segunda-feira, 16 de maio de 2016

CONSUMO VERSUS CONSUMISMO



O objetivo é discutir a relação entre consumo e consumismo, refletir sobre a diferença entre os dois termos e compreender que utilizá-los como sinônimos, como o faz o senso comum, é uma maneira inadequada de compreender a questão.

Consumo versus consumismo

O consumo como forma de satisfação de necessidades básicas faz parte da existência do homem como ser cultural. O homem só existe como ser cultural e é por intermédio da cultura que nos diferenciamos dos outros animais. Mas, nas sociedades que passaram pelo processo de industrialização, a apreensão dos conteúdos simbólicos da cultura não se faz apenas por intermédio do consumo, mas também, principalmente, por meio do consumismo.

Para alguns autores, o consumismo está mais relacionado com a criação de desejos crescentes, do que com a satisfação de necessidades. Ou seja, muitas propagandas, ao tentar vender seus produtos, não apelam para uma necessidade que o indivíduo tem e que aquele produto irá preencher ou satisfazer, e sim para desejos que ele nem sabe que tem ou que muitas vezes não tem.

Muitas vezes, as propagandas usam frases como: “Esse produto trará uma satisfação que você não espera”, ou algo similar. Ou seja, ela não vende a satisfação de uma necessidade existente, mas a criação de uma nova necessidade que a pessoa nem sabia que existia, mas que aquele produto irá suprir. Não é raro que a propaganda, transmitida pelos meios de comunicação, trabalhe a ideia de que o produto pode mudar a vida da pessoa ou de que a mesma não tem consciência de como isso poderia ser bom para ela.

A incessante criação de desejos implica a contínua substituição dos objetos, uma vez que novas necessidades são criadas o tempo todo e assim nos baseamos no excesso e no desperdício (BAUMAN, 2008, p. 53). O volume de novidades rapidamente torna obsoletas levas e levas de produtos. Há então um excesso de novidades.

“Na economia consumista, a regra é que primeiro os produtos apareçam (sendo inventados, descobertos por acaso ou planejados pelas agências de pesquisa e desenvolvimento), para só depois encontrar suas aplicações. Muitos deles, talvez a maioria, viajam com rapidez para o depósito de lixo, não conseguindo encontrar clientes interessados, ou até antes de começarem a tentar. Mas mesmo os poucos felizardos que conseguem encontrar ou invocar uma necessidade, desejo ou vontade, cuja satisfação possam demonstrar ser relevante (ou ter a possibilidade de), logo tendem a sucumbir às pressões de outros produtos “novos e aperfeiçoados” (ou seja, que prometem fazer tudo o que os outros podiam fazer, só que melhor e mais rápido – com o bônus extra de fazer algumas coisas que nenhum consumidor havia até então imaginado necessitar ou adquirir) muito antes de sua capacidade de funcionamento ter chegado ao seu predeterminado fim.” BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadoria.  Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. p. 53-54.

Os jovens começam a compreender que o consumo faz parte de toda a vida social, pois os seres humanos precisam consumir para existir. Mas nas sociedades que passaram pelo processo de industrialização não há apenas o consumo como forma de satisfação de necessidades básicas; há também o consumismo. Ou seja, o consumo contínuo e incessante de bens, serviços e produtos muitas vezes supérfluos.

Outro ponto importante nessa discussão sobre consumo e consumismo diz respeito à questão da felicidade. Afinal, as propagandas veiculadas pelos meios de comunicação de massa, como a televisão, o cinema, o rádio e a internet, procuram vender produtos que muitas vezes agradam pessoas dos mais diferentes lugares. Com frequência, elas não vendem apenas produtos, mas também sentimentos, como a felicidade.

Os seres humanos preferiram a felicidade à infelicidade é uma observação banal, um pleonasmo, já que o conceito de “felicidade” em seu uso mais comum diz respeito a estados ou eventos que as pessoas desejam que aconteçam, enquanto a “infelicidade” representa estados ou eventos que elas querem evitar. Os dois conceitos assinalam a distância entre a realidade tal como ela é e uma realidade desejada. Por essa razão, quaisquer tentativas de comparar graus de felicidade experimentados por pessoas que adotam modos de vida distintos em relação ao ponto de vista espacial ou temporal só podem ser mal interpretadas e, em última análise, inúteis.

Na verdade, se o povo A passou sua vida em um ambiente sociocultural diferente daquele em que viveu o povo B, seria inútil ou arrogante afirmar que A ou B era “mais feliz”. Os sentimentos de felicidade ou sua ausência derivam de esperanças e expectativas, assim como de hábitos aprendidos, e tudo isso tende a diferir de um ambiente social para outro. Assim, uma comida saborosa apreciada pelo povo A pode ser considerada repulsiva e venenosa pelo povo B. Da mesma maneira, as condições reconhecidamente capazes de tornar feliz o povo A poderiam deixar o povo B bastante infeliz e vice-versa. ” BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadoria.  Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. p. 58-59.

Vivemos numa sociedade em que a felicidade passa pela posse, ou seja, pelo ter. As propagandas, no intuito de vender os objetos, passam-nos a ideia de que é feliz aquele que os possui. Transmite a ideia de que é feliz aquele que tem. O consumismo, para continuar existindo, trabalha com um paradoxo (paradoxo significa algo que é um contrassenso, um absurdo, um disparate, ou que parece uma contradição). Ao mesmo tempo que vende a promessa de satisfação, precisa mostrar ou fazer o consumidor acreditar que está insatisfeito. Ou seja, a pessoa compra um produto, mas logo é levada a pensar que um outro produto é melhor e lhe traria mais felicidade que aquele. “A sociedade de consumo prospera enquanto consegue tornar perpétua a não satisfação de seus membros (e assim, em seus próprios termos, a infelicidade deles) ” (BAUMAN, 2008, p. 64). Ou seja, estimula emoções consumistas, e não a razão., no intuito de vender os objetos, passam-nos a ideia de que é feliz aquele que os possui. Transmite a ideia de que é feliz aquele que tem. O consumismo, para continuar existindo, trabalha com um paradoxo (paradoxo significa algo que é um contrassenso, um absurdo, um disparate, ou que parece uma contradição). Ao mesmo tempo que vende a promessa de satisfação, precisa mostrar ou fazer o consumidor acreditar que está insatisfeito. Ou seja, a pessoa compra um produto, mas logo é levada a pensar que um outro produto é melhor e lhe traria mais felicidade que aquele. “A sociedade de consumo prospera enquanto consegue tornar perpétua a não satisfação de seus membros (e assim, em seus próprios termos, a infelicidade deles) ” (BAUMAN, 2008, p. 64). Ou seja, estimula emoções consumistas, e não a razão.

1.                  Por que vocês acham que, ao falar sobre consumismo, também é preciso discutir a questão da felicidade? Qual é a relação entre os dois?

2.                  Será que a felicidade é mais alcançada hoje? Porque.

3.                  Relacione a felicidade na sociedade em que vivemos e as propagandas veiculadas nos meios de comunicação.

4.                  Explique Consumo versus consumismo.

5.                  Escolham dois produtos que recorrentemente aparecem em propagandas nos meios de comunicação. A propaganda deve sempre conter texto (mesmo que pequeno e restrito a uma frase) e imagem do produto. Analise se a propaganda trata das qualidades reais do produto ou se ela “vende” algo que não está ligado diretamente a ele, como, status, relacionamentos ou mesmo sentimento (alegria, felicidade e bem-estar, por exemplo).

6.                  Responder o caderno do aluno das páginas 52 a 62.

Prof. Manoelito

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