quinta-feira, 20 de outubro de 2016

VIOLÊNCIA ESCOLAR



O objetivo é debater a questão da violência escolar, estimulando os alunos a refletirem, de forma crítica e construtiva, sobre essa que é uma das problemáticas que mais têm mobilizado educadores, diretores de escola, professores, funcionários, formuladores de políticas públicas, pais e alunos. Por meio da interação entre professor e alunos, vamos discutir as questões pertinentes ao meio escolar de modo a propiciar debates e estimular a formulação de propostas, advindas dos próprios alunos, para a superação de conflitos. A conscientização do papel de alunos e professores como atores responsáveis pelos conflitos escolares é o primeiro passo para a transformação das relações sociais no ambiente escolar.

A violência escolar é hoje considerada um dos principais problemas do sistema educacional, não apenas no Brasil, mas em diversos outros países. Porém, embora seja uma questão que influencia o cotidiano de muitas escolas, ela não pode ser tratada da mesma maneira, como se todas as instituições vivessem igualmente os mesmos problemas. Cada escola possui suas peculiaridades, suas qualidades e seus conflitos, e não cabem aqui generalizações.  Por essa razão, é preciso mapear a situação vivida em cada contexto particular para, somente então, partir para uma reflexão crítica.

Conflitos na vivência escolar - A violência na relação entre alunos e professores, alunos entre si e alunos e funcionários não é um fenômeno novo na escola. O que se vive hoje é, na realidade, uma grande mudança na forma de perceber os atos de violência. Algumas décadas atrás eram considerados “normais” e aceitos como parte do processo disciplinatório do ensino as punições físicas ao aluno, na forma de puxões de orelhas, reguadas, golpes de palmatória e outros castigos vexatórios, como a repetição de frases escritas dezenas de vezes, os xingamentos e a estigmatização perante a turma pelo mau desempenho ou comportamento.

Hoje, a indisciplina (conversas fora de hora, descumprimento de tarefas, discussões, brigas), um fato antes corriqueiro e integrado à vida da escola, passou a ter outra dimensão. Outras formas de violência têm se tornado cada vez mais comuns dentro e fora do espaço da escola (no seu entorno): vandalismo, agressões físicas, ameaças de morte e até mesmo casos de violência que resultam em óbito de professores, funcionários e alunos. Vivencia-se o conflito entre a dificuldade de dar andamento às aulas e “disciplinar” os alunos e a necessidade de introduzir novas práticas pedagógicas e didáticas que superem antigos modelos de ensinar e aprender.

Como explicar esses fenômenos? As causas apontadas são várias, desde as sociais, tais como a vigência de políticas públicas de exclusão social que não oportunizam o acesso a uma educação de qualidade e trabalho digno, até causas psicológicas que convertem a baixa autoestima em respostas antissociais que se descortinam como única alternativa de sobrevivência, aceitação e autoafirmação, a exemplo da formação do poder paralelo do narcotráfico”.

Há uma variedade de atos perpetrados no cotidiano escolar que são geradores de conflito. Porém, não necessariamente qualificamos todas essas ações como violência. As atitudes muitas vezes encaradas como “indisciplinadas”, como o uso reiterado de palavrões, as respostas às provocações dos colegas – que, muitas vezes, redundam em agressões físicas – e a postura contestatória de alguns alunos, fazem parte, na realidade, do processo interativo dos adolescentes e jovens. Trata-se, antes, mais de agressividade do que de violência propriamente dita. Os atos violentos, diferentemente, incorporam um desejo de destruição em relação ao outro (FREIRE, 1994 apud MARRA, 2007, p. 38).

O que é bullying? Um problema mais sério que surge no relacionamento entre os alunos ocorre quando apelidos, brincadeiras, agressões e fofocas passam do limite e se tornam uma atitude deliberada no sentido de “zoar”, “sacanear” e humilhar colegas, que são discriminados por uma série de razões, como as exemplificadas na atividade anterior. Esse fenômeno, denominado bullying, pode levar crianças, adolescentes e jovens a um grande sofrimento. Geralmente, as vítimas de bullying sentem-se isoladas. Por se sentirem discriminadas, sofrem de baixa autoestima e chegam a ter o rendimento escolar prejudicado por causa do medo que os colegas praticantes do bullying lhes provocam. O bullying pode se tornar extremamente violento, chegando até mesmo a causar lesões físicas e transtornos psicológicos sérios.

O termo bullying – sem tradução na língua portuguesa – compreende todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente. São adotadas por um ou mais estudantes contra outro (s), causando dor e angústia, e executadas dentro de uma relação desigual de poder.

Porém, no cotidiano escolar também são evidenciados atos violentos não direcionados de forma sistemática e reiterada a um colega em particular. As ações violentas, entre as quais se incluem as brigas, as ameaças (inclusive as de morte) e as lesões corporais, seguidas ou não de morte, podem ocorrer entre alunos que não necessariamente são vítimas sistemáticas de bullying. As brigas e ameaças ocorrem pelos mais variados motivos de desentendimento, boatos, fofocas, disputas, rivalidades e, especialmente, como forma de revidar uma ofensa. Em muitos casos, os pais dos alunos também ameaçam os próprios filhos cotidianamente e incentivam a reação violenta como forma de defesa no relacionamento com os colegas.

Os conflitos vivenciados no cotidiano escolar, muitas vezes, não se encontram circunscritos ao espaço da escola: várias brigas têm início dentro da sala de aula e continuam nos portões, ou começam na vizinhança e continuam dentro da classe, exatamente porque a escola não está isolada das relações da comunidade na qual está inserida. Nesse sentido, as ameaças contribuem para o aumento da violência, especialmente nas localidades onde há relações com grupos de poder ligados ao narcotráfico.

“São frequentes as ameaças de alunos para com seus colegas, invocando o nome de irmãos e outros parentes, em geral ligados ao tráfico de drogas, e, portanto, conhecidos e temidos pelos outros”.

Violência escolar: o papel de cada um - Pode parecer, pela discussão desenvolvida, que o aluno é o único responsável pela violência no cotidiano escolar; porém, as relações conflituosas se dão não apenas entre colegas, mas entre todos os membros participantes da estrutura da escola: diretores, coordenadores pedagógicos, inspetores de alunos, professores e demais funcionários. Nesse sentido, cabe uma breve discussão sobre o papel de cada um nesse cotidiano.

Uma pesquisa realizada em 2009 pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo, a pedido do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) e da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secadi), em 501 escolas públicas do país, envolvendo 18 599 estudantes, pais, mães, professores e funcionários, mostrou que o preconceito e a discriminação estão fortemente presentes na escola pública. As principais vítimas de preconceito são os portadores de necessidades especiais, os negros, os homossexuais e os pobres.

A atitude discriminatória dentro e fora da sala de aula, inclusive por parte de pais e educadores, contribui para o baixo desempenho e para a reprodução da violência escolar. O aluno que se sente estigmatizado por qualquer razão dentro da sala de aula e fora dela não desenvolve qualquer relação positiva com a atividade escolar e deixa de aprender. Para ele, abandonar ou destruir a escola e desrespeitar os colegas e o professor são a forma de exteriorizar o sofrimento de não se sentir no mesmo direito de estar ali.

Por essa razão, a interação entre educador e educando não pode prescindir da afetividade e da confiança que facilitam o diálogo, atributos exatamente opostos ao medo, à desconfiança, ao revide ou ao silêncio induzido pela ameaça.

As pesquisas sobre violência escolar desenvolvidas por sociólogos e educadores no contexto brasileiro têm chegado a resultados semelhantes quando analisam as motivações para os conflitos entre educadores e educandos. Por um lado, é possível afirmar que parte das dificuldades enfrentadas pelos alunos, em termos de expectativas e rendimento, tem a ver com as trajetórias escolares de seus familiares mais próximos; ou seja, em ambientes familiares em que tradicionalmente não há o hábito do estudo ou os pais não tiveram a oportunidade de completar a escolaridade básica, os alunos têm mais dificuldade de encontrar apoio para realizar suas tarefas, estudar e melhorar seu desempenho. Por outro lado, práticas pedagógicas desinteressantes e relacionamento inadequado (muitas vezes, marcado por preconceitos, atitudes autoritárias e sem sentido para os alunos) são apontados como fatores que propiciam atitudes antissociais que evoluem para a violência propriamente dita entre professores e alunos.

Questões:

1.       Com base no texto e nos debates em sala de aula, divididos em grupos, elabore um projeto de resolução de conflitos, com os seguintes itens:

Ø  Na primeira parte, o grupo deverá redigir um texto que explique quais são os principais problemas vivenciados na escola e desenvolver algumas explicações para eles;

Ø  Na segunda parte, identificar quais são as principais práticas relacionadas à violência escolar e de que modo elas interferem no seu cotidiano, no processo de aprendizagem e crescimento;

Ø  Na terceira parte, apresentar suas propostas de como esses conflitos poderiam ser solucionados, e qual é seu papel, como alunos, em contribuir para diminuir a violência na escola.


Prof. Manoelito

THE END

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