terça-feira, 11 de junho de 2013

O indivíduo segundo - Max Stirner - O indivíduo e a psicanálise - Freud

Conhecer os próprios limites e a artificialidade de objetivos permite o desenvolvimento da liberdade. Sua individualidade é ou não conduzida por forças que lhes são externas, principalmente em função de objetivos específicos de lucro e domínio.
Vamos discutir as seguintes questões: Todos nós somos um pouco egoístas?; O que fazer com nosso egoísmo?; Devemos assumi-lo ou lutar contra ele?

Para Stirner, o homem é um ser egoísta, embora não saiba o que fazer com seu egoísmo. Assim, o pensador propõe que cada um deve assumir seu egoísmo, tornando-se dono de si mesmo.
Quando as pessoas procuram se libertar do egoísmo servindo a Deus, na verdade acabam servindo aos líderes religiosos e a si mesmos, de maneira parcial. Deus é uma ideia para o individuo, independentemente de existir ou não. O homem só serve a ele por pensar que Deus existe, e será feliz assim. Quando as pessoas procuram servir à sociedade, elas acabam servindo a lideres políticos, pois a sociedade ou a nação também são ideias. Quando as pessoas procuram trabalhar, cada vez mais e melhor, para servir à honestidade; na verdade estão servindo os empregadores.
Portanto, as ideias de Deus e de nação são afastamentos parciais de nós mesmos. Quando acreditamos que somos seres espirituais, feitos por e para as ideias, achamos que devemos segui-las. Desse modo, pensamos egoisticamente: vou servir a Deus, porque lucrarei com isso indo para o céu, ou vou servir à sociedade, porque terei prestígio e serei considerado bom. No entanto, se chegássemos à conclusão de que somos corpo, então serviríamos a nós mesmos em totalidade.
A sociedade cristã e moderna procura criar um indivíduo com aparência de livre, mas que, no fundo, é escravo da razão, da fé, ou do Estado. Todas essas instâncias e entidades prometem a liberdade, desde que renunciemos de alguma forma a nós mesmos, pois não existe liberdade interior, havendo somente aquela que é vivida longe de qualquer forma de servidão.
Então, quem somos nós? Stirner responde afirmando que somos um poço e não devemos ouvir as vozes da consciência, nem da sociedade e muito menos de Deus, pois elas escondem egoístas que lucram com isso. Desse modo, o egoísmo é a chave para vivenciarmos definitivamente desejos, pois - se for para sermos escravo de alguém, então que o sejamos de nós mesmos.

Como seria a sociedade?
Se cada um assumisse seu egoísmo, fazendo o bem aos outros por interesse (eu faço você feliz, para você me fazer feliz), não haveria intrigas nem lutas, pois cada um seria tão diferente do outro, a ponto de não poderem sequer discordar. O problema das intrigas e das lutas é que nós nos imaginamos parecidos com os outros e agimos por egoísmo disfarçado, adormecido. Julgamos, ainda, os outros como falsos, quando nós também somos. Por isso, nem realizamos nossos desejos, nem alcançamos nossos ideais.

O indivíduo e a psicanálise

Analisando pessoas com uma doença chamada histeria, cujos sintomas se confundem com uma espécie de "possessão demoníaca", como falta de visão, desmaios, tonturas, paralisia, pânico e ansiedade sem causa física aparente, Freud descobriu que ela se tratava de uma doença causada pela autorrepressão.
Autorrepressão de quê? De impulsos considerados dolorosos, terríveis ou vergonhoso: para aquele indivíduo. Freud concluiu, portanto, que era essa repressão que as pessoas faziam contra os próprios impulsos que causava a histeria. Esses impulsos ficariam fechados, isolados no que Freud chamou de inconsciente.
O inconsciente está por trás de grande parte de nossas fantasias. Ele gera nossas lembranças e permite que nossa consciência tenha acesso a informações importantes, como a memória de nomes, datas, lugares, sensações. No entanto, mais do que isso, o inconsciente é responsável também por esquecimentos, lapsos, distrações, confusão de ideias, erros nas sensações, atitudes desastrosas, associação de ideias diferentes.
A cultura ocidental ignorou o inconsciente e supervalorizou a consciência. Entretanto, independentemente disso, o inconsciente está sempre em atividade no dia-a-dia, criando, por exemplo, os sonhos. Por isso, ao interpretar o sonho, seria possível chegar a alguns conteúdos do inconsciente, conhecendo um pouco aquilo que reprimimos.

A libido
Para Freud, o "eu" de cada um é uma parte da Biologia. Nosso cérebro é um corpo, e este corpo é o lugar onde nós acontecemos. Somos inseparáveis. É importante frisar Freud não tinha uma visão espiritualista do homem, mas integral, materialista e científica.
O homem biológico nasce, cresce, alimenta-se, se reproduz e morre. Mas, para se reproduzir, ele tem uma força natural que se desenvolve com todo o seu ser desde a infância. É a libido, a força do instinto sexual, que não apenas opera no ato sexual, mas na própria formação do desejo. Assim, como todos os instintos, a libido está em nossa formação individual. Nas sociedades como a nossa, nas quais aprendemos a esconder o corpo desde crianças, e nas quais os valores religiosos associam sexo a pecado, ocorre uma repressão e uma inibição com relação ao corpo e ao sexo.
Essas sementes de repressão na infância podem se tornar uma neurose no adulto. Os desejos reprimidos, muitas vezes, são manifestos de forma indireta, por meio de sonhos ou ações que aparentemente não têm a ver com o objeto do desejo reprimido. Por exemplo, se desejarmos determinado objeto, em vez de sonhar diretamente com ele, podemos sonhar com objetos parecidos ou análogos. Perto de uma pessoa por quem sentimos atração, podemos nos atrapalhar, tropeçar, esquecer palavras, corar ou até mesmo mostrar desprezo pela pessoa, criando um ódio aparentemente desmotivado e sem sentido. Da mesma forma, isso funcionaria com outros instintos.

A estrutura do mecanismo psíquico
Nosso aparelho psíquico apresenta, para Freud, três estruturas:
a) Id: constituído pelos impulsos múltiplos, associado ao princípio de prazer e ao inconsciente.
b) Ego: contato com a realidade, associado à consciência de si como indivíduo.
c) Superego: internalização das regras morais, associado à consciência sobre os limites oferecidos pelo outro à realização do princípio de prazer.
O ego é nossa fachada; ele tem de estar constantemente em negociação com o Id, que nos impulsiona pelos desejos, e com o superego, que nos reprime de dentro para fora. O id quer prazer imediato, mesmo que isso custe a própria vida.
Os impulsos são agressivos. Para contê-los, além da repressão direta, o princípio da realidade compele a libido a usar sua força para outras atividades, como a arte e a produção do conhecimento, por exemplo. Isso acontece porque todos nós trazemos uma agressividade que deve ser domada para que possamos viver em sociedade. A luta pelo prazer seria, assim, a destruição da civilização; por isso, inventamos a arte, a religião e a moral, com o que podemos negar os impulsos e seus prazeres, a fim de conviver na sociedade.
Nós negamos os prazeres por um pouco de segurança, e não para sofrermos em demasia. No entanto, acontece que a negação social pode ser tão agressiva que o indivíduo não conseguirá ter prazeres suficientes na vida, desenvolvendo, em consequência, as neuroses, as doenças psíquicas.
Como podemos lidar com nossos impulsos de maneira saudável? Além disso, como os esportes, as artes. As morais e as religiões nos ajudam a enfrentar os desejos mais violentos e as repressões mais sufocantes?

Para Freud, nós somos animais que desejam e querem o poder para conseguir os prazeres. O que acontece, muitas vezes, é que esse poder é destrutivo, podendo atingir a nós mesmos e aos outros. Mais ainda, quando a sociedade tenta reprimir os desejos, acaba muitas vezes sufocando completamente as pessoas. Para resolver esses impasses, foram inventados os esportes e as artes, as morais e as religiões.

Leiam o texto e respondam as seguintes questões:

1 - Para Stirner, o que é o homem e o que cada um deve fazer?
2 - O que acontece quando as pessoas procuram se libertar do egoísmo servindo a Deus, segundo Stirner?
3 - Como a sociedade cristã e moderna procura criar o indivíduo?
4 - Como seria a sociedade, se cada um assumisse o seu egoísmo?
5 - Segundo Freud, qual a causa da histeria?
6 - O que diz Freud sobre o inconsciente?
7 - Qual a relação entre impulso e repressão do impulso em Freud?
8 - Explique o "eu" de cada um segundo Freud.
9 - Explique "a libido" segundo Freud.
10 - Porque ocorre a repressão nas sociedades como a nossa, Segundo Freud?
11 - Para Freud, o que somos nós? Explique.
12 - Segundo Freud, quais são as estruturas da psique humana? Explique.



6 comentários:

  1. Muito...muito...bom...alias otimo,me ajudou pra caramba nos exercicios.....

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  2. O texto é excelente. Colocações muito esclarecedoras quanto às teorias de Freud e Max. Me ajudou no dever.

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  3. olá. Freud era um estudioso. Sabes dizer se ele leu Stirner? Pergunto porque acho que ele tenha lido Hegel. Grato.

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  4. Olá! Só um ponto: fico pensando ter Freud lastreado o pensamento de Hegel através de seus mais destacados alunos. Dai pensei na possibilidade de Freud ter lido Stirner. Isso aconteceu com Nietzsche.

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