória sobre as outras dimensões da vida ativa. e) A banalidade do mal significa a ação de pessoas que agem de forma monstruosa. Releia com atenção o seguinte trecho de Hannah Arendt: "É perfeitamente concebível que a era moderna, que teve início com um surto tão promissor e tão sem precedentes de atividade humana, venha a terminar na passividade mais mortal e estéril que a História jamais conheceu." Para a autora, essa "passividade mais mortal'' significa que: a) O homem moderno está centrado apenas nas necessidades básicas, ou seja, na vitória do labor; b) O homem não reage contra as adversidades; c) Por causa da poluição as pessoas estão ficando estéreis; d) Ninguém procura se aprofundar sobre a existência, privilegiando a prática mais imediata e se esquecendo do trabalho de transformar o mundo e da ação política; e) A história moderna inicia com um surto e acaba calma e tranquila. Faça um resumo sobre os conceitos de condição humana e banalidade do mal. Com base em uma questão da sociedade brasileira atual, escrevam um texto sobre a banalidade do mal, (exemplos: a violência contra os mendigos, um episódio de racismo e/ou preconceito, o desrespeito aos indígenas, o trabalho infantil, a morte de bebes em maternidades, a adulteração de remédios ou alimentos) Prof. Manoelito Boas Férias

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