Esse tema tem como objetivo ampliar o debate sobre a
tecnologia nas relações humanas. A partir do século XX, filósofos importantes
debateram o problema da submissão do próprio homem às formas de controle da natureza,
quando aplicadas à vida em sociedade. Visa também oferecer recursos para que
possamos pensar, critica e existencialmente, as relações com a técnica.
Para que serve um computador? Para que serve um ser humano?
A partir dessas questões, vamos analisar a relação que os homens estabelecem
com os instrumentos citados. Os homens utilizam esses objetos como instrumentos
para atingir uma determinada finalidade que, sem eles, seria mais difícil
alcançar, demandaria mais tempo ou envolveria mais inconvenientes. Há elementos
histórico-culturais que determinam a utilização desses instrumentos, e podem
variar.
Qual o significado de técnica e tecnologia.
A partir dos textos, reflita sobre a força que as
palavras têm para produzir convicção, formar opinião e mudar a posição das
pessoas a respeito de suas crenças. Em nossa sociedade, além de servir à
expressão e à comunicação, o domínio da palavra constitui também uma técnica de
persuasão. Com a complexidade da nossa sociedade, as atividades relacionadas às
técnicas argumentativas tornaram-se também mais complexas. Quais profissões
exigem a técnica de bem empregar as palavras?
O trecho destacado do texto “Razão instrumental” traz
uma profunda reflexão sobre como o avanço do capitalismo mediante a mentalidade
tecnológica retém os homens numa lógica de produção e consumo padronizados. No
excerto, os filósofos constatam que o racional pode ser irracional, que a mesma
razão que instrumentaliza torna-se instrumento, que a mesma razão que emancipa
pode subjugar. Ou seja, a razão pode produzir o inverso do que se propõe. Os
autores chamam a atenção para um comportamento que se instaura na sociedade
contemporânea; negar tudo o que não pode ser calculado, ordenado ou classificado,
ou seja, controlado. Essa característica da sociedade contemporânea ocidental
opera na mesma lógica do mito, só que por outro viés. Nesse caso, forças
exteriores assumem o controle da vida dos homens. Essas forças exteriores –
antes deuses, anjos ou demônios – agora são pautadas no cálculo das ciências
aplicadas e da economia.
Segundo Adorno e Horkheimer, a racionalidade técnica
ou a razão instrumental, assim como o mito, evita a contradição e procura
estabelecer identidades. Dessa forma, expressa e interpreta os fatos e os
eventos de acordo com a sua própria lógica de classificação e dela nada escapa.
Tanto a racionalidade técnica como o mito operam no mesmo sentido de
enfraquecer a capacidade reflexiva e crítica. Se não somos mais submetidos ao
medo do sobrenatural, governados por seres mágicos, agora somos governados pelo
cálculo, pelo padrão, pela verdade que se revela nos produtos que produzimos e
consumimos. Mais uma vez renunciamos à nossa capacidade de pensar por nós
mesmos e assumimos uma verdade, um padrão externo que nos é imposto.
Quando os autores destacam a alienação dos homens, a
coisificação do espírito e o enfeitiçamento dos homens entre si e de cada
indivíduo em relação a si mesmo, eles identificam essa condição com a elevação
da ciência aplicada, que justifica, entre outras coisas, a divisão do trabalho
e a crescente especialização. Essa condição, segundo Adorno e Horkheimer, tem
produzido profundas alterações nos modos de ser e de viver na sociedade. As pessoas
passam a ser padronizadas como os produtos que elas fabricam e consomem.
Com a modernidade, valorizou-se sobremaneira o
progresso técnico e a autonomia com relação à natureza e mesmo com relação aos
outros homens, fazendo que os indivíduos considerem a racionalidade um meio
para atingirem o progresso de forma individual. No entanto, no momento em que
os homens buscam a autonomia, acabam sendo subordinados por uma racionalidade
que não pretende fazê-los progredir como homens, mas como objetos coisificados.
Em suma, tornam-se submissos à racionalidade técnica e ao objetivo de controle
social e da natureza. A razão instrumental refere-se a esse processo de
conhecimento que pretende a dominação do mundo, o controle total da natureza e
dos homens entre si. É por intermédio dela que o conhecimento e a técnica
assumem tais objetivos. É um ideal da modernidade a transformação da natureza e
dos demais seres humanos em algo que se pode usar ou não. Não apenas a
natureza: tudo se torna um objeto que se pode usar e descartar, inclusive
homens e mulheres.
Não se faz nada que não tenha um objetivo, uma função.
Em tudo se pergunta: “Para que serve ”. Tudo e todos têm uma utilidade. Tudo e
todos são instrumentos. “Por que o valor da nossa vida não é meramente
instrumental ”. Para obter a resposta dessa questão, leiam o Texto 1 “Nova ética para uma nova tecnologia” e
o Texto 2 “Por que a técnica moderna é
um objeto para a ética”, disponíveis no Caderno do Aluno. Hans Jonas, no prefácio
da obra O princípio da responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização
tecnológica, entende que a sociedade tecnológica apresenta desafios éticos
inéditos e que devem ser pensados, a partir da realidade que se apresenta.
A obra filosófica de Hans Jonas, que foi aluno de
Martin Heidegger (um filósofo importante para se pensar as questões que giram
em torno da técnica e de como ela tem formatado a vida na sociedade
contemporânea), remete-nos a uma importante reflexão sobre os desafios éticos advindos
da civilização tecnológica. Segundo 0svaldo Giacóia Junior, a obra filosófica
de Hans Jonas pode ser considerada um dos esforços teóricos mais notáveis para
a instauração de um projeto de ética para a civilização tecnológica.
Questões:
1. Qual
significado do termo técnica, segundo o Pequeno Dicionário de Filosofia
Contemporânea? Explique.
2. Explique
o significado da palavra grega tekhnê.
3. Explique
os três momentos de geração da sociedade tecnológica, segundo Silvio Gallo.
4. O
que os filósofos constatam no texto “Razão instrumental texto “?
5. Para
que os autores chamam a atenção?
6. O
que entendem Jonas e outros pensadores contemporâneos?
7. Em
que medida a reflexão ética sobre a técnica se faz presente e urgente?
8. Por
que a técnica moderna é um objeto para a ética?
Prof. Manoelito
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