quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

SOCIOLOGIA 2ª SÉRIE 1º BIMESTRE


S1 SOCIO 2ª SÉRIE 1º BIMESTRE
A POPULAÇÃO BRASILEIRA: DIVERSIDADE NACIONAL E REGIONAL
O objetivo desse tema é introduzir a reflexão sobre a diversidade sociocultural brasileira. Tal diversidade é construída, muitas vezes, com base na desigualdade de condições de vida. a diversidade nacional e regional pode ser pensada tanto no âmbito cultural, como por meio do estudo de fatores socioeconômicos que condicionam o maior ou menor acesso a: educação, rendimentos, saneamento e energia elétrica.
Análise da Música de Chico Buarque “Paratodos”
Todos vocês já ouviram falar em Chico Buarque? Alguém conhece outra música dele? Vocês sabem quais são os temas de muitas das suas canções?
Além de canções sobre as questões típicas dos seres humanos, como o amor, as perdas, as paixões, a tristeza e a saudade, Chico Buarque escreveu muitas letras sobre o Brasil e a realidade brasileira, em que tece tanto críticas quanto elogios ao país.
Nessa música, Chico Buarque aborda a diversidade que muitas vezes existe em cada um de nós, resultante das origens de nossa família, o que aparece na primeira estrofe:
O meu pai era paulista
Meu avô, pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô, baiano
Meu maestro soberano
Foi Antonio Brasileiro
Ele retrata ainda a expressão de nossa diversidade musical. Vocês sabem quem são as pessoas citadas por Chico Buarque?
1.      Pesquisar quem são as pessoas citadas na música “Paratodos”, qual a sua região e gênero musical de cada um.
2.      De onde vem a diversidade social brasileira?
3.      Qual é a importância da cultura na vida social?
4.      Qual é a importância do trabalho na vida social?
5.      O que é diversidade?
6.      O que é diversidade Cultural?
7.      O Que é diversidade Biológica?
8.      O que é Diversidade étnica?
9.      Responder as questões da situação de aprendizagem 01 no caderno do aluno.

Prof. Manoelito
Boa Sorte!!!!!!!



S2 SOCIOLOGIA 2ª SÉRIE 1º BIMESTRE
A FORMAÇÃO DA DIVERSIDADE BRASILEIRA
O objetivo deste tema é refletir sobre a formação da diversidade social no Brasil a partir da figura do estrangeiro tal como analisada por Georg Simmel e discutir: quem é o estrangeiro do ponto de vista sociológico, como o estrangeiro também pode ser visto como o estranho e qual é a diferença entre o olhar do estrangeiro para a realidade e o olhar dos que ali se encontram há mais tempo. Também iremos analisar os conceitos de migração, imigração e emigração, importantes para refletir sobre a diversidade, e estabelecer uma reflexão sobre por que as pessoas saem de um lugar para morar em outro.
Emigrante: Que ou quem emigra; emigrado. Emigrar: Deixar um país para estabelecer-se em outro. Sair (da pátria) para residir em outro país. Imigrante: Que ou pessoa que imigra. Imigrar: Entrar (num país estranho) para nele viver. Migrante: Que ou quem migra. Migrar: Mudar periodicamente ou passar de uma região para outra, de um país para outro. Aquele que sai de um país é um emigrante em relação ao país de origem e um imigrante em relação ao país a que chega.
Muitas vezes não temos consciência de que todos aqueles que não descendem dos indígenas, em algum momento, foram estrangeiros no Brasil. mesmo aqueles que descendem de indígenas possivelmente também possuem descendentes de outras origens. O que significa que praticamente todos nós descendemos de estrangeiros sejam nossos antepassados europeus, asiáticos ou africanos.
Etapa 1 – o estrangeiro
Muitos são os autores que tratam o tema da migração, imigração e emigração. Vamos desenvolver esse tema utilizando a análise que Georg Simmel faz do estrangeiro, com o objetivo de pensar como a mobilidade espacial de pessoas provoca mudanças nas sociedades e nas relações sociais.
Vamos começar destacando alguns pontos importantes da análise de Simmel:
ü  O primeiro é que é preciso distinguir o viajante do estrangeiro. O estrangeiro, para Simmel, é aquele que chega e não vai embora. Logo, não é um mero viajante. É a figura que se muda de um lugar para outro, para ali residir, e não o turista;
ü  Como estrangeiro, sua posição em relação ao grupo é marcada pelo fato de não pertencer ao grupo desde o início do mesmo ou desde que nasceu;
ü  Destaca-se ainda a ambiguidade do estrangeiro em relação ao grupo. Ele é um elemento do grupo, mesmo que não se veja como um, ou que não seja visto como parte dele pelos demais membros. Ou seja, é um elemento do conjunto, assim como são os indigentes ou os mendigos e toda espécie de “inimigos internos” (MORAES FILHO, 1983, p. 183).
Com isso, Simmel quis dizer que mesmo aqueles que não são queridos por um grupo, ou não são tratados como iguais, também fazem parte dele. O estrangeiro tem com o grupo, ao mesmo tempo, uma relação de proximidade e envolvimento e de distância e indiferença. Ele vive cotidianamente com aquelas pessoas; logo, está relativamente próximo e envolvido com elas. Contudo, como, com frequência, é tratado tal qual um “de fora”, e se sente à parte do grupo, pode, muitas vezes, desenvolver um sentimento de distância e indiferença (MORAES FILHO, 1983, p. 184-186). O estrangeiro é, portanto, o estranho portador de sinais de diferença, como a língua, os costumes, a alimentação, os modos e as maneiras de se vestir.
Ele não partilha tantos hábitos, costumes e ideias com o grupo; em face disso, tampouco partilha certos preconceitos e não se sente forçado a agir como um de seus membros. Os laços que o unem são muitas vezes mais frouxos do que aqueles que unem os outros membros que ali estão desde o seu nascimento (MORAES FILHO, 1983, p. 184-185).
Por que as pessoas migram? Segundo Klein, migrar, na maioria das vezes, é uma questão de sobrevivência, quando já não é possível sobreviver no local de origem. Como essa explicação é muito geral e insuficiente para responder à indagação inicial, o autor continua explicando as razões possíveis de migração, ligadas à perseguição ou a razões econômicas.
Mas perseguição do quê? De quem? Perseguição religiosa; de nacionalidade; do genocídio dos armênios; o fato de que muitos vieram para cá para fugir de perseguições. Isso ocorreu com muitos judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Há também outros grupos que fugiram de guerras que assolavam o seu país, como é o caso de muitos libaneses que vieram para o Brasil.
Muitas vezes, o aspecto mais importante é o econômico. Há três fatores dominantes: 1. Acesso à terra; 2. A variação da produtividade da terra; 3. O número de membros da família que precisam ser sustentados.
No Brasil, até 1850, mais importante do que a imigração estrangeira espontânea na composição do povo brasileiro foi a chegada forçada de milhões de africanos. O perfil da imigração no nosso país variou com o passar do tempo: até 1880 os imigrantes, na sua maioria, vinham do Norte da Europa e, a partir dessa data, a predominância foi de europeus do Leste e do Sul.
A Primeira Guerra Mundial deteve temporariamente grande parte do fluxo de imigrantes para a América. Mas, depois da Segunda Guerra Mundial, já na década de 1950, outra leva de imigrantes ocorreu. Nesse período, o perfil da maioria era bem diferente do anterior. Se até o início do século XX vieram trabalhadores pouco qualificados, agora era a vez dos qualificados. Essa imigração durou mais ou menos duas décadas e meia, até o momento em que os salários no mercado europeu começaram a suplantar os que eram pagos aqui. Além da imigração, não é possível esquecer a migração maciça de nordestinos e nortistas, principalmente para a região Sudeste do Brasil.
Hoje – mais uma vez – o perfil do imigrante mudou. Não é mais o africano, nem o europeu quem chega, mas sim os asiáticos, principalmente chineses e sul-coreanos, e latino-americanos, sobretudo os bolivianos. Os asiáticos, na maioria das vezes, vêm para trabalhar no comércio, e os bolivianos, na indústria.
Por que muitos ficam e não voltam? Não é fácil dar uma resposta a essa indagação, mas algumas possíveis respostas podem ser (KLEIN, 2000, p. 28):
ü  Muitos ficaram, pois não conseguiram ganhar todo o dinheiro que imaginaram;
ü  Outros foram bem sucedidos em seus negócios, o que dificultou a volta ao país de origem, a não ser a passeio;
ü  Outros se casaram com brasileiros e acabaram perdendo contato com suas origens;  
ü  Houve ainda quem, desde o início, não queria mais voltar e fez de tudo para aqui ficar.
Todos esses imigrantes sofreram preconceito, mas nenhum grupo sofreu tanto quanto os africanos e seus descendentes. O preconceito racial isolou-os e não permitiu sua ascensão no mercado de trabalho. Mesmo para exercer trabalhos não qualificados, os negros livres sofriam discriminação e não conseguiam competir com os imigrantes, que, às vezes, não eram tão qualificados.
LEITURA DO TEXTO 1 - Por que as pessoas migram? Leitura das letras das Músicas italiana e alemã TEXTO 2 - Esse era o imaginário.
Após a leitura deste texto e dos textos citados acima que se encontram no caderno do aluno, respondam as seguintes questões:
1.       Explique o significado das palavras: Emigrar; Imigrar; Migrar.
2.       Quais foram os pontos importantes da análise de Simmel?
3.       Explique o primeiro ponto importante da análise de Simmel.
4.       Segundo Klein, por que as pessoas migram?
5.       Por que vocês acham que ocorre a emigração, a migração e a imigração? Por que sair de seu País, Estado ou Cidade e ir para outro?
6.       Em sua opinião, por que os imigrantes escolheram o Brasil? Por que vocês acham que ocorre a migração interna? E por que escolher o Estado de São Paulo?
7.       Segundo KLEIN, quais são os três fatores dominantes causadores da  migração? Explique.
8.       Qual era o imaginário a respeito da América que prevalecia na Europa desde o século XVI e que, a partir de meados do século XIX, serviu de atrativo para grandes parcelas da população camponesa de vários países europeus?
9.       Em linhas gerais, quais fatores podemos apontar como causas para grandes parcelas da população camponesa de vários países europeus migrarem para a América?
10.   Por que o perfil da imigração no nosso país variou com o passar do tempo?
11.   Por que muitos ficam e não voltam?

Prof. Manoelito



S3 SOCIOLOGIA 2ª SÉRIE 1º BIMESTRE
TENSÕES NA FORMAÇÃO DA DIVERSIDADE – PARTE 1
O objetivo desta Situação de Aprendizagem é refletir sobre as tensões que podem ser geradas entre os novos e os velhos habitantes de uma localidade na composição da diversidade. A ideia é promover uma reflexão a respeito de alguns conceitos importantes para aprofundar o tema da diversidade, como aculturação e assimilação. E a relação entre estabelecidos e outsiders.
Tais noções são fundamentais na análise das tensões decorrentes da formação da diversidade, pois a inserção de novos atores na realidade social nem sempre se dá de forma tranquila.
Os conceitos de aculturação e assimilação
O termo “aculturação” foi criado em 1880 por um antropólogo chamado J. W. Powell para designar as transformações dos modos de vida e pensamento dos imigrantes em contato com a sociedade estadunidense (CUCHE, 2002, p. 114).
A aculturação não significa “deculturação” simplesmente. Pois o “a” no início da palavra não pressupõe “falta de” ou “privação”, como ocorre com outras palavras. Por exemplo: amorfo, sem forma, ou amoral, que significa alguém que não tem moral. Não é esse o caso da palavra aculturação. O “a” no início da palavra vem etimologicamente do latim ad, que indica um movimento de aproximação.
Com o passar do tempo, a palavra se transformou em conceito para explicar o contato entre diferentes povos. E a partir de então o termo ganha outra significação: “A aculturação é o conjunto de fenômenos que resultam de um contato contínuo e direto entre grupos de indivíduos de culturas diferentes e que provocam mudanças nos modelos (patterns) culturais iniciais de um ou dos dois grupos. ”
A aculturação, portanto: Não é necessariamente sinônimo de mudança cultural; não é apenas difusão de traços culturais; não pode ser confundida com assimilação.
A aculturação não é necessariamente sinônimo de mudança cultural. Toda cultura muda. Não há cultura que permaneça estática, que não se transforme, pois, a cultura é um eterno processo. E a mudança cultural é parte de toda cultura. Entretanto, algumas mudam mais rápido, outras mais devagar. Muitos grupos indígenas, segundo o senso comum, dão a impressão de não mudar. Mas isso ocorre, nós é que não os conhecemos direito.
As culturas mudam não só devido a causas externas, isto é, elas não mudam apenas pelo contato com outras culturas, mas também devido a fatores internos à própria cultura. E se a aculturação vem do contato com outros povos, confundi-la com mudança cultural é deixar de lado uma parte da mudança cultural que é a transformação por fatores internos à própria cultura.
A aculturação não é somente a difusão de traços culturais. Pois ela é um processo maior e mais complexo do que tal difusão, que pode ocorrer sem que povos entrem em contato direto entre si (por exemplo, por meio de livros, revistas, filmes etc.). A aculturação pressupõe justamente o contato direto de pessoas de diferentes grupos.
A aculturação não pode ser confundida com assimilação. Povos aculturados não são necessariamente assimilados, pois nem todo processo de aculturação resulta na assimilação total de um grupo por outro: não se pode confundir aculturação e “assimilação”. “A assimilação deve ser compreendida como a última fase da aculturação, fase aliás raramente atingida. Ela implica o desaparecimento total da cultura de origem de um grupo e na interiorização completa da cultura do grupo dominante”. De fato, a assimilação seria a última etapa de todo o processo de aculturação devido ao contato de dois grupos, pois implica o fim da cultura de um dos grupos, uma vez que a cultura do segundo grupo é totalmente assimilada pelo primeiro. Ora, a assimilação total de um grupo por outro é algo muito difícil de ocorrer. E, assim, a aculturação, na grande maioria das vezes, não provoca o fim de uma das culturas. Na verdade, em geral, ambos os grupos se modificam. É verdade que as modificações costumam ser maiores em um grupo do que no outro. Os novos costumes, ou características, são sempre internalizados de acordo com a sua lógica interna. Apesar das modificações, a lógica interna permanece com frequência. Com isso, mantém-se a forma de raciocinar do grupo. É verdade também que, às vezes, as mudanças são tão intensas que um dos grupos pode realmente acabar.
De qualquer forma, praticamente não há cultura que não se modifique pelo contato com outra. O que significa que o processo de aculturação quase sempre se dá dos dois lados. É por isso também que há autores que criticam a ideia de aculturação porque ela parece não dar conta de que o processo é recíproco, mesmo que raras vezes seja simétrico. Normalmente é um processo assimétrico. Uma cultura quase sempre se transforma mais do que a outra, visto que elas não estão em pé de igualdade.
Na Era Vargas, os estrangeiros aqui residentes foram proibidos de falar suas línguas de origem, seus jornais foram fechados e muitos locais tiveram que mudar seus nomes. Durante esse período, os estrangeiros que aqui viviam foram forçados a passar por um processo de assimilação da cultura brasileira. Isso ocorreu mais intensamente com os alemães e japoneses, pois o Brasil estava em guerra com esses países.
1.      Por quem e para que o termo “aculturação” foi criado?
2.      O que é aculturação?
3.      Por que a aculturação não é somente a difusão de traços culturais?
4.      Por que a aculturação não pode ser confundida com assimilação?
5.      Explique Assimilação.
Prof. Manoelito



S3 SOCIOLOGIA 2ª SÉRIE 1º BIMESTRE
TENSÕES NA FORMAÇÃO DA DIVERSIDADE – PARTE 2
A relação entre estabelecidos e outsiders
A noção da relação entre “estabelecidos” e “outsiders” foi cunhada pelo sociólogo Norbert Elias (18971990) no livro Os estabelecidos e os outsiders, no qual ele estabelece a análise das tensões ocorridas na pequena cidade de Winston Parva (nome fictício), na Inglaterra. É importante compreender e refletir não apenas sobre a pequena Winston Parva, mas a pensar o Brasil e algumas das tensões que aqui existem.
Norbert Elias nasceu na cidade de Breslau, em 1897, na antiga Alemanha. Atualmente a cidade chama-se Wroclaw e fica na Polônia (mudança ocorrida depois da Segunda Guerra Mundial). Elias, portanto, se considerava alemão e Breslau, uma cidade alemã; era filho de judeus. Primeiro estudou Medicina, depois Filosofia e, por fim, interessou-se pela Sociologia. Com os ânimos exaltados na Alemanha e a Segunda Guerra Mundial quase começando, foi para a Inglaterra com medo das perseguições que já ocorriam na Alemanha; seu primeiro livro foi publicado em 1938 e passou os trinta anos seguintes esquecido; Elias viajou por vários países, tendo morado até na África, onde lecionou na Universidade de Gana; ele sempre foi um outsider na Academia. Ou seja, sofreu preconceito e só conseguiu o reconhecimento pela sua obra tardiamente, quando beirava os setenta anos. Não foi à toa que ele se interessou por tal tema, pois também foi um  outsider em alguns momentos de sua vida.
Publicado pela primeira vez em 1965. Os estabelecidos e os outsiders foi escrito em parceria com John L. Scotson. Nele, Elias faz uma análise das tensões entre dois grupos na pequena Winston Parva. A princípio, seu estudo era sobre os diferentes níveis de delinquência encontrados entre o lado mais novo da cidade e o antigo. Mas, no decorrer da pesquisa, ele mudou seu objeto para as relações entre os bairros. Sua decisão de mudar de objeto se mostrou acertada, pois as diferenças entre os níveis de delinquência praticamente acabaram no terceiro ano da pesquisa. O bairro mais antigo, contudo, continuava a ver a nova área como local de delinquência. Elias verificou que naquela pequena localidade era possível encontrar um tema universal: como um grupo estabelecido estigmatiza um outro grupo tratando-o como outsider.
O termo outsider não tem uma tradução muito fácil para a língua portuguesa. Literalmente, significa “de fora”, ou seja, alguém que veio de outro lugar e não é membro original de um grupo, não se encaixa muito bem nele. Mas dizer em português que alguém é um “de fora” soa um tanto estranho aos nossos ouvidos. É por isso que o termo não é traduzido e usa-se a expressão em inglês. Na obra Os estabelecidos e os outsiders, Norbert Elias aplica a categoria “outsider” para referir-se aos habitantes mais novos de Winston Parva. No entanto, utiliza também para designar de forma geral os grupos que detêm menos poder. Em contraposição à categoria de “outsider”, Elias denomina os antigos moradores da cidade de “estabelecidos”, que também aplica para designar os grupos que detêm mais poder.”
Os estabelecidos consideram-se humanamente superiores. Isto é, os grupos poderosos veem-se como pessoas melhores. A inferioridade de poder é vista como inferioridade humana, e por isso recusam-se a ter qualquer contato maior com os outsiders que não seja o meramente profissional. Isso ocorre porque os estabelecidos acreditam que são dotados do que Elias chama de “uma espécie de carisma grupal”, um tipo de qualidade que faltaria aos outsiders.
A relação entre estabelecidos e outsiders normalmente é explicada como resultado de diferenças raciais, étnicas ou religiosas, mas em Winston Parva os grupos não diferiam entre si pela nacionalidade, ascendência étnica, cor ou tipo de ocupação. Logo, o que estava em jogo naquela pequena cidade e o que está em jogo numa relação entre estabelecidos e outsiders não é a diferença de cor, religião, ou qualquer outra entre os grupos, mas sim a diferença de poder.
Elias mostrou que o problema não está nessas características que podem diferenciar os grupos, mas no fato de que uns grupos têm mais poder e acham que por isso são melhores do que os outros. Os grupos detentores de mais poder usam essas diferenças porque se veem como superiores. A questão é a diferença no equilíbrio de poder entre eles. Ou seja, em última instância, não é a cor, a religião, a nacionalidade etc., que faz um grupo ver outro como inferior, e sim o fato de que eles detêm maior poder e, assim, usam esses fatores como justificativa para manter esse poder. Isso tanto pode ser feito de forma inconsciente quanto consciente. Ou seja, um grupo pode manipular as características de outro de forma negativa a seu favor, de propósito, como pode fazer isso de forma inconsciente.
No caso da cidade estudada por Elias, a única diferença entre as duas áreas era o tempo de residência: um grupo estava lá havia duas ou três gerações e o outro chegara recentemente. A superioridade não tinha a ver com poder militar ou econômico, mas com o alto grau de coesão das famílias (ELIAS; SCOTSON, 2000. p. 22).
Desta forma, eles conseguiam se organizar para obter os melhores cargos nas organizações locais, como no conselho, na escola e no clube e, assim, excluíam os outros que não tinham coesão entre si. A coesão de um grupo está relacionada ao grau de integração do grupo. Os moradores mais antigos eram, portanto, profundamente integrados. O que levava a essa integração era a aceitação quase irrestrita das regras do grupo. Ou seja, grupos coesos são aqueles nos quais seus participantes aceitam quase que totalmente as regras do grupo ao qual pertencem. Elias então percebeu que o grau de coesão de um grupo interfere nas relações de poder entre esse grupo e o resto da sociedade. Pois um grupo coeso pode atingir seus objetivos de forma muito mais rápida e eficaz do que aquele cujo grau de integração é menor.
O grupo outsider é muitas vezes estigmatizado: O que significa dizer que um grupo é estigmatizado por outro? Isso ocorre devido ao grande desequilíbrio de poder. Um grupo só consegue estigmatizar outro quando as relações de poder tendem claramente para o seu lado. Isso expressa o fato de que o equilíbrio de poder entre os grupos é muito instável – afinal, um deles precisa deter muito mais poder do que o outro para ser capaz de estigmatizá-lo, e assim dizer que o outro tem “valor humano” inferior como forma de manter sua superioridade (ELIAS; SCOTSON,  2000, p. 24). Isso só muda quando há alteração no equilíbrio de poder entre os grupos. Mas o estigma não pode ser confundido com o preconceito, pois a questão não é individual, e sim social, ou seja, há diferença entre preconceito individual e estigmatização grupal. A estigmatização é um processo social. Em Winston Parva as pessoas eram estigmatizadas não pelas suas qualidades ou defeitos individuais, mas por serem membros de um grupo malvisto, considerado coletivamente inferior. O grupo dos estabelecidos da cidade havia desenvolvido um estilo de vida e um conjunto de normas partilhadas pelos seus membros, mas tais normas eram desconhecidas pelos moradores da parte nova da cidade.
Infelizmente, no nosso país, o morador da favela com frequência é estigmatizado pela sociedade. Muitos acham que todos os que moram na favela são ladrões ou pessoas que não querem trabalhar, entre outras características negativas. Com base nesse estigma, muitas vezes o termo “favelado” é usado como forma de xingamento, e não apenas para designar quem mora na favela. É usado entre não favelados para a desqualificação do outro, qualquer que seja ele, favelado ou não. Trata-se do que Elias chama de “desonra grupal”. Com isso, as pessoas que moram na favela são sistematicamente depreciadas sem ao menos ter chance de mostrar que não se enquadram nesse triste estereótipo – podem, por exemplo, perder oportunidades de emprego por conta disso, – pelo simples fato de pertencerem a um grupo estigmatizado.
O texto de Norbert Elias não ajuda apenas a compreender as tensões na pequena cidade de Winston Parva; ele é relevante para que possamos entender as tensões da nossa sociedade, do nosso país e mesmo do nosso bairro. Ele nos ajuda a refletir sobre questões e tensões presentes entre nós, brasileiros, da mesma forma que pode nos auxiliar, na compreensão das tensões que ocorrem em outros países ou momentos históricos. O texto sobre as relações entre os estabelecidos e os outsiders promove a compreensão e a reflexão sobre as relações sociais de uma forma geral.
1.       Qual foi a análise feito por Norbert Elias em parceria com John L. Scotson, no livro os estabelecidos e os outsiders?
2.       Explique os termos: Outsiders e estabelecidos.
3.       Porque os estabelecidos consideram-se humanamente superiores?
4.       O que está em jogo numa relação entre estabelecidos e outsiders?
5.       Quando um grupo consegue estigmatizar o outro?
6.       Por que o estigma não pode ser confundido com o preconceito?
7.       De exemplo de pessoas, no Brasil que com frequência são estigmatizadas pela sociedade.
8.       Em que o texto de Norbert Elias pode nos ajudar?


Prof. Manoelito



S4 SOCIOLOGIA 2ª SÉRIE 1º BIMESTRE
Diversidade social brasileira
Análise de imagens, tabelas e textos
O objetivo desta análise é fazer com que o aluno passe a ter maior consciência da diversidade social brasileira. Para isso, vamos analisar os dados, inicialmente do Brasil, depois das regiões do país e, por fim, do município. Faca comentários sobre o seu entendimento.
1. Analise as imagens e reflita sobre os dados das tabelas referentes às condições de vida da população brasileira.
a) Rendimento – Famílias por classes de rendimento médio familiar per capita (%).
b) Educação – Taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade por sexo (%).
c) Saneamento e luz elétrica – Domicílios por condição de saneamento e luz elétrica (%).

2. Analise os textos:
a) Texto 1 - Salário de pobre sobe mais que o de rico, mas diferença ainda é de 87 vezes.
b) Texto 2 - Pnad: (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). Taxa de analfabetismo cai no país, mas atinge 9,1% da população com mais de 18 anos.
Trabalho: Pesquisar dados sobre os indicadores sociais analisados relativos à cidade de Praia Grande.  Obs. (Manuscrito)


Prof. Manoelito

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