O
objetivo é discutir a relação entre consumo e consumismo, refletir sobre a
diferença entre os dois termos e compreender que utilizá-los como sinônimos,
como o faz o senso comum, é uma maneira inadequada de compreender a questão.
Consumo versus consumismo
O
consumo como forma de satisfação de necessidades básicas faz parte da
existência do homem como ser cultural. O homem só existe como ser cultural e é
por intermédio da cultura que nos diferenciamos dos outros animais. Mas, nas
sociedades que passaram pelo processo de industrialização, a apreensão dos
conteúdos simbólicos da cultura não se faz apenas por intermédio do consumo,
mas também, principalmente, por meio do consumismo.
Para
alguns autores, o consumismo está mais relacionado com a criação de desejos
crescentes, do que com a satisfação de necessidades. Ou seja, muitas
propagandas, ao tentar vender seus produtos, não apelam para uma necessidade
que o indivíduo tem e que aquele produto irá preencher ou satisfazer, e sim
para desejos que ele nem sabe que tem ou que muitas vezes não tem.
Muitas
vezes, as propagandas usam frases como: “Esse produto trará uma satisfação que
você não espera”, ou algo similar. Ou seja, ela não vende a satisfação de uma
necessidade existente, mas a criação de uma nova necessidade que a pessoa nem
sabia que existia, mas que aquele produto irá suprir. Não é raro que a
propaganda, transmitida pelos meios de comunicação, trabalhe a ideia de que o
produto pode mudar a vida da pessoa ou de que a mesma não tem consciência de
como isso poderia ser bom para ela.
A
incessante criação de desejos implica a contínua substituição dos objetos, uma
vez que novas necessidades são criadas o tempo todo e assim nos baseamos no excesso
e no desperdício (BAUMAN, 2008, p. 53). O volume de novidades rapidamente torna
obsoletas levas e levas de produtos. Há então um excesso de novidades.
“Na economia consumista, a regra é
que primeiro os produtos apareçam (sendo inventados, descobertos por acaso ou
planejados pelas agências de pesquisa e desenvolvimento), para só depois
encontrar suas aplicações. Muitos deles, talvez a maioria, viajam com rapidez
para o depósito de lixo, não conseguindo encontrar clientes interessados, ou
até antes de começarem a tentar. Mas mesmo os poucos felizardos que conseguem
encontrar ou invocar uma necessidade, desejo ou vontade, cuja satisfação possam
demonstrar ser relevante (ou ter a possibilidade de), logo tendem a sucumbir às
pressões de outros produtos “novos e aperfeiçoados” (ou seja, que prometem
fazer tudo o que os outros podiam fazer, só que melhor e mais rápido – com o
bônus extra de fazer algumas coisas que nenhum consumidor havia até então
imaginado necessitar ou adquirir) muito antes de sua capacidade de
funcionamento ter chegado ao seu predeterminado fim.” BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo:
a transformação das pessoas em mercadoria.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. p. 53-54.
Os
jovens começam a compreender que o consumo faz parte de toda a vida social,
pois os seres humanos precisam consumir para existir. Mas nas sociedades que
passaram pelo processo de industrialização não há apenas o consumo como forma
de satisfação de necessidades básicas; há também o consumismo. Ou seja, o
consumo contínuo e incessante de bens, serviços e produtos muitas vezes
supérfluos.
Outro
ponto importante nessa discussão sobre consumo e consumismo diz respeito à
questão da felicidade. Afinal, as propagandas veiculadas pelos meios de
comunicação de massa, como a televisão, o cinema, o rádio e a internet,
procuram vender produtos que muitas vezes agradam pessoas dos mais diferentes
lugares. Com frequência, elas não vendem apenas produtos, mas também
sentimentos, como a felicidade.
“Os seres humanos preferiram a felicidade à
infelicidade é uma observação banal, um pleonasmo, já que o conceito de
“felicidade” em seu uso mais comum diz respeito a estados ou eventos que as
pessoas desejam que aconteçam, enquanto a “infelicidade” representa estados ou
eventos que elas querem evitar. Os dois conceitos assinalam a distância entre a
realidade tal como ela é e uma realidade desejada. Por essa razão, quaisquer
tentativas de comparar graus de felicidade experimentados por pessoas que
adotam modos de vida distintos em relação ao ponto de vista espacial ou
temporal só podem ser mal interpretadas e, em última análise, inúteis.
Na verdade, se o povo A passou sua
vida em um ambiente sociocultural diferente daquele em que viveu o povo B,
seria inútil ou arrogante afirmar que A ou B era “mais feliz”. Os sentimentos
de felicidade ou sua ausência derivam de esperanças e expectativas, assim como
de hábitos aprendidos, e tudo isso tende a diferir de um ambiente social para
outro. Assim, uma comida saborosa apreciada pelo povo A pode ser considerada
repulsiva e venenosa pelo povo B. Da mesma maneira, as condições
reconhecidamente capazes de tornar feliz o povo A poderiam deixar o povo B
bastante infeliz e vice-versa. ” BAUMAN,
Zygmunt. Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. p. 58-59.
Vivemos
numa sociedade em que a felicidade passa pela posse, ou seja, pelo ter. As
propagandas, no intuito de vender os objetos, passam-nos a ideia de que é feliz
aquele que os possui. Transmite a ideia de que é feliz aquele que tem. O
consumismo, para continuar existindo, trabalha com um paradoxo (paradoxo
significa algo que é um contrassenso, um absurdo, um disparate, ou que parece
uma contradição). Ao mesmo tempo que vende a promessa de satisfação, precisa
mostrar ou fazer o consumidor acreditar que está insatisfeito. Ou seja, a
pessoa compra um produto, mas logo é levada a pensar que um outro produto é
melhor e lhe traria mais felicidade que aquele. “A sociedade de consumo
prospera enquanto consegue tornar perpétua a não satisfação de seus membros (e
assim, em seus próprios termos, a infelicidade deles) ” (BAUMAN, 2008, p. 64).
Ou seja, estimula emoções consumistas, e não a razão., no intuito de vender os
objetos, passam-nos a ideia de que é feliz aquele que os possui. Transmite a
ideia de que é feliz aquele que tem. O consumismo, para continuar existindo,
trabalha com um paradoxo (paradoxo significa algo que é um contrassenso, um
absurdo, um disparate, ou que parece uma contradição). Ao mesmo tempo que vende
a promessa de satisfação, precisa mostrar ou fazer o consumidor acreditar que
está insatisfeito. Ou seja, a pessoa compra um produto, mas logo é levada a
pensar que um outro produto é melhor e lhe traria mais felicidade que aquele.
“A sociedade de consumo prospera enquanto consegue tornar perpétua a não
satisfação de seus membros (e assim, em seus próprios termos, a infelicidade
deles) ” (BAUMAN, 2008, p. 64). Ou seja, estimula emoções consumistas, e não a
razão.
1.
Por
que vocês acham que, ao falar sobre consumismo, também é preciso discutir a
questão da felicidade? Qual é a relação entre os dois?
2.
Será
que a felicidade é mais alcançada hoje? Porque.
3.
Relacione
a felicidade na sociedade em que vivemos e as propagandas veiculadas nos meios
de comunicação.
4.
Explique
Consumo versus consumismo.
5.
Escolham
dois produtos que recorrentemente aparecem em propagandas nos meios de
comunicação. A propaganda deve sempre conter texto (mesmo que pequeno e
restrito a uma frase) e imagem do produto. Analise se a propaganda trata das
qualidades reais do produto ou se ela “vende” algo que não está ligado
diretamente a ele, como, status, relacionamentos ou mesmo sentimento (alegria,
felicidade e bem-estar, por exemplo).
6.
Responder
o caderno do aluno das páginas 52 a 62.
Prof. Manoelito
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