O
objetivo é discutir as diferenças sociais entre homens e mulheres e atualizar o
debate acerca das questões de gênero. Nesse contexto, iremos abordar alguns
aspectos do pensamento de 0lympe de Gouges, Simone de Beauvoir e Michel
Foucault. Quais são as semelhanças e diferenças entre homens e mulheres na
atualidade? Há consequências práticas para essas semelhanças e diferenças em
termos de papéis assumidos na sociedade? Os papéis sociais assumidos por homens
e mulheres sempre foram os mesmos? É possível observar mudanças no decorrer da
história?
Filosofia e gênero - Para melhor
entender esse tema, façam a leitura dos dois fragmentos de textos propostos a
seguir: Texto 1 – Filosofia e gênero e
Texto 2 – Decálogo da esposa. O primeiro fragmento faz parte de uma obra
publicada pela Coordenadoria da Mulher do município de São Paulo. Nele, Alicia
H. Puleo problematiza as posições dos filósofos Jean-Jacques Rousseau e
Immanuel Kant no que se refere às diferenças entre homens e mulheres; para
esses pensadores, o livre desenvolvimento e a autonomia tinham sentido apenas
para os homens e não para as mulheres. O segundo fragmento foi extraído da obra
História da vida privada no Brasil. Ele apresenta alguns pontos do Decálogo da
Esposa, publicado na Revista Feminina, em 1924, mas acreditamos que vale a pena
ler todos os itens na obra citada. Esse fragmento ilustra a perspectiva de uma
revista feminina que, em pleno século XX, procura atrelar a “satisfação de ser
mulher” ao “sucesso” no casamento, deixando entender que esse suposto “sucesso”
deriva da submissão da mulher ao homem.
Vemos
cotidianamente as mulheres ocupando os mesmos postos que os homens, podemos
pensar que essa condição das mulheres de submissão aos homens já foi superada,
pois não faltam evidências que mostram que as mulheres saíram da esfera do lar
e da dependência do casamento, por exemplo, para atuar em profissões e postos
tradicionalmente ocupados por homens. Podemos lembrar que, hoje, há mulheres
trabalhando na construção civil, compondo a força policial civil e militar,
dirigindo ônibus e caminhões, liderando empresas, exercendo cargos públicos e
políticos nas esferas legislativa e executiva etc. São inúmeros exemplos que
podemos dar para ilustrar que as mulheres saíram da esfera do lar e ganharam a
esfera pública. Contudo, observar as mulheres ocupando os mesmos espaços dos
homens não é suficiente para entender as diferenças que ainda permanecem entre
homens e mulheres.
Certamente,
já ouvimos nos noticiários de televisão que as mulheres que exercem as mesmas
funções dos homens, em geral, ganham menos; que as mulheres ainda são vítimas
de violência doméstica; que as meninas ainda são as mais lembradas quando se
trata de aprender a executar trabalhos domésticos. Ou seja, a perspectiva de
atrelar as mulheres a condição inferior e ao espaço doméstico ainda
persiste. Podemos citar como exemplo as
revistas femininas que priorizam pautas voltadas para decoração da casa, saúde
da família – mais especificamente o cuidado com os filhos –, culinária, moda e
beleza. Há revistas femininas cujos editoriais e seções dão dicas para as
relações com seus namorados e maridos, indicando comportamentos adequados para
melhorar relacionamentos. Há, ainda, dicas para utilizar melhor o dinheiro e
conselhos para “evoluir” na carreira profissional, uma vez que, no mundo
contemporâneo, as mulheres passaram a acumular funções – são mães e esposas,
devem ser profissionais de sucesso e ter independência financeira. Quem nunca
ouviu falar de “tripla jornada de trabalho” Além das atribuições próprias do
desempenho da profissão, as mulheres, em geral, ainda arcam com a
responsabilidade pela organização e pelo funcionamento da casa, pelo
planejamento, além do acompanhamento da educação dos filhos.
Dessa
forma, podemos notar que a maioria das questões relativas ao lar e à criação
dos filhos é de responsabilidade das mulheres, mesmo considerando as mudanças
ocorridas em relação ao modelo tradicional que colocava mulheres e homens em
espaços distintos. Há diferentes discursos e práticas que fomentam uma
disposição quase “natural” para atividades e funções para homens e mulheres na
sociedade. Apesar das significativas mudanças pelas quais passou a nossa
sociedade, inclusive nas relações entre homens e mulheres, alguns padrões e
expectativas acerca do que é normal e apropriado ainda persistem. A perspectiva
de mulher submissa encontrou oposição em diferentes momentos da história. Nesse
sentido, podemos observar que os contemporâneos de Rousseau, como o filósofo
iluminista francês, Jean Le Rond D’Alembert, opunham-se à posição dele e que,
principalmente, as mulheres não foram tão submissas quanto se pode pensar.
Dessa forma, podemos afirmar que a condição de submissão nunca foi plenamente
aceita e que, historicamente, mulheres se destacaram na luta pela igualdade e
pela condição de cidadania. Essa posição pode ser observada no texto
reproduzido no Caderno do Aluno. Trata-se da conclusão da Declaração dos
Direitos da Mulher e da Cidadã, redigida pela jornalista e historiadora
feminista 0lympe de Gouges (1748-1793) em resposta à Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão. Gouges defendia a ação política que garantisse liberdade
para todos e, portanto, defendia a libertação das mulheres e dos escravos das
colônias francesas. Por conta de suas ideias, ela morreu guilhotinada.
Essa
declaração é contemporânea à publicação do Emílio (1762), de Rousseau. Ou seja,
a época de Rousseau conheceu posturas e ideias de libertação e de igualdade
entre homens e mulheres. Gouges não estava sozinha na sua posição. D’Alembert
atentou para a postura de Rousseau em relação à educação das mulheres, e lhe
dirigiu severa crítica. Dessa forma, não é possível pensar que Rousseau, assim
como Kant, não podem ser julgados pelas suas posturas em relação às mulheres
porque estavam presos a um contexto histórico. Segundo Puleo (2004); “Não eram
sexistas porque ‘não conheciam nenhuma mulher inteligente. O eram justamente
porque se opunham às reivindicações de igualdade de outros pensadores e
pensadoras de sua época. Suas teorias eram a reação frente às demandas de
mudança social”.
Funções sociais de homens e mulheres - O ensaio filosófico
“O segundo sexo”, de Simone de Beauvoir, publicado em 1949, faz uma análise do
papel da mulher na sociedade, negando concepções e estudos que discorrem sobre
uma essência feminina. Para a autora, a condição da mulher é uma escolha dos
homens apoiada pela submissão das mulheres, que devem assumir a
responsabilidade de mudar a situação de submissão, pois são seres livres que
apenas por escolha própria ficarão submetidas ao preconceito social. A Única
libertação possível das mulheres virá da política, isto é, da união das próprias
mulheres. Elas precisam reunir-se, reconhecer seus problemas, partilhar ideias;
em outras palavras, precisam lutar juntas. Não há como ser diferente, pois não
se pode esperar que todos os homens abram mão dos seus privilégios pelas mulheres.
Para a filósofa, não se trata de colocar as mulheres contra os homens, mas de
colocá-las contra o machismo, contra as situações de opressão. A partir do texto sobre o Segundo
sexo, de Simone de Beauvoir, podemos considerar que não existe uma motivação
natural que possa determinar os papéis de homens e mulheres na sociedade.
Podemos afirmar que as ideias de Simone de Beauvoir encontram respaldo na
história de diferentes povos e nas histórias das sociedades ocidentais. A
história tem demonstrado que as funções de homens e mulheres têm mudado com o
tempo. Elas não são naturais, não há uma essência feminina ou masculina. Tudo
isso é um posicionamento para
controlar a vida das pessoas. Na maioria das sociedades ocidentais, os meninos
têm de ser sempre fortes; e as meninas, sensíveis.
Segundo
o filósofo francês Michel Foucault, a determinação do que é certo, errado,
normal e anormal no âmbito do sexo, do gênero e da sexualidade está relacionada
com classificações fundadas em identificações e diferenciações que não são
naturais, mas criadas por convenção social para melhor controlar as populações.
Essas classificações foram engendradas e perpetuadas por meio de diferentes mecanismos
do poder, entre eles; a produção de saberes e o estabelecimento de disciplinas
e discursos que nos fornecem determinado modo de ver o mundo e as relações
humanas.
1.
O
que sustenta Rousseau, no livro “V” de Emílio?
2.
Sobre
o desenvolvimento das crianças, o que propõe Rousseau para Emílio, e para
Sofia?
3.
O
que sustenta Kant, com relação as mulheres?
4.
Destaque
um item do decálogo que você concorda ou discorda e justifique.
5.
O
que podemos afirmar, com relação a condição de submissão da mulher?
6.
Quem
e por que o autor (a) escreveu a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã?
7.
Por
que, para Simone de Beauvoir, ninguém nasce mulher, torna-se mulher. Explique.
8.
Para
Simone de Beauvoir, qual a condição da mulher?
9.
Explique
qual a única libertação possível, segundo a autora?
10.
O
que afirma o filosofo Michel Foucault?
11.
O
que tem demonstrado a história sobre as funções de homens e mulheres?
12.
Pesquisar
a (Lei Maria da Penha) e apontar o artigo que você considera mais importante.
13.
Responder
o caderno do aluno da página 19 a 24
Prof. Manoelito
Cadê as respostas?
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